Macaúba para biodiesel: Epamig desenvolve pesquisa pioneira

25.01.2010 | 21:59 (UTC -3)

Pesquisa pioneira realizada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) estuda a cadeia produtiva da segunda maior planta produtora de óleo do mundo, a Macaúba.

O estudo é desenvolvido por meio do projeto “Emergência de arranjos produtivos de oleaginosas perenes, no Cerrado brasileiro: o caso da cadeia produtiva do biodiesel da macaúba no município de Montes Claros - MG”, aprovado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA)/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e coordenado pelo pesquisador da EPAMIG José Carlos Fialho.

A pesquisa tem por objetivo estudar a rentabilidade econômica e a produção de óleo da planta, além de prospectar futuras pesquisas e desenvolvimento de produtos nas diferentes etapas do processo produtivo. “Identificaremos os problemas nas áreas de colheita e armazenamento e, em seguida, repassaremos as informações para toda a cadeia produtiva. É uma grande oportunidade para os produtores avaliarem o custo – benefício da atividade” explica o pesquisador. Ele salienta também que essa pesquisa visa, principalmente, a utilização de óleo para biodiesel. “Montes Claros tem uma usina de biodiesel e a demanda por óleo é muito grande”, conclui.

Ele explica que existe pesquisa de identificação do maciço (principais áreas da macaubeira), mas da cadeia produtiva é o primeiro estudo. “Esse projeto dará também oportunidade para outros pesquisadores trabalharem com melhoramento, adubação e controle de pragas da planta”, ressalta. Para o extensionista da Emater-DF, Marcelo Mencarini, também participante do projeto, já é possível identificar, através de estudos iniciais, que o agroextrativismo ainda não tem estrutura logística de colheita, recolhimento e agrupamento dos frutos. Por isso, segundo ele, é preciso que os estudos abranjam também a sustentabilidade dessa atividade, do ponto de vista ambiental. “É necessário buscar alternativas para o agroextrativismo, como produção de mudas”, afirma.

O projeto teve início em fevereiro de 2009 com previsão para o relatório final em 2011. Segundo o pesquisador Fialho, já estão em elaboração projetos para continuidade do estudo da macaúba que serão enviados às fontes fomentadoras de pesquisa.

Beneficiamento do óleo

No Norte de Minas, a exploração em sistema extrativista acontece em pequena escala. Na comunidade do Riachão, na Zona Rural de Montes Claros, a Associação Comunitária dos Pequenos Produtores Rurais de Riacho Dantas e Adjacências, através da Unidade de Beneficiamento de Coco Macaúba (UBCM), extraem óleo de planta nativa. Criada com recursos do Programa de Combate à Pobreza Rural (PCPR), a UBCM conta com a participação de 42 produtores associados dos municípios de Montes Claros, Mirabela, Brasília de Minas e Coração de Jesus.

Segundo o presidente da Associação, Agnaldo Fonseca, são cerca de 200 famílias envolvidas na extração do óleo destinado a fabricação de sabão (devido à baixa qualidade do fruto catado do chão), e para cosméticos, feito com os frutos de melhor qualidade. Agnaldo disse que os produtores ainda não conseguem produzir óleo em grande escala e, portanto, não há como atender com regularidade a grande demanda da Petrobras. “Alguns produtores têm investido em produção de mudas, na tentativa de aumentar a oferta”, informa.

Na safra de 2009, o produtor rural de Mirabela, Arlindo do Amaral vendeu 316 caixas (20 kg), de coco macaúba, colhido em sua propriedade a R$ 5 cada. Ele aponta a colheita como um dos problemas da atividade. “Se houvesse uma forma melhor de colher, dava mais renda para o para o catador do coco, produtor rural e para o beneficiador do óleo”, opina.

O produtor disse que será preciso incentivo do governo para conseguir atender a usina de biodiesel da Petrobras. Ele também vê como necessária a produção de mudas em sua propriedade.

Produção de mudas

Na EPAMIG Triângulo e Alto Paranaíba, é desenvolvida pesquisa de produção de mudas de macaúba, coordenada por Maria Eugênia Lisei. Ela explica que os produtores já podem ter acesso a essas tecnologias geradas. “Estão disponíveis tecnologia, economicamente viável, de propagação por semente. O método é acessível ao produtor”, ressalta.

A pesquisadora afirma que dentre as principais limitações para o estudo do potencial da macaúba, pode-se citar a falta de conhecimento de matrizes produtivas e adequadas ao cultivo comercial, além da dificuldade para a propagação natural da planta. “Para produção de muda em larga escala, há necessidade de metodologia eficiente de multiplicação clonal que seja economicamente viável e, nesse sentido a propagação por semente é uma boa alternativa” explica.

Através de materiais coletados pela EPAMIG, Universidade Federal de Viçosa e Embrapa está sendo criado um banco de germoplasma da macaúba. Os pesquisadores utilizarão a biologia molecular para identificar a diversidade dos materiais genéticos encontrados.

Fonte: ASCOM EPAMIG -

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