Proposta do Mapa busca reduzir dependência de insumos

20.05.2009 | 20:59 (UTC -3)

Na conferência de abertura do V Congresso Brasileiro de Soja (CBSOJA) e do Mercosoja 2009, o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, aproveitou para chamar a atenção para a questão da vulnerabilidade do Brasil em relação aos fertilizantes, pois o país não tem produção autosuficiente e trata-se de um mercado com variações de preços e concentrado em algumas poucas mineradoras.

Segundo o ministro, "o país importa cerca de 73% do nitrogêno, do fósforo e do potássio utilizado". De acordo com Stephanes, metade do fósforo e 91% do potássio usados pelo Brasil são comprados no exterior. A tendência desses produtos é de alta nos preços e que três empresas de quatro países dominam 87% do mercado. Ele disse ainda que as jazidas exploradas no mundo estão em fase de esgotamento. "Logo, percebam o tamanho do problema que teremos para resolver", afirmou.

Contudo, Stephanes acredita que o Brasil pode se tornar menos dependente de insumos, pois há fontes de recursos no próprio país, ao contrário da opinião corrente entre alguns técnicos, como por exemplo, da impossibilidade de extração de potássio.

Ali Aldersi Saab, da Assessoria de Gestão Estratégica do Gabinete do Ministro, confirmou a possibilidade de reduzir a dependência nacional. Em palestra durante V CBSOJA e Mercosoja 2009, ele disse que o órgão já avaliou a questão e apontou algumas propostas. "Nos estamos trabalhando e o ministro quer lançar em 90 dias o Plano Nacional de Fertilizantes, que irá contemplar cada item necessário da cadeia de fertilizantes. Isso quer dizer que vai haver mudança na legislação, no código minerário, por prazos para pesquisa das lavras e início da produção de fósforo e potássio, nós sabemos que esses prazos hoje são longos. Além disso, nós estamos propondo que a Petrobrás volte a trabalhar na área de nitrogenados, implantando uma grande indústria de uréia".

Em relação às jazidas de fósforo já existentes, Saab afirmou que as empresas concessionárias dessas lavras já levantaram e fizeram os projetos para iniciar a produção. "Eu acredito que em cinco ou seis anos nós não teremos ainda a autosuficiência, mas estaremos ao redor de 80% de nossa demanda, o que é bastante razoável", ponderou.

No que diz respeito ao potássio, Saab levantou dois pontos, um deles envolvendo principalmente questões ambientais. "Ao longo da costa do Nordeste brasileiro, nós vamos retomar algumas jazidas que lá existem e licitar para quem se interessar. Já sobre a Amazônia (região do município de Nova Olinda) é mais complicado por ser a terceira maior bacia de potássio do mundo, possivelmente, a gente faça uma política de forma que uma holding dos setores público, privado, cooperativo e as indústrias misturadoras que tiverem interesse participem da pesquisa e da exploração desse minério".

Saab disse, no entanto, que essas são estratégias de longo prazo, entre seis e 10 anos. A curto prazo, ele aponta o uso de tecnologias alternativas ligadas à indústria de fertilizantes, para minimizar o problema da dependência externa, como por exemplo o uso de polímeros na fabricação de fertilizantes e de organismos solubilizadores para produção na agricultura orgânica.

Rodrigo Peixoto

Embrapa

(62) 3219-3484

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