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Depois de grandes evoluções tecnológicas voltadas para a agricultura, chegou o momento de um olhar mais amplo para o sistema solo-planta-máquina
Há muito se ouve falar sobre os cuidados necessários com os diferentes sistemas de produção e, ao longo do tempo, os olhares se voltaram ainda mais para as novas tecnologias que, invariavelmente, contemplam o uso de máquinas maiores, com maior autonomia e sistemas de gestão das operações, variedades mais resistentes e produtivas, além de insumos cada vez mais eficientes. E isso, sem dúvida alguma, é de importância ímpar e contribui para o aumento da produtividade. Entretanto, para o melhor entendimento desse complexo ecossistema, sabemos da necessidade de olhar para todos os fatores que o impactam.
Lembro-me, quando de minha graduação na Universidade Estadual de Londrina (UEL), que muito se falava da possibilidade de uma agricultura de menor impacto ambiental e social. Época em que as iniciativas de José Lutzenberger, Anna Maria Primavesi, Johanna Döbereiner, Herbert Bartz, Nonô Pereira, Franke Dijkstra, Alysson Paulinelli, Norman Borlaug e tantos outros, ecoavam em universidades, centros de pesquisa, instituições de assistência técnica, enfocando uma agricultura mais consciente e cheia de vida.
O mundo se movimentou para isso: técnicas mais apuradas, novas variedades, maior assertividade nos manejos, máquinas inteligentes, tudo isso foi evoluindo e nos dando a certeza de uma agricultura pujante e capaz de alimentar uma população mundial crescente e cada vez mais exigente.
Mas algo foi negligenciado, talvez aquilo que nunca assim deveria ter acontecido: cuidamos pouco do solo! Como diziam alguns de meus professores na graduação: “o maior dos organismos vivos”! Ele é muito dinâmico, resiliente, mas sofre com o descaso e com a falta de zelo.
Para o saudoso engenheiro agrônomo, Dirceu Gassen, “a agricultura de alta produtividade é feita por pessoas caprichosas, que fazem bem-feito e na hora certa, que possuem um bom conhecimento e que são apaixonadas pela atividade”. Assim, com o foco em uma agricultura que entregue uma maior rentabilidade e que seja mais sustentável, devemos ter a consciência do necessário compromisso com o conhecimento técnico que nos leve a isso.
Partindo do solo, precisamos urgentemente olhar para ele e garantir que nos permitirá uma produção sustentável, uma vez que a maior parte deles, hoje, possui uma atividade microbiótica bastante baixa e precisamos melhorá-la.
Dar ao solo essa melhor condição depende de técnicas que resgatem a sua “biota” e estão relacionadas a manejo de palhada, boa nutrição, produtos biológicos de qualidade, máquinas que garantam sua melhor deposição e menor compactação, dentre outras técnicas. “Estamos lidando com organismos vivos”, salientam os estudiosos, e para isso precisamos cuidar bem desse ecossistema, para que esses micro-organismos possam atingir seu máximo potencial.
O Brasil passa por um resgate das técnicas implementadas nas décadas de 1980 e 1990 (plantio direto, manejo integrado de pragas, controle biológico, fixação biológica de nitrogênio), muitas delas já em estágio maduro e garantindo resultados extraordinários. Mas não podemos parar por aqui, temos que fazer valer isso em todas as áreas de produção e precisamos caminhar rápido.
É um momento de grande importância para o segmento, como podemos perceber com o crescimento exponencial das vendas de insumos biológicos. A pesquisa tem mostrado resultados incríveis com o uso de bioinsumos: uso de bactérias fixadoras de nitrogênio, bionematicidas, bioinseticidas, entre tantos outros. Culturas como soja, milho, trigo, algodão, batata, amendoim, aveia, cevada, arroz, feijão e hortaliças têm feito significativo uso de inoculantes e/ou de outros produtos biológicos.
As instituições e empresas se movimentam para atender ao crescente mercado, as tecnologias já existem, o interesse e a capacidade técnica dos produtores por uma agricultura mais equilibrada também. Só falta juntar tudo isso e seremos imbatíveis no que diz respeito ao desafio de alimentar o mundo, com responsabilidade e sustentabilidade: nosso compromisso é fazer a planta produzir mais e melhor.
Já se vão mais de 35 anos da introdução da maioria dos conceitos descritos (do plantio direto já vamos comemorar 50) e tudo o que os precursores fizeram em prol de um manejo mais sustentável e equilibrado, hoje, tem o poder de impactar positivamente o nosso modus operandi do agro. Parabéns a eles; desafio para nós!
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