Hedgepoint analisa mercados de óleo de soja e de palma

Os Estados Unidos exportaram 397 mil toneladas de óleo de soja, superando a previsão de 272 mil toneladas do WASDE. A partir de janeiro de 2025, a Indonésia planeja aumentar a mistura obrigatória de biodiesel de 35% para 40%. Chuvas intensas e enchentes severas, as piores em 20 anos, impactaram a produção de óleo de palma na Malásia. Confria a análise completa da Hedgepoint Global Markets sobre os fundos no complexo de soja (grãos, farelo e óleo). 

Óleo de Soja nos EUA

Os Estados Unidos exportaram 397 mil toneladas de óleo de soja até agora, superando as 272 mil toneladas previstas pelo WASDE, o que reduziu os estoques ao nível mais baixo desde 2012/13. 

“No mês de outubro, foi registrado um volume recorde de 5,87 milhões de toneladas esmagadas (acréscimo de 7,1% em relação a 2022), com expectativas de números elevados em novembro e dezembro. Já o óleo de soja está sendo negociado em seu maior spread em relação ao óleo de palma, impulsionando o mercado à vista e incentivando vendas”, diz Ignacio Espinola, analista sênior de Grãos da Hedgepoint Global Markets.

Indonésia e Biodiesel B40

A partir de 1º de janeiro de 2025, a Indonésia planeja elevar a mistura de biodiesel de 35% para 40%, aumentando o consumo de óleo de palma de 11 milhões para 13,9 milhões de toneladas anuais. O imposto de exportação do óleo de palma bruto (CPO) foi elevado de 124 USD/Mt para 178 USD/Mt, sustentando os preços.

O aumento para a mistura B40 permitirá que o país reduza as emissões de dióxido de carbono em aproximadamente 40 milhões de toneladas métricas.

“Atualmente, a Indonésia consome 11 milhões de toneladas de óleo de palma para o programa B35, e a elevação de 5% no percentual de biodiesel deve adicionar 2,9 milhões de toneladas ao consumo anual, totalizando 13,9 milhões de toneladas por ano”, destaca o analista.

Ainda, o imposto de exportação do óleo de palma bruto (CPO) foi elevado de 124 USD/Mt para 178 USD/Mt pelo governo, sustentando os preços.

Óleo de palma na Malásia

Chuvas intensas e as mais graves enchentes dos últimos 20 anos, em especial na costa leste e na parte norte da Malásia peninsular, afetam a produção, contrastando com exportações recordes em novembro.

“Estoques locais devem se apertar, especialmente antes da baixa temporada de produção (janeiro-março). Além disso, a força do índice DXY é outro fator que tem dado suporte aos preços do óleo de palma, que são negociados na Bursa Malaysia Derivatives Exchange em ringgit, a moeda local”, observa.

O óleo de soja tem sido o mais barato entre os óleos vegetais nos últimos três meses. O spread de preços entre os dois óleos atingiu o maior nível em 40 anos, incentivando a substituição do óleo de palma pelo de soja.

O gráfico abaixo mostra o movimento de preços entre o óleo de palma e o óleo de soja em três mercados diferentes: Bolsas de Chicago, Malásia e China.

Complexo de soja e atividade dos fundos

A tendência de baixa do complexo de soja tem sido impactada pelo dólar forte (índice DXY), expectativas de bom clima e recorde de produção na América do Sul em 2024/25 e temor de novas tarifas comerciais dos EUA sobre a China.

“Os fundos de soja aumentaram as posições vendidas de 70 mil para 90 mil contratos, atingindo um dos níveis mais baixos da faixa média dos últimos 5 anos, mas ainda distantes do recorde de 195 mil contratos. Entre os relatórios de 19 e 26 de novembro (COT), o preço à vista dos futuros da soja caiu 15 centavos de dólar por bushel (-2%)”, aponta.

Em relação aos fundos de farelo de soja, houve elevação de suas posições vendidas para 82 mil contratos, aproximando-se do nível mais baixo dos últimos 10 anos (86 mil contratos) e bem abaixo da média dos últimos 5 anos.

“Apesar desse aumento nas posições vendidas, o impacto nos preços foi limitado: o contrato futuro à vista caiu apenas 0,5 dólar por tonelada curta no período entre os dois últimos relatórios COT, representando uma leve redução de 0,2%”, indica.

Para o óleo de soja, as posições vendidas dos fundos subiram de 6 mil para 24 mil contratos, situando-se perto do menor patamar dos últimos 5 anos, mas ainda longe do nível mais baixo dos últimos 10 anos (114 mil contratos). “O contrato futuro de óleo de soja para dezembro na CBOT apresentou uma queda significativa de 2,25 centavos de dólar por libra-peso, equivalente a uma desvalorização de 5%”, analisa.