Projeto facilita benefício a agricultor que perder safra
Após aprovação no Plenário do Senado, proposta segue para sanção
O Radar Agro, relatório mensal da Consultoria Agro do Itaú BBA, projeta que a safra 2025/26 de soja no Brasil deverá atingir novo recorde de produção, estimada em 175 milhões de toneladas. O desempenho deve compensar a menor produção dos Estados Unidos e garantir estoques globais estáveis, cenário que tende a manter os preços mais contidos na Bolsa de Chicago (CBOT).
Segundo o relatório, o balanço mundial de oferta e demanda de soja para 2025/26 aponta estabilidade, ainda que com uma leve queda na relação estoque/uso. A expectativa é de que a produção argentina alcance cerca de 50 milhões de toneladas, mas a influência da La Niña pode alterar esse quadro. O fenômeno climático, em formação, traz risco de chuvas abaixo da média no Sul da América do Sul e excesso de precipitações no Norte, Nordeste e parte do Centro-Oeste do Brasil.
A primavera iniciou com chuvas mais cedo do que no ano passado, favorecendo um plantio dentro da normalidade. Os modelos climáticos projetam boas condições para novembro e dezembro, com exceção do extremo sul do Brasil, que pode enfrentar menor volume de chuvas. “O cenário base ainda é positivo para o Brasil, mas a evolução da La Niña na Argentina merece atenção”, aponta a consultoria.
Além do clima, o mercado segue atento às negociações comerciais entre Estados Unidos e China. Até setembro, as exportações americanas registraram o pior início dos últimos seis anos, pressionadas pela falta de demanda chinesa. Um eventual acordo entre os dois países poderia dar suporte aos preços em Chicago, mas reduziria os prêmios da soja no Brasil. Caso contrário, os prêmios brasileiros tendem a se manter valorizados, mas sem reação significativa na CBOT.
No cenário doméstico, a taxa de câmbio é vista como o principal fator de precificação. A projeção do Itaú BBA indica dólar a R$ 5,35 em 2025 e R$ 5,50 em 2026. O fortalecimento recente do Real, diante da fraqueza global da moeda americana, ajuda a conter os preços internos, que podem cair abaixo de R$ 100 por saca em Mato Grosso.
Esse movimento preocupa os produtores, já que os custos de produção foram formados com câmbio mais alto, entre R$ 5,6 e R$ 6 por dólar. Com isso, a margem operacional em Sorriso (MT), que foi de R$ 3.080/ha (44%) em 2024/25, pode recuar para R$ 1.946/ha (31%) na safra atual.
O relatório destaca ainda que a comercialização da safra 2025/26 segue em ritmo lento. Até agosto, apenas 20% da produção havia sido negociada, contra 25% no mesmo período de 2024 e 29% na média dos últimos cinco anos. O início do plantio e as chamadas “chuvas plantadeiras” podem estimular maior avanço nas próximas semanas, mas o excesso de oferta global tende a manter os preços sob pressão.
A Consultoria Agro do Itaú BBA avalia que, salvo uma quebra de safra relevante na América do Sul, os preços da soja devem permanecer em patamares mais baixos em 2025/26. A safra recorde do Brasil tem potencial para garantir exportações acima de 110 milhões de toneladas e ainda elevar os estoques finais domésticos. Nesse cenário, o câmbio continuará sendo o principal fator de sustentação ou agravamento da rentabilidade do produtor brasileiro.
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