Uso de pesticidas agrícolas: como podemos esclarecer e avançar
Por José Otávio Menten, Professor Sênior da Esalq, Presidente do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS)
A área de Pesquisa e Desenvolvimento dentro do agronegócio vem seguindo uma trajetória ascendente. Já é comum vermos soluções inovadoras e startups desenvolvidas especialmente para aperfeiçoar o caminho do alimento, do campo à mesa. Da preparação do solo até o momento da colheita, as tecnologias estão presentes para maximizar os potenciais produtivos.
Dentro do tema, podemos destacar alguns pilares fundamentais para que o investimento em P&D na fisiologia da planta, ocorra de maneira precisa: bioestimulantes, adjuvantes, tecnologia de aplicação e soluções para a quelatização e complexação.
No caso dos bioestimulantes, visto que as plantas estão com um teto produtivo cada vez maior e, ao mesmo tempo, mais sensíveis em questão de estresses, elas precisarão de uma carga de estimulação natural maior. Sabendo disso, enxergamos para os próximos três ou cinco anos, uma mudança significativa que pode exigir uma carga de aminoácidos, estimulações naturais e sintéticas. Isso quer dizer, ir além da aplicação de potássio (K), nitrogênio (N) e fósforo (P). Para isso, o uso de bioestimulantes terá um papel fundamental ligado a fisiologia da planta. Os últimos quatro anos evidenciaram o aumento do uso de bioestimulantes pelos agricultores, reconhecendo como uma ferramenta para o seu manejo.
Já em relação a adjuvantes e tecnologia de aplicação, acreditamos que ter operações mais eficientes é fundamental para o produtor pois proporciona uma maior rapidez de atingimento do alvo. Nesse sentido, um dos papeis do adjuvante é atuar como facilitador da penetração e do espalhamento do produto para cobrir a superfície foliar, agindo de forma que a aplicação seja de qualidade e eficiente, evitando desperdício e garantindo o retorno cada vez maior do investimento do agricultor.
Temos também, as tecnologias de quelatização e complexação, que são agrupamentos químicos que vão auxiliar na proteção dos nutrientes e na sua penetração dentro da planta. Os investimentos em pesquisa nesse assunto têm se mostrado relevantes e promissores para tornar as formulações mais estáveis na calda de aplicação e de fácil absorção e assimilação pela planta.
Atuando em uma empresa que já é pioneira no mercado de nutrição vegetal há 37 anos, é possível observar um avanço desses três fatores, o que fez com que as necessidades nutricionais das plantas aumentassem, estimulando, nos últimos 15 anos, um movimento crescente de investimento por parte das empresas na ciência.
Acredito que, por meio do estudo da fisiologia da planta, conseguiremos ampliar o guarda-chuva de nutrientes e tecnologias disponíveis, permitindo que esses fatores fiquem cada vez mais conectados com as exigências do produtor rural e proporcionando a entrega de um produto melhor e que atenda às necessidades nutricionais das culturas.
O caminho da evolução da nutrição vegetal e dos investimentos nesse setor ainda precisa contar com mais um pilar: o olhar estratégico do agricultor para as questões nutricionais de uma forma preventiva e não reativa, incluindo o manejo de nutrientes no planejamento da safra. É preciso reforçar junto ao produtor que, associando a nutrição com a tecnologia, é possível apoiar a planta nos processos metabólicos para que ela possa sintetizar de forma mais eficiente, o nutriente que fará com que o vegetal produza mais. Levando esse tipo de conhecimento direto para o campo, possivelmente, teremos mais espaço no desenvolvimento de soluções e tecnologias para o setor.
Por Carlos Landerdahl, diretor comercial e de marketing da Ubyfol
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