Setor algodoeiro cobra políticas públicas para enfrentar crise

A cadeia produtiva do algodão prevê retração na safra 2026. A projeção da Abrapa indica queda de 5,5% na área plantada e redução de 9,9% na produção, estimada em 3,829 milhões de toneladas. Em Mato Grosso, a Ampa calcula recuo de 10% por causa do endividamento dos produtores e da alta dos juros. Na Bahia, a Abapa prevê redução de 2,5%, com produção concentrada nas áreas irrigadas.

A Câmara Setorial do Algodão discutiu os desafios do setor. O encontro contou com entidades de produtores, exportadores, indústria e governo. O presidente da Abrapa, Gustavo Piccoli, defendeu ações conjuntas para valorizar a fibra natural no Brasil e no exterior. Ele destacou a necessidade de políticas públicas para estimular o consumo, além de medidas emergenciais como acesso ao Prepo ou crédito do BNDES.

Segundo o diretor executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero, a queda dos preços internacionais e o crédito restrito afetam a liquidez dos produtores. A Abrapa já apresentou a demanda ao Ministério da Agricultura. O diretor da entidade, Marcelo Duarte, apontou que o Brasil exporta mais que qualquer outro país, mas com receita menor. A expectativa é de que, em 2026, o país alcance participação recorde de 33% no mercado global.

A China segue como principal compradora, com 20% das exportações brasileiras. A Índia se destacou, importando 92 mil toneladas entre julho e novembro. A Apex foi citada como peça-chave na expansão das exportações desde 2019, com aumento da receita de US$ 2,6 bilhões para US$ 5,2 bilhões.

No mercado interno, o presidente da Abit, Fernando Pimentel, alertou para a perda de competitividade da indústria nacional frente ao fio importado da China. Pimentel defendeu ações para conter o avanço das fibras sintéticas, que hoje representam 56% do mercado. A proposta da indústria inclui eixos como inovação, comunicação e articulação institucional.