Projeto contempla ações de prevenção de doença que afeta cultivos de alho e cebola

A inexistência de métodos efetivos para neutralizar e/ou minimizar a ação do patógeno levou a pesquisa a debruçar-se sobre a alternativa do uso de agentes de controle biológico

02.12.2015 | 21:59 (UTC -3)
Anelise Macedo

O manejo integrado de doenças é a principal vertente do projeto intitulado "Controle biológico e manejo integrado de Sclerotium cepivorum em cebola e alho no Brasil: abordagem baseada na caracterização de populações do patógeno e seus agentes de controle", desenvolvido pelo pesquisador da Embrapa Hortaliças (Brasília-DF) Valdir Lourenço Junior. O fungo Sclerotium cepivorum é o agente causador da doença conhecida como podridão branca, cuja ocorrência nas culturas de alho e cebola pode causar perdas totais da produção.

A inexistência de métodos efetivos para neutralizar e/ou minimizar a ação do patógeno levou a pesquisa a debruçar-se sobre a alternativa do uso de agentes de controle biológico integrada com outras medidas de manejo. Uma dessas medidas diz respeito, de acordo com o pesquisador, à utilização de sementes de cebola sadias ou bulbilhos e sementes de alho sadio. "Procuramos evitar a entrada do fungo na área, porque uma vez instalado é impossível a sua erradicação", anota Valdir, que aponta também como alternativa evitar o plantio em áreas já contaminadas.

Em execução, o projeto tem como principais linhas de ação identificar e selecionar métodos de controle biológico do fungo, integrando com outras medidas de manejo da doença. "Vamos procurar identificar, por exemplo, genótipos de alho e cebola com resistência parcial à doença, em um trabalho conduzido em condições de campo na Estação Experimental da Coopadap – Cooperativa Agropecuária do Alto Paranaíba, no município mineiro de São Gotardo, que possui uma área naturalmente infestada, o que não ocorre em Goiás e na região do Distrito Federal ", explica Valdir.

Segundo ele, as ações incluem a avaliação da eficácia de indutores de germinação das estruturas resistentes ao fungo na ausência de plantas hospedeiras, a biofumigação, a solarização do solo e o uso de fungicidas e outros compostos biológicos, "integrando essas medidas de manejo da doença".

Com relação à primeira medida, Valdir explica que em alguns países, como a Austrália, esse manejo é uma prática comumente utilizada: como ocorre a germinação dessas estruturas na ausência de alho e cebola, o fungo morre e, consequentemente, reduz a sua população na área. Já a biofumigação, outro método que pode ser utilizado no manejo da podridão branca, consiste na incorporação de extratos de plantas que produzem compostos prejudiciais ao desenvolvimento do fungo. "A ideia é tentar reduzir o inóculo do fungo em áreas infestadas, e em outras onde há ocorrências da doença recomendar essas medidas de controle para prevenir a entrada e o estabelecimento do patógeno".

Transferência de tecnologia

O projeto conta com um plano de ação voltado para a transferência de tecnologia, que prevê a realização de workshop e palestras itinerantes nas principais regiões produtoras de alho e cebola no Brasil – o cultivo de alho é bastante significativo em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais; já o da cebola é destaque em São Paulo e Minas Gerais.

A área de TT ainda contempla um levantamento das perdas provocadas pela podridão branca que, segundo o pesquisador, permitirá avaliar em quais áreas a incidência da doença é maior, "o que permitirá um direcionamento de esforços mais efetivos".

FAPDF

Além do Sistema de Gestão da Embrapa (SEG), o projeto em questão foi submetido e aprovado no Edital 03/2015 da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal – FAPDF.

Além de Valdir, foram também aprovados pela Fundação os projetos dos pesquisadores Ailton Reis, Núbia Correia, Warley Nascimento, Alexandre Morais, Alexandre Mello, Erich Nakasu, Ricardo Pereira e Rita Luengo.

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