Crédito mais caro pressiona produtores de soja em Mato Grosso

Relatório do Imea aponta maior participação do sistema financeiro e redução no uso de recursos públicos

04.12.2025 | 16:24 (UTC -3)
Revista Cultivar, a partir de informações do Imea

O custo para produzir soja em Mato Grosso deve alcançar R$ 54,39 bilhões na safra 2025/26. O valor representa aumento de 5,32% frente ao ciclo anterior, impulsionado por alta nos gastos com fertilizantes (9,36%), defensivos (4,73%) e serviços (16,22%). As informações constam em relatório do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Mesmo com essa elevação, produtores enfrentaram um cenário de crédito mais restrito. Juros elevados, aumento da inadimplência e maior número de recuperações judiciais no setor elevaram o risco das operações. Como resposta, instituições financeiras endureceram exigências, ampliaram o uso da alienação fiduciária e priorizaram clientes com menor exposição ao risco.

A participação do sistema financeiro no custeio da safra deve crescer para 35,42%, avanço de 5,04 pontos percentuais em relação a 2024/25. A expansão reflete mudanças metodológicas no relatório e a inclusão das linhas próprias de bancos privados. Já os recursos federais, via Plano Safra, caíram para 5,07% do total, retração de 3,59 pontos, impactados pelos juros altos e maior seletividade na liberação de crédito oficial.

Multinacionais e tradings mantiveram papel central, com 30,74% do financiamento. A posição foi favorecida pela retração das revendas, cuja participação caiu de 11,45% para 5,25%. O segmento enfrentou dificuldades financeiras, aumento de falências e menor capacidade de absorver risco.

Produtores usam mais recursos próprios, que responderam por 23,51% do financiamento. O aumento, porém, reflete movimentações de caixa com base na receita da safra anterior, e não ganho real de liquidez. O autofinanciamento, portanto, pode comprometer a capacidade de investimento a longo prazo.

A análise do Imea destaca ainda a importância de ferramentas como CPR e operações de barter, que seguem como alternativas para acesso ao crédito em um ambiente de capital mais seletivo. Para a safra 2026/27, a primeira estimativa indica redução de 0,54% nos custos de produção, puxada pela queda nos preços de sementes e fertilizantes. Parte dos insumos já foi adquirida antecipadamente, mas o custeio dependerá de fatores como logística, câmbio e clima.

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

acessar grupo whatsapp
Background Newsletter

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura