Aprosoja propõe agilidade para mecanismos de sustentação dos preços de milho
Alternativas para a safra de outono-inverno, além do milho safrinha, cultivado tradicionalmente em Mato Grosso do Sul, foram apresentadas em Dia de Campo na Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), no dia 04/07.
O evento apresentou resultados de pesquisa sobre o sistema de produção, as viabilidades técnica e econômica do cultivo do girassol, da canola, do crambe, do nabo forrageiro e do trigo no Estado. Ainda na programação o aperfeiçoamento do consórcio entre milho e brachiaria (urochloa) ruziziensis.
Segundo os pesquisadores da Embrapa, o objetivo não é substituir o milho safrinha, cultura já consolidada no Estado e com boa rentabilidade. Em um primeiro momento, a intenção é utilizar as áreas que ficam ociosas no outono-inverno com outras culturas. "Dados de análise econômica mostram que é totalmente inviável o produtor deixar áreas em pousio", explica o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Cesar José da Silva. Em Mato Grosso do Sul, aproximadamente 750 mil hectares estão em pousio, ou seja, com o solo descoberto nessa última safra de outono-inverno. "São áreas adequadas para serem incluídas nesse sistema de produção que estamos propondo. Isso vai promover maior diversificação do sistema de produção, aumentar a renda dos produtores, quebrar o ciclo de doenças, pragas e plantas daninhas e, consequentemente, ofertar mais óleo vegetal para os produtores de biodiesel no Estado", disse Cesar.
Segundo Cesar, outro ponto é dar opções para que o produtor possa planejar para não ficar dependente do milho safrinha, quando o preço no mercado não estiver tão atrativo e quando o clima não for tão favorável. "Nessas áreas, o produtor pode fazer um planejamento de rotações de culturas, utilizar o milho safrinha dentro da melhor época recomendada para seu plantio. E parte da área, onde estava a soja de ciclo médio ou mais tardio, ou onde a época de plantio foi um pouco mais atrasada, o agricultor pode entrar com outras opções, realizando a rotação de culturas, fazendo a colheita e gerando renda", diz Cesar.
Para o pesquisador da Embrapa Trigo, Marcio Akira Ito, o trigo tem apresentado preços mais atrativos que o milho safrinha neste ano: enquanto o milho (sc 60kg) está cotado em R$ 20,00, o trigo tem se mantido em R$ 30,00. Em Mato Grosso do Sul, o trigo está sendo entregue à R$ 48,00 a saca. Mesmo assim, o milho safrinha cresceu +18%, enquanto o trigo sofreu queda de -33% (dados Conab, julho2013). O desafio do trigo está em superar os baixos rendimentos, que oscilam em torno de 1.800 kg/ha nos cultivos de sequeiro. “De qualquer forma, o trigo é uma excelente opção para interromper o ciclo de pragas e doenças que afetam as culturas do milho e da soja, além do efeito supressor de plantas daninhas”, esclarece Ito. A área de trigo estimada para esta safra é de 10 mil hectares no MS.
A canola é outra cultura que começou a despertar interesse dos produtores no estado, principalmente em função da demanda do parque industrial de extração de óleos instalado na região. Assim como o girassol, a canola é uma oportunidade para aumentar a produção de óleo, ofertando matéria-prima numa período de sazonalidade da soja e reduzindo a ociosidade da indústria, maquinário e mão-de-obra. Além disso, o preço da canola é equiparado à soja, garantindo ganho e liquidez na comercialização.
Participam das pesquisas com cultivos de inverno Alceu Richetti (avaliação econômica de diferentes cultivos), Cesar José da Silva (oleaginosas de inverno para diversificação dos sistemas de produção), Gessí Ceccon (consórcio milho-braquiária), Germani Concenço (supressão de plantas infestantes) e Marcio Akira Ito (cultivares de trigo).
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