Uso de pesticidas agrícolas: como podemos esclarecer e avançar
Por José Otávio Menten, Professor Sênior da Esalq, Presidente do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS)
Potenciais causadoras de grandes prejuízos, as pragas e doenças estão entre os principais desafios enfrentados pelo produtor rural. A lista é extensa, representa uma ameaça constante (da semeadura à colheita) e não há como uma safra ter sucesso sem um bom manejo integrado.
Em junho, a Vittia foi uma das participantes de um encontro promovido pela Organização Internacional de Controle Biológico (IOBC), realizado na Universidade de Wageningen, na Holanda, para falar das necessidades de biocontrole e desafios em futuros sistemas de cultivo. Com o tema “Formulações comerciais de Bacillus e Trichoderma no manejo integrado de manchas foliares em soja”, foram apresentados os resultados alcançados por estudos que, desde a safra 2019-2020 a 2021-2022, verificam o uso de novas tecnologias de gestão integrada para controle de ferrugem (Phakopsora pachyrhizi), mancha-olho-de-rã (Cercospora sojina) e septoriose (Septoria glycines), por meio de Bacillus subtilis BV02 e Trichoderma asperellum BV10.
De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a soja segue como o produto com maior volume colhido no país: a produção estimada para a safra 2022/23 é de 153,6 milhões de toneladas. O país é também o maior produtor de soja do mundo e tem o desafio de produzir cada vez mais, em um ambiente tropical altamente favorável aos fitopatógenos.
Nesse sentido, o uso dos produtos biológicos tem sido uma escolha crescente do produtor, não só por sua eficácia, mas também pela baixa toxicidade dos produtos e por não causarem danos ao meio ambiente. De acordo com a S&P Global, no Brasil os produtos biológicos foram usados em 6,5 milhões de hectares em 2017/2018; 13 milhões de hectares em 2019/2020 e 24 milhões de hectares em 2021/2022 – um aumento de quase 270% no período. O maior uso foi na cultura da soja (42% do total), seguido por algodão (21%), cana-de-açúcar (18%), milho (15%) e outras culturas (4%).
Por entendermos que esse é um caminho sem volta, estamos a todo momento investindo no desenvolvimento de tecnologias de manejo biológico como forma de impulsionar o controle de doenças, consorciado à conservação dos recursos ambientais e à maior produtividade e rentabilidade do agricultor.
Com o maior portfólio de alvos biológicos regulamentados no Brasil – são mais de 60 –, nosso objetivo, por meio da pesquisa e inovação, é buscar novos métodos para incrementar a produção, oferecer condições mais adequadas para que as plantas possam expressar todo seu potencial genético e, no fim, contribuir para enfrentar o desafio de produzir mais alimentos, de forma mais saudável e sustentável, para uma população que deve chegar ao total de 9,7 bilhões de pessoas em 2050.
A biotecnologia e os insumos agrícolas biológicos têm o potencial de revolucionar a agricultura brasileira, oferecendo um futuro cada vez mais promissor para quem produz, para quem consome e, é claro, para o nosso planeta como um todo.
Por Jéssica Brasau, gerente de P&DI da Vittia
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