Açúcar: destaques em meio à desaceleração do mercado

Hedgepoint analisa cenário de baixa nos preços, queda na produção brasileira e valorização do dólar

03.12.2024 | 14:07 (UTC -3)
Luciana Minami

A desaceleração nos preços do açúcar ocorreu devido a mudanças mínimas nos fundamentos e ao impacto do Dia de Ação de Graças, com o fechamento dos mercados nos EUA. Três fatores ocorridos na semana passada merecem maior atenção:

  1. Estimativa de safra 24/25 da Conab
  2. Relatório da Unica e início da entressafra
  3. Impacto do câmbio e política fiscal no Brasil

Segundo Lívea Coda, analista de Açúcar e Etanol da Hedgepoint Global Markets, “em relação ao primeiro ponto, a Conab não trouxe novas informações significativas. A previsão é de uma produção menor de cana, com uma redução de 4,8% na produção, apesar de um aumento de 4,3% na área colhida”.

Ainda de acordo com a analista, essa queda na produção está diretamente relacionada à redução da produtividade, que a Conab estima em 78 kg/ha, um valor 8,8% inferior ao registrado na safra 23/24. “A principal razão para essa redução é a combinação de menor precipitação e temperaturas mais elevadas na região Centro-Sul, que representa 91% da produção total de cana do país”, observa.

A agência, contudo, prevê 616 milhões de toneladas para a safra, superando a projeção da Hedgepoint para o Centro-Sul que se mantém inalterada, de 610Mt, e maior que a média do mercado. Para a produção de açúcar, a Conab espera 40,3 milhões de toneladas, mais alta que nossas estimativas, de 39,5 milhões de toneladas, o que pode dificultar a superação do preço de 22c/lb.

Já o relatório da Unica sinalizou o início da entressafra, com uma queda na moagem de cana e um mix de açúcar e Açúcar Total Recuperável (ATR) abaixo das expectativas do mercado, o que gerou um tom altista para os preços.

Nem a Conab nem a Unica apresentaram novidades relevantes ao mercado, e os preços do açúcar permaneceram estáveis. Em um cenário de fundamentos inalterados, os preços podem ser influenciados por outros fatores.

“É importante acompanhar, no curto prazo, o contexto macroeconômico. O dólar segue fortalecido, impulsionado pela expectativa de uma agenda inflacionária do governo Trump, pressionando as commodities para baixo”, ressalta Lívea.

No Brasil, o real enfraqueceu e atingiu 6 reais, reflexo de um programa fiscal mais brando do que a expectativa do mercado, e da isenção de Imposto de Renda para salários de até 5 mil reais. Apesar da promessa de compensações, o mercado reagiu mal, levando o Bovespa ao menor nível em cinco meses.

Impactos da desvalorização do Real no mercado de açúcar

Um dos maiores exportadores de commodities, incluindo açúcar, o Brasil pode ver um aumento nas exportações com o real desvalorizado, o que pode elevar a oferta global. No entanto, com a entressafra brasileira, o volume restante da safra atual é limitado, e novos contratos para 2025/26 podem surgir.

“No mercado doméstico, a forte desvalorização do real torna o mercado interno menos atrativo para os produtores, favorecendo uma tendência inflacionária. Como resultado, o preço do açúcar cristal deve permanecer elevado. Essa pressão inflacionária também afeta outros mercados, especialmente naqueles em que o Brasil é importador líquido”, conclui.

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