AGCO marca presença em debate sobre “Macroeconomia e os reflexos no agronegócio”
“Mesmo com a crise atual, com absoluta certeza a AGCO vê o Brasil de forma muito positiva perante o agronegócio e a América do Sul"
A Embrapa disponibiliza a partir desta semana no Sistema de Observação e Monitoramento da Agricultura no Brasil (SomaBrasil) mapas inéditos e detalhados do uso e cobertura da terra no Cerrado Brasileiro. Trata-se do TerraClass Cerrado, um dos maiores esforços técnicos já realizados para especificar as condições do segundo maior bioma da América Latina (a Amazônia é o maior) e que ocupa dois milhões de km² ou 24% do território brasileiro. O estudo envolve 1.389 municípios de onze estados mais o Distrito Federal.
A equipe multidisciplinar envolvida levou 18 meses para concluir o trabalho. Os resultados, inéditos, mostram, por exemplo, que a maior parte do bioma Cerrado (54,5%) ainda mantém as características de vegetação natural, ou seja, sem alterações decorrentes da atividade humana. As áreas com pastagens plantadas perfazem 29,4%. A agricultura (anual e perene) totaliza 11,6% da área.
A partir da disponibilização das informações é possível conhecer todas as informações referentes ao uso e cobertura da terra por estado, município, bacia hidrográfica ou por outros recortes geográficos. É possível monitorar e compreender dinâmicas relacionadas aos recursos naturais e produção agropecuária da região.
Os pesquisadores fizeram o estudo a partir de 121 cenas processadas digitalmente do satélite Landsat 8. O pré-processamento e segmentação foram realizados em cada cena isoladamente, gerando um banco de dados geográficos. A área mínima mapeável teve resolução espacial de 6,25 hectares, o que permitiu separar doze classes de uso e cobertura no território: agricultura anual e perene, corpos d'água, mineração, área urbana, pastagens, silvicultura, solo exposto, natural florestal, savânico, campestre e mosaicos de ocupação.
Participaram do trabalho aproximadamente 50 cientistas e técnicos de cinco instituições - Embrapa, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama); Universidade Federal de Goiás (UFGO) e Universidade Federal de Uberlândia (UFU) sob coordenação do Ministério do Meio Ambiente. Pesquisadores e analistas da Embrapa Informática Agropecuária e da Embrapa Monitoramento por Satélite atuaram em todas as etapas do projeto, com destaque para o desenvolvimento metodológico do mapeamento e para classificação das áreas de agricultura anual e perene.
O TerraClass Cerrado foi financiado pelo Programa Iniciativa Cerrado Sustentável, conduzido pelo Ministério do Meio Ambiente. Ele conta com recursos financeiros do Global Environment Facility (GEF) por meio do Banco Mundial e do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio).
O estudo é considerado estratégico também pela relevância do bioma Cerrados. Trata-se da savana mais rica do mundo em biodiversidade, com uma flora de mais de 12 mil espécies e que nas últimas décadas tornou-se um dos maiores produtores de alimentos do mundo com o suporte de tecnologias adaptadas à região. A base de dados amplia a compreensão das dinâmicas ecológicas, econômicas e produtivas, permitindo gerenciar as relações entre pecuária, agricultura e meio ambiente e o aperfeiçoamento de estratégias de conservação.
É no Cerrado que estão localizadas as nascentes das bacias do Araguaia-Tocantins e São Francisco, além dos principais afluentes das bacias Amazônica e do Prata, conferindo uma importância estratégica em termos de disponibilidade de recursos hídricos. Para os especialistas envolvidos no projeto, o desafio é ampliar a produção agropecuária conservando a biodiversidade e reduzindo a pressão pela ocupação de novas áreas naturais por meio de estratégias voltadas ao aumento da produtividade e à integração de sistemas sustentáveis, como a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).
Edson Bolfe, um dos coordenadores do trabalho pela Embrapa, explica que os dados do TerraClass Cerrado devem ser atualizados a cada dois anos. "Eles permitem apoiar com maior precisão as ações de inteligência e macroestratégias relacionadas ao planejamento territorial e políticas públicas, como Plano ABC [Agricultura de Baixa emissão de Carbono] e o Plano de Desenvolvimento Agropecuário do Matopiba do Ministério da Agricultura". Além disso, Bolfe destaca que as informações geradas irão facilitar o monitoramento do uso das terras, a definição de áreas para a implantação de sistemas de ILPF e o estabelecimento de novos cenários da agricultura no Cerrado brasileiro, o que contribuirá, segundo ele, para o desenvolvimento rural sustentável.
O estudo é importante para ajudar a definir uma política de ocupação sustentável. A criação de políticas públicas voltadas para a sustentabilidade da agricultura pode se apoiar na implantação de tecnologias para o uso mais eficiente das áreas que já estão sendo ocupadas, de acordo com os pesquisadores da Embrapa Informática Agropecuária Alexandre Camargo Coutinho e Júlio César Dalla Mora Esquerdo, que também coordenaram o projeto.
"Apesar de a agropecuária representar pouco mais de 40% do total do bioma, é importante destacar que as atividades antrópicas de baixo impacto e pouco intensivas ou de subsistência, como as pastagens naturais, não foram delimitadas e discriminadas pelo mapeamento, ou seja, estão incluídas na classe natural. Portanto, existe uma área significativa para a intensificação dos processos produtivos com base em princípios de sustentabilidade. Assim, é possível expandir as áreas produtivas com políticas públicas que favoreçam o desenvolvimento em equilíbrio com a conservação do bioma", explica Coutinho.
Com a conclusão desta primeira versão do TerraClass Cerrado, agora são monitorados 73% do uso e cobertura da terra no Brasil, já que Embrapa e Inpe mantêm um sistema de monitoramento da Amazônia a partir de imagens de satélites e tecnologias de geoprocessamento (TerraClass Amazônia).
Os mapas e informações estão disponíveis no site do SomaBrasil e do Inpe.
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