Tribunal de Justiça da União Europeia decide caso evolvendo neonicotinoides
A avaliação refere-se à possibilidade de os estados-membros estabelecerem autorizações temporárias para pesticidas
A Fundação MT acaba de confirmar por meio do seu laboratório de fitopatologia, mais focos de ferrugem asiática (causada por Phakopsora pachyrhizi) em lavoura comercial. Desta vez em Itiquira, sul do estado. Chamou a atenção dos pesquisadores a severidade observada desta vez em áreas plantadas no início da janela de semeadura.
“Outro detalhe muito importante é que encontramos foco da doença em soja plantada na primeira quinzena de outubro. Nessa região temos ainda soja semeada na segunda quinzena de outubro e novembro. Ou seja, soja um mês mais nova do que a lavoura que confirmamos a Ferrugem”, explica Mônica Müller, doutora e pesquisadora de fitopatologia e biológicos da Fundação MT.
A preocupação, segundo ela, é que essa soja plantada mais tardiamente vai receber uma pressão da doença muito maior. “Historicamente encontramos focos nesse município, mas em semeaduras mais tardias, ou seja, da segunda quinzena de outubro e primeira de novembro”, completa.
A alta ocorrência de chuvas é o principal motivo que levou a soja mais nova a já estar infectada, já que este cenário é extremamente propício à doença. “Viemos de um período anterior mais seco, em que o produtor controlava melhor a sanidade da lavoura, e logo depois passamos para grande volume de precipitações”, diz a pesquisadora.
Outro problema trazido pelo excesso de chuvas é a eficácia dos fungicidas para o controle da Ferrugem-asiática, que com a água em grande quantidade pode ser mais facilmente "lavado" e não alcançar o objetivo. “Com período chuvoso é mais difícil até para o produtor entrar na lavoura com maquinário, encontrando um recesso das chuvas, com tempo mais seco, sem vento, para fazer a aplicação correta do produto", salienta a pesquisadora.
Encontrei Ferrugem-asiática na lavoura, e agora? A primeira orientação é para que o agricultor não deixe de fazer nenhuma aplicação de fungicida, mantenha todas as aplicações programadas, e se necessário adicione uma aplicação, fazendo assim uma cobertura até o final do ciclo da soja.
Outro ponto importante é o cuidado com a fitotoxidez. É preciso cautela com as misturas que serão feitas, já que a soja está em um momento mais sensível.
“Vale ressaltar que não recomendamos começar agora aplicações sequenciais com uma carga grande de produto em intervalos pequenos, de três, cinco ou sete dias. O fungicida vai funcionar preventivamente, na maior parte dos casos, então a aplicação é feita para evitar novas infecções da doença e intervalos de aplicação muito curtos podem gerar uma sobrecarga de produto na planta”, aponta a fitopatologista.
As chuvas continuam no Sul de Mato Grosso e Mônica lembra que a doença consegue fazer um novo ciclo em sete dias, e assim liberar novos esporos e além disso, coincidindo com o período de início de colheita na região.
“Parte dos produtores deve intensificar a colheita nos próximos dias, no final do mês, e com isso a doença vai se disseminar muito mais facilmente. A Ferrugem presente nessas lavouras, com o vento, vai acabar se deslocando para áreas próximas, aumentando os inóculos em áreas que foram semeadas no final de outubro e novembro. Então agora é hora de ter cautela e ficar ainda mais em alerta”, reforça.
A Fundação MT através da equipe de Fitopatologia e Biológicos, composta por Mônica Müller, Karla Kudlawiec e João Paulo Ascari, acompanham de perto o cenário e trazem notícias atualizadas nos eventos da Fundação MT e rede sociais, entre em contato.
• Estrobilurinas no controle (2022);
• Medidas essenciais contra a ferrugem asiática em soja (2020);
• Desafios da ferrugem-asiática na safra (2018);
• Resistência da ferrugem asiática à aplicação de defensivos (2016);
• Controle químico da ferrugem asiática em soja (2015).
A ferrugem asiática foi tema de nossa capa em julho de 2002 (revista Cultivar Grandes Culturas nº 41). Em artigo, o falecido pesquisador José Tadashi Yorinori (Embrapa Soja) e o pesquisador Wilfrido Morel Paiva (Cria/Paraguai), escreveram:
"A ferrugem da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, foi identificada pela primeira vez no continente Americano, no dia 5 de março de 2001 (W. M. Paiva), na localidade de Pirapó (Itapúa), Paraguai.
Verificou-se, posteriormente, ao final dessa safra, que a doença já estava amplamente disseminada no Paraguai e no Estado do Paraná.
Na safra 2001/02, a doença atingiu todas as regiões produtoras de soja do Paraguai. Porém, em virtude da forte estiagem que atingiu o país, não houve perdas econômicas.
No Brasil, a doença foi constatada nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso.
Os municípios mais atingidos foram: Passo Fundo, Cruz Alta e Cruzaltinha (RS); Ortigueira, Ponta Grossa, Guarapuava (PR); Chapadão do Sul, Costa Rica, São Gabriel D'Oeste (MS); Chapadão do Céu, Rio Verde, Jatai, Mineiros, Portelândia, Santa Rita do Araguai (GO); e Alto Taquari, Alto Araguai, Alto Garças (MT).
Perdas de rendimento para a lavoura, variando de 30% a 70%, foram registradas em Chapadão do Sul, Chapadão do Céu, Costa Rica, Alto Taquari e Cruzaltinha. Somente nos municípios de Chapadão do Sul, Costa Rica (MS) e Chapadão do Céu, que representam cerca de 220.000 ha de soja, estima-se perdas de 30% da produção (cerca de 59.281,4 toneladas -- a 50 sacos por hectare) ou o equivalente a US$ 13,00 milhões (US$ 220,50 por toneladas). Lavouras mais atingidas perderam até 70% (colhidos 840-900 kg/ha).
[...]
A expectativa é de que a ferrugem da soja venha a ser uma doença mais severa e permanente nas regiões altas dos Cerrados, onde há abundante formação de orvalho no verão. Ao longo dos anos, deverá ocorrer variações na intensidade da doença, porém por medida de segurança, é conveniente que o problema seja visto com a maior seriedade.
Portanto, recomenda-se especial atenção aos técnicos e produtores dessas regiões. Períodos quentes (acima de 30ºC) e de pouca umidade são desfavoráveis ao desenvolvimento da ferrugem. Porém, todo cuidado é pouco, até que se adquira mais conhecimento sobre essa doença".
Na sequência, avaliando a possiblidade de desenvolvimento de variedades resistentes, o professor Natal Antônio Vello (Esalq) apontou:
"A incorporação, na soja cultivada, de genes de resistência à ferrugem, presentes em espécies perenes, tem sido feita através de hibridação artificial, resgate de embrião e seleção para ser aprimorado por meio de isolamento dos genes de resistência através do uso de técnicas de biologia molecular, para utilização no processo de transformação de plantas.
Técnicas de biologia molecular também poderão contribuir para a caracterização de espécies de ferrugem e, principalmente, das diferentes raças do patógeno existentes em cada espécie. Uma caracterização eficiente de espécies e raças é fundamental para o monitoramento da população de pátogenos e, consequentemente, para o bom andamento dos programas de melhoramento".
No link abaixo é possível obter imagens dos artigos:
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