Diversidade agrícola sustenta polinizadores nos trópicos

Estudo indica que distância até habitats naturais não define abundância de polinizadores nem frutificação

04.12.2025 | 15:55 (UTC -3)
Revista Cultivar
Foto: John E Banks
Foto: John E Banks

A proximidade de florestas e outras áreas naturais não garante mais polinizadores nas lavouras de pequenos agricultores tropicais. Uma meta-análise reuniu dados de mais de 500 propriedades em 13 países e concluiu que a distância até habitats naturais não determina a presença de abelhas e outros insetos nem influencia de forma consistente a transformação de flores em frutos.

O estudo avaliou 35 pesquisas conduzidas na América Central, América do Sul, África Oriental, Sul e Sudeste Asiático. Os autores analisaram a relação entre o isolamento das lavouras e três indicadores de serviços de polinização: abundância de polinizadores, riqueza de espécies e frutificação. Os resultados mostraram grande variação entre as áreas estudadas. A análise não registrou padrão claro de queda de insetos ou de frutificação com o aumento da distância até o habitat natural.

Tendência de redução

A investigação identificou leve tendência de redução da riqueza de espécies em áreas mais distantes. A queda prevista na diversidade a 1 km do habitat natural alcançou 31%. Mesmo assim, os autores ressaltaram forte heterogeneidade entre estudos e ausência de resposta uniforme. A abundância de insetos e a frutificação não exibiram relação consistente com o afastamento.

Mapa mostrando a distribuição geográfica dos 35 estudos incluídos na meta-análise, representados por pontos vermelhos. Há sobreposição espacial de estudos conduzidos nas mesmas regiões ou em regiões próximas. Os trópicos estão indicados em laranja - doi.org/10.1111/ele.70229
Mapa mostrando a distribuição geográfica dos 35 estudos incluídos na meta-análise, representados por pontos vermelhos. Há sobreposição espacial de estudos conduzidos nas mesmas regiões ou em regiões próximas. Os trópicos estão indicados em laranja - doi.org/10.1111/ele.70229

A pesquisa atribuiu essa estabilidade dos serviços de polinização à complexidade ecológica típica das pequenas propriedades. Esses sistemas costumam reunir diferentes cultivos, árvores, flores e áreas sombreadas em arranjos diversificados. Essa diversidade cria mosaicos de habitats capazes de sustentar polinizadores mesmo longe de florestas ou outras formações naturais.

Sistemas agrícolas industriais

A meta-análise destacou que a maior parte das evidências anteriores se baseou em sistemas agrícolas industriais. Nessas áreas, monocultivos extensivos e uso intenso de insumos reduzem a oferta de recursos para insetos. Em contraste, práticas tradicionais de pequenas propriedades podem compensar a distância até habitats naturais e manter os serviços ecológicos.

Segundo os autores, a conservação da complexidade da paisagem rural ajuda a sustentar a biodiversidade e melhora a segurança alimentar. O estudo defendeu a adoção de elementos desses sistemas diversos também em modelos agrícolas convencionais, especialmente em países tropicais que dependem da polinização para garantir produção e renda.

Outras informações em doi.org/10.1111/ele.70229

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