Resistência química ameaça o algodão global

Casos multiplicam-se após 2000, com destaque para Amaranthus palmeri

27.06.2025 | 17:16 (UTC -3)
Revista Cultivar

A resistência de plantas daninhas a herbicidas consiste em ameaça crescente à produção global de algodão. Em meio a avanços tecnológicos, agricultores enfrentam dificuldades crescentes para controlar infestações resistentes. Estudo recente revisou dados internacionais e literatura científica, destacando tendências e propondo soluções.

Desde o primeiro caso registrado em 1973 nos Estados Unidos, envolvendo Eleusine indica resistente ao trifluralin, ocorreram 119 casos até 2020. Mais de 76% deles ocorreram nos EUA. A partir dos anos 2000, observa-se um aumento expressivo nas ocorrências. Entre as principais espécies resistentes destacam-se Amaranthus palmeri, Amaranthus tuberculatus e Xanthium strumarium.

Entre as gramíneas, Eleusine indica e Sorghum halepense são as mais recorrentes. A maioria dos casos envolve resistência ao glifosato (Grupo HRAC-9) e aos inibidores de ALS (Grupo HRAC-2). Herbicidas que afetam a montagem de microtúbulos (Grupo HRAC-3) e inibidores da ACCase (Grupo HRAC-1) também aparecem com frequência.

Os casos se concentram em regiões com uso intensivo de algodão geneticamente modificado tolerante a herbicidas. Nos EUA, agricultores muitas vezes dependem exclusivamente do glifosato. Essa prática, somada à ausência de rotação de ingredientes ativos, favoreceu o surgimento de biótipos resistentes.

Casos de resistência a herbicidas em algodão por modo de ação do herbicida (MOA)
Casos de resistência a herbicidas em algodão por modo de ação do herbicida (MOA)

A espécie mais resistente

Amaranthus palmeri é a espécie mais resistente, presente em quase metade dos casos envolvendo glifosato. Seu crescimento rápido, produção elevada de sementes e dispersão facilitada por máquinas agrícolas e aves migratórias contribuem para sua proliferação.

Espécies dioicas, como essa, favorecem o cruzamento e a variabilidade genética, acelerando a evolução da resistência.

Medidas para conter o problema incluem rotação de mecanismos de ação, uso de herbicidas residuais, práticas culturais como o cultivo mínimo e o uso de cobertura vegetal, e técnicas manuais ou mecânicas. A adoção de tecnologias de agricultura de precisão, como aplicações localizadas com sensores e drones, também é recomendada.

Herbicidas com diferentes modos de ação aplicados em mistura apresentam potencial para retardar o surgimento de resistência. Entretanto, o custo elevado limita sua adoção. Mesmo com novas tecnologias como algodão tolerante a dicamba e 2,4-D, a dependência excessiva pode repetir o ciclo observado com o glifosato.

Mais informações em https://doi.org/10.1016/j.cropro.2025.107320

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