Como a histologia pode ajudar a entender a “anomalia” da soja no campo
Por Heloiza Leonardi (Esalq); Carlos Guilherme Theodoro, Gustavo Farias e outros
A escolha do método de aplicação depende de vários fatores, incluindo o tipo de cultura, o alvo biológico, as condições ambientais e as características específicas dos produtos fitossanitários utilizados. As aplicações de produtos fitossanitários podem ser realizadas de três principais maneiras: via sólida, via líquida e via gasosa, sendo a líquida a mais utilizada, devido a sua versatilidade e eficiência na cobertura das áreas tratadas.
Na aplicação via líquida, normalmente o produto formulado a ser aplicado (herbicida, fungicida ou inseticida) é diluído em água para aumentar o seu volume, com a finalidade de melhorar a sua dispersão na área tratada, uma vez que na embalagem original o produto fitossanitário se encontra em concentração elevada. A escolha correta da formulação e do método de aplicação influencia diretamente no sucesso do manejo fitossanitário.
A composição do produto formulado consiste em: ingrediente ativo (i.a): que confere a eficácia como o controle de pragas, doenças e plantas daninhas; ingredientes inertes: substâncias não reativas com os demais componentes da mistura, mas muito importantes para manter a estabilidade das partículas dispersas na formulação; e adjuvantes: visam ativar, manter ou melhorar o desempenho dos produtos no processo de aplicação e/ou quando a gota atinge o alvo.
Existe uma grande variedade de formulações para aplicação via líquida.
Algumas formulações, classificadas como “convencionais”, são baseadas em tecnologias antigas, mas ainda disponíveis e que representam a maior quantidade de produtos que são aplicados às culturas.
Porém, há movimento constante para o desenvolvimento de formulações com menor impacto ambiental, visando reduzir a quantidade aplicada e os resíduos, para melhorar a segurança no uso e a facilidade de descarte quando necessário.
A nova geração dos produtos fitossanitários formulados tem a tendência de eliminar solventes (emulsões ou microemulsões aquosas); substituir pós por suspensões concentradas ou grânulos dispersíveis em água, formulações com mais de um ingrediente ativo; e controlar a taxa de liberação e o direcionamento por meio de técnicas de encapsulamento ou TS (tratamento de semente).
A água (solvente universal e complexo), utilizada para diluir os produtos formulados, é o veículo mais importante para transportar os produtos fitossanitários em pulverizações.
As diluições são dinâmicas, até um ponto de equilíbrio, que irá depender de alguns fatores, como qualidade de água utilizada para o abastecimento, quantidade de água utilizada para a diluição e composição da calda utilizada para a aplicação dos produtos fitossanitários.
A qualidade pode interferir de forma física, devido a detritos diversos que podem se encontrar na água captada, como argila e matéria orgânica em suspensão, que são capazes de entupir filtros e pontas do sistema hidráulico de pulverização, reduzindo a capacidade operacional dos pulverizadores, a vida útil dos componentes do circuito hidráulico e a distribuição do produto fitossanitário ao longo da área tratada.
De forma química, cátions disponíveis, pH e condutividade elétrica podem interferir na estabilidade de partículas dispersas na calda e na degradação de moléculas.
A quantidade de água utilizada nos preparos de calda é de grande importância, pois cada formulação tem uma característica específica de solubilidade que deve ser seguida, considerando o solvente água.
A tendência de reduzir o volume de calda (com o objetivo de diminuir o consumo de água e aumentar a capacidade operacional dos pulverizadores) resulta em uma maior concentração dos produtos formulados em calda, pois a redução ocorre apenas no veículo (água), mantendo a recomendação de dose do produto fitossanitário. A concentração dos produtos fitossanitários, decorrente da redução de água, tende a alterar as características químicas de calda, surgindo, assim, instabilidades de partículas e incompatibilidades físicas.
A calda de pulverização pode ser composta apenas com um produto formulado e/ou mais de um produto, no caso de mistura em tanque (mais comumente utilizado).
A mistura de produtos de mais de uma formulação em tanque tem a recomendação de que ela seja feita com base em técnicas conhecidas e vigentes, constantes em referências científicas.
A diversidade de preparo de caldas em campo resulta em problemas na estabilidade e incompatibilidades entre produtos, interferindo na concentração e no efeito biológico.
As incompatibilidades, de maneira geral, ocorrem de forma química (não possível observar) e de forma física, em que há formação de precipitados, cristais, aglomerados etc.
A sequência de adição de produtos formulados no tanque é o fator primordial para o preparo dessas caldas, além da agitação constante e ininterrupta durante o preparo e a aplicação.
A recomendação para a sequência de adição das formulações é de acordo com sua afinidade com a água, sendo os sólidos insolúveis, suspensões, emulsões e formulações de alta solubilidade (formulados da nova geração).
Os adjuvantes devem ser incluídos de acordo com as suas características, os óleos seguindo critérios de emulsões, estabilizantes e surfactantes, entre produtos imiscíveis e quelatizantes e corretivos de pH no início do preparo, com finalidade de condicionar a calda para melhor solubilidade e funcionalidade dos produtos.
Também se recomenda a realização do teste de garrafa com os produtos fitossanitários que serão aplicados, o qual consiste na mistura desses produtos em uma proporção menor, a fim de evitar as incompatibilidades em um volume maior.
A escolha dos adjuvantes é indicada de acordo com a função, podendo aprimorar o desempenho do produto quando atinge o alvo (espalhantes, molhantes, adesivos e penetrantes) e melhorar o processo de pulverização (redutores de espumas e de deriva, dispersantes, emulsificantes, acidificantes/tamponantes e compatibilizantes).
Por definição, a tecnologia de aplicação é o emprego de conhecimentos científicos para a correta colocação do produto no alvo, em quantidade necessária, de forma econômica e com mínimo de contaminação de outras áreas. O uso eficaz e seguro de produtos fitossanitários é essencial para o manejo sustentável das culturas, exigindo um entendimento profundo das formulações e o preparo adequado de caldas fitossanitárias, o que proporcionará maior estabilidade e compatibilidade das moléculas, resultando em maior eficiência no controle biológico, proteção ambiental e a segurança alimentar.
Ana Beatriz Dilena Spadoni,
Marcelo da Costa Ferreira,
Unesp
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