Molécula inovadora supera mutação genética em fungos

Por Diogo Togni, da Sumitomo Chemical Latam, e Yuichi Matsuzaki, da Sumitomo Chemical Japão

22.07.2025 | 15:43 (UTC -3)

A Sumitomo Chemical descobriu molécula capaz de controlar fungos resistentes e driblar a mutação G143A. Esta mutação é uma alteração no gene cytb que substitui o aminoácido glicina (G) pelo aminoácido alanina (A), na posição 143 da citocromo b, responsável pela respiração celular, conferindo resistência aos fungicidas do grupo das estrobilurinas, impedindo que fungicidas do mercado tenham uma eficácia satisfatória no controle dos fitopatógenos fúngicos.

Esse novo ativo, criado, desenvolvido e sintetizado nos laboratórios da multinacional japonesa, foi apresentado pela primeira vez ao mercado em 2018, prometendo promover um grande avanço na qualidade e eficiência do manejo de doenças fúngicas.

Desde então, o ingrediente ativo metiltetraprole (em fase de registro no Brasil), vem seguindo os processos de registro pelos órgãos reguladores de vários países e poderá ser apresentado comercialmente em diferentes composições. No Japão, a molécula é registrada por meio de uma mistura pronta com a marca de Muketsu DX, que foi lançada comercialmente em 2023. Por lá, para o manejo de mancha-foliar (Cercospora beticola) no cultivo de beterraba.

Na maioria dos mercados estratégicos como na União Europeia e América Latina, o ativo metiltetraprole será conhecido pelo nome Pavecto. Alguns dos produtos comerciais usarão marca Velera. Atualmente, a expectativa é de que o registro do fungicida deva acontecer no Brasil nos próximos dois anos. Outros países, como, por exemplo, o Paraguai, também terão o registro.

A invenção da Sumitomo Chemical

O novo ingrediente ativo pertence ao conhecido grupo químico dos inibidores externos da quinona (QoI´s). No entanto, o seu design molecular proporciona uma ação “revitalizada”, porque apresenta uma estrutura química chamada de “tetrazolinona”.

“Na época em que iniciamos a descoberta do metiltetraprole, o mercado de QoI´s em alguns segmentos estava em declínio devido aos problemas de resistência causados pela mutação G143A. Portanto, buscamos recuperar o potencial perdido dos QoI anteriores”, afirmam os cientistas que trabalharam na descoberta.

A principal característica da molécula é a sua capacidade de inibir a ação de uma proteína chamada “citocromo b”, que está presente em todos os fungos e atua no processo de respiração mitocondrial desses microrganismos.

Dessa forma, o metiltetraprole apresenta amplo espectro de controle, por meio da inibição da respiração fúngica. Embora o produto apresente o mesmo espectro de ação e mecanismo de alguns Qols existentes no mercado - conhecidos também como estrobilurinas - a diferença é que metiltetraprole não é afetado pela mutação G143A da proteína “citocromo b”.

“A principal vantagem do metiltetraprole é que este novo fungicida não é afetado por populações fúngicas que desenvolveram resistência a quaisquer fungicidas existentes, mantendo as boas características dos QoIs existentes”, explicam os cientistas.

O novo fungicida vai assegurar amplo espectro de cobertura, alta segurança para as lavouras, baixa toxicidade para humanos e eficiência única para o manejo das doenças. Além disso, a invenção da Sumitomo Chemical colabora para a sustentabilidade da agricultura. Embora a molécula tenha como característica a rápida degradação no meio ambiente, o ativo proporciona bons resultados no controle fúngico e garante o uso adequado do produto no longo prazo, com segurança ambiental e proteção das lavouras.

A estimativa da Sumitomo Chemical é de que o novo fungicida assuma um papel relevante, principalmente em áreas cultivadas nas regiões de clima tropical, que costumam ser as mais prejudicadas por populações de patógenos de difícil controle.

“Para lavouras cujos produtores sofrem perdas severas com a resistência aos fungicidas, o metiltetraprole oferecerá uma excelente opção de manejo. Bons exemplos incluem a mancha-alvo e as doenças de fim de ciclo na soja; a ramulária e mancha-alvo no algodão; e manchas foliares no milho, trigo e cevada”, explicam os cientistas da Sumitomo Chemical.

Comercialização e uso do fungicida

Para que o manejo de resistência de doenças seja mais eficaz e sustentável, recomenda-se a adoção de boas práticas agrícolas, como a rotação de ativos e de modos de ação. Isso maximiza a performance dos defensivos e promove a longevidade dos métodos de controle no mercado, porque desacelera o processo de seleção natural de patógenos resistentes aos fungicidas. 

A Sumitomo Chemical lançará o novo fungicida metiltetraprole em misturas prontas selecionados. Além disso, por meio de pesquisas e monitoramento constante da aplicação do produto, a empresa recomendará programas de pulverização em conformidade com as orientações técnicas do Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas (FRAC).

A Sumitomo Chemical firmou um acordo global com a BASF, permitindo que ambas as empresas incorporem o ingrediente ativo metiltetraprole e utilizem sua marca Pavecto em seus portfólios. E com a possibilidade de desenvolverem e registrarem produtos e formulações específicas de cada empresa com o novo ingrediente ativo.

*Por Diogo Togni, da Sumitomo Chemical Latam; e Yuichi Matsuzaki, da Sumitomo Chemical Japão


Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

acessar grupo whatsapp
Agritechnica 2025