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ara verificar os benefícios da utilização do sistema de plantio em camadas mais profundas do solo, quando comparado ao plantio convencional, foi conduzido um estudo na Embrapa Soja (Londrina-PR), em várias camadas de solo até a profundidade de 60 cm. Apesar dos relatos de agricultores e de trabalhos científicos que comprovam a contribuição do plantio direto para a conservação e o manejo sustentável do solo, a possibilidade de sequestro de carbono pelo plantio direto foi contestada pelo grupo coordenado pelo pesquisador do USDA/EUA John Baker, na revista Agriculture, Ecosystems and Environment, 2007. “Esta grupo de pesquisa afirmava que os incrementos na matéria orgânica do solo ocorrem somente na camada superficial do solo do plantio direto, até no máximo 30 cm, sendo inferiores aos teores encontrados no plantio convencional nas camadas mais profundas”, comenta a coordenadora do estudo, a pesquisadora da Embrapa Soja Mariangela Hungria.
Ao rever estes resultados, o grupo de pesquisa coordenado por Mariangela avaliou os níveis de carbono (C) e de nitrogênio (N) da matéria orgânica, além da biomassa microbiana, que contabiliza toda a massa de micro-organismos do solo, em uma camada de 0-60 cm de solo. Em comparação com o plantio convencional, o plantio direto aumentou os estoques de C (18%) e de N (16%) da matéria orgânica do solo, bem como o C (35%) e o N (23%) contidos na biomassa microbiana. O ganho do plantio direto, em comparação com o plantio convencional foi de 800 kg de C/hectare/ano. “Esses resultados representam um subsídio importante para os agricultores negociarem créditos de C pela adoção do plantio direto”, explica Mariangela.
Para a pesquisadora, os benefícios do plantio direto estão diretamente relacionados às melhores condições oferecidas aos organismos do solo. O estudo aponta que 70% da biomassa microbiana no plantio direto encontra-se na camada de 0-30 cm, sendo esse valor 82% superior ao da biomassa no plantio convencional “É essencial, portanto, cuidar dessa camada superficial do solo, evitando práticas inadequadas de manejo que possam resultar em perdas na atividade microbiana, pois aí está a verdadeira riqueza do PD”, afirma Mariangela.
A pesquisadora afirma que em vários estudos conduzidos nos últimos dez anos, conseguiu-se comprovar que os micro-organismos são os melhores indicadores de qualidade de solo, conseguindo detectar alterações de modo mais rápido e preciso do que qualquer outro parâmetro físico ou químico. “Agora não há mais dúvidas sobre os benefícios do plantio direto, pelo menos, para as condições da Região Sul do Brasil”, comenta Mariângela. Os resultados desse trabalho compuseram a dissertação de mestrado da aluna Letícia Babujia, orientada pela pesquisadora Mariangela e acaba de ser publicado na revista “Soil Biology and Biochemistry”, hoje em primeiro lugar na lista de revistas de maior impacto em ciência do solo.
Lebna Landgraf
Embrapa Soja
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