É preciso produzir com tecnologia e zelo
Depois de grandes evoluções tecnológicas voltadas para a agricultura, chegou o momento de um olhar mais amplo para o sistema solo-planta-máquina
Presidente Celso Moretti vem cumprindo intensa agenda internacional nos meses de outubro e novembro. Esta semana, o destaque foi a presença da Embrapa no Fórum Brasil-China, que discutiu o papel da biotecnologia na sustentabilidade ambiental. Moretti também participou do The Global New Economy Forum e do XIX Encuentro del Sistema de los INIA (Instituto Nacional de Investigação Agropecuária).
O I Fórum Brasil-China – Agricultura, Biotecnologia e Sustentabilidade, reuniu, nesta terça-feira, 23 de novembro, autoridades e especialistas do Brasil e da China. O presidente da Embrapa, Celso Moretti, participou do painel Biotecnologia Agrícola e Ganhos de Sustentabilidade Ambiental, Social e Econômica. Ele destacou os importantes avanços da biotecnologia no Brasil, com as contribuições da Embrapa que permitiram que o Brasil se tornasse um grande produtor e exportador de alimentos.
No Brasil, a biotecnologia agrícola teve papel crucial nos últimos 40 anos no aumento da produção, especialmente por ganhos de produtividade, que foram muitos superiores a ampliação das áreas cultivadas. “Esse processo, capitaneado pela Embrapa, teve grande relevância no desenvolvimento de variedades vegetais adaptadas às condições de solo e clima tropical, o que mudou a face da agricultura brasileira, conferindo intensa produtividade. E essa é uma questão chave, ainda mais agora, quando a sustentabilidade passa a ser o centro da agenda da política internacional. Os avanços tecnológicos tornaram-se fundamentais”, afirmou o embaixador do Brasil em Pequim, Celso de Tarso Pereira.
Ele citou os projetos de pesquisa da Embrapa, como o Carne-Carbono-Neutro que resulta em uma pegada de carbono neutro, e a soja de baixo carbono. “Dois projetos importantíssimos aliados com as tendências modernas do mercado mundial”. Tarso falou também sobre a aprovação recente pelas autoridades brasileiras e chilenas de um suplemento alimentar para vacas leiteiras que ajuda a decompor o metano, reduzindo emissões e aumentado produtividade.
Moretti reafirmou a importância da biotecnologia para a descarbonização da agricultura. Nos últimos 50 anos, foram três grandes ondas apoiadas pela ciência, inovação, tecnologia, em especial com a biotecnologia, que marcaram a revolução agrícola brasileira.
A primeira delas, segundo o gestor da Embrapa, foi a onda de expansão, com a introdução da soja no Brasil, vinda da China, que chegou no sul do Brasil e depois com o melhoramento genético foi tropicalizada para diversas regiões brasileiras. A segunda onda se deu com o aumento da competitividade das diferentes cadeias. E por fim, a terceira onda na qual advém a sustentabilidade apoiada pela ciência e inovação.
Moretti utilizou dados obtidos pela Universidade Federal de Goiás para apresentar aos participantes do Fórum informações sobre pastagens degradadas no Brasil: são 90 milhões de hectares de pastagens com algum grau de degradação que podem vir a ser convertidas em áreas agrícolas, em especial localizadas no Nordeste, e se somarem aos atuais 70 milhões de hectares que o país utiliza hoje para a produção agrícola de primeira e segunda safras.
“O Brasil pode dobrar a produção de alimentos convertendo pastagens degradadas, que já são áreas consolidadas, sem tocar em uma árvore da Amazônia”, disse. Ele também apresentou dados sobre áreas cultivadas no mundo. A Dinamarca utiliza 77% de seu território com agricultura, o Reino Unido, 64%, a China 18% e o Brasil apenas 7,6%. “Hoje produzimos alimentos para alimentar quase 900 milhões do globo terrestre, com 7,6% do território”, enfatizou o presidente.
“A pesquisa pública, em especial a biotecnologia, tem um papel importante no Brasil. Ajudou a transformar solos ácidos em férteis, tropicalizar animais e plantas, e promover o melhoramento genético. E por último a plataforma sustentável com a Fixação Biológica do Nitrogênio, o sistema de plantio direto, o ILPF, tratamento de resíduos, entre outros”, exemplificou Moretti. “Não temos dúvidas que cada vez mais haverá uma intensificação deste nexo sustentabilidade e desenvolvimento agrícola, econômico e social, O ESG estará fortemente presente”, finalizou.
O evento contou, em sua abertura, com a participação do embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, do secretário de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura, Fernando Camargo, do encarregado de Negócios da Embaixada do Brasil em Pequim, Celso de Tarso Pereira, e do presidente do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), embaixador Luiz Augusto de Castro Neves.
As discussões foram realizadas em dois painéis: "Biotecnologia Agrícola e Ganhos de Sustentabilidade Ambiental, Social e Econômica" e "Caminhos para uma Agenda Bilateral de Cooperação em Biotecnologia Agrícola".
A descarbonização e o papel da pesquisa agropecuária brasileira para a redução das emissões de gases do efeito estufa e as mudanças climáticas foram os principais temas abordados pelo presidente da Embrapa, Celso Moretti, em três eventos internacionais realizados nos dias 22 e 23 de novembro, com a presença de especialistas e representantes de instituições governamentais e de pesquisa de vários países.
Nos painéis, Moretti falou sobre o esforço que tem sido feito em prol da produção de alimentos, competitiva e sustentável. “O Brasil tem problemas, como o desmatamento ilegal que precisa ser enfrentado com firmeza”, disse. “Mas, por outro lado, temos o reconhecimento da ciência do agro ser referência mundial, por conta das soluções tecnológicas que vem sendo desenvolvidas e entregues à sociedade brasileira há quase cinco décadas”.
No The Global New Economy Forum, dia 22, Moretti chamou a atenção para a participação da Embrapa na 26.ª conferência das partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 26), quando teve a oportunidade de apresentar os avanços da agricultura de baixo carbono, como a carne, já disponível no mercado, o leite, a soja, e futuramente o café, o algodão, o couro e o bezerro carbono neutro.
“O Brasil passou das palavras à ação e tem feito a sua parte no contexto de cenários futuros”, comentou, referindo-se às tecnologias como sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta e fixação biológica de nitrogênio, e as políticas públicas, como o plano ABC, de agricultura de baixo carbono.
Com a participação de representantes de mais de 30 países virtualmente, o The Global New Economy teve 14 paineis dentre os quais ações para o desenvolvimento econômico sustentável, cidades inteligentes e mercado de capitais, com o objetivo de discutir a nova economia pós-pandemia, com foco em sustentabilidade, energias renováveis e produção descentralizada global de medicamentos e vacinas.
Ainda esta semana, o presidente Celso Moretti participou do XIX Encuentro del Sistema de los INIA (Instituto Nacional de Investigação Agropecuária), durante o qual abordou o estado da arte sobre os solos agrícolas e o sequestro de carbono no Brasil. “A trajetória da pesquisa agropecuária nacional, que começou há quase cinco décadas, graças ao investimento na ciência, hoje contabiliza uma sequência de avanços, entre os mais recentes e importantes o mapeamento do estoque de carbono orgânico nos solos do País”, comentou.
Segundo ele, a pesquisa representa uma das mais importantes contribuições para o desenvolvimento sustentável, porque oferece informações relacionadas aos tipos de solo, assim como o perfil de cada um deles e as indicações agropecuárias. “Apresentamos esse estudo na COP 26 e o impacto foi significativo principalmente pelo que representa não só para a sustentabilidade, mas para o cumprimento das metas firmadas pelo Brasil para os próximos anos”, afirmou.
Saiba mais sobre o Fórum Brasil-China acessando https://www.cebc.org.br/.
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