Adoção e impacto de tecnologias no Projeto BioFORT
A década de 1970 foi um divisor de águas para Londrina e para o norte do Paraná. Essa década marcou o fim da era de ouro do café e iniciou nova fase para a economia e o desenvolvimento da região. Embora os grãos tenham se tornado o novo carro-chefe da agricultura, o café nunca deixou de ser relevante. Um reflexo disso foi a criação, em 29 de junho de 1972, do Instituto Agronômico do Paraná – Iapar, instituição co-fundadora e participante do Consórcio Pesquisa Café, cujo programa de pesquisa é coordenado pela Embrapa Café. Implantado a partir dos esforços de lideranças políticas e empresariais, o Instituto recebeu recursos de organismos ligados ao setor: US$ 2 milhões somente da Organização Internacional do Café - OIC. Além disso, foi criada infraestrutura e contratado corpo técnico para pesquisar novas tecnologias para o setor.
Entre as contribuições do Iapar para a cafeicultura pode-se citar o controle biológico de pragas, o manejo de solo por meio da adubação verde e o lançamento de novas variedades. Também vale ressaltar o serviço do Alerta Geada (http://www.iapar.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=414), que informa e orienta o agricultor sobre a ocorrência de geadas para proteger novos cafezais, e ainda o sistema de café adensado (http://www.iapar.br/arquivos/File/zip_pdf/ct121.pdf), adequado à nova realidade da cafeicultura paranaense e baseado em pequenas propriedades e na necessidade de plantas menores por conta da escassez de mão-de-obra.
Consórcio Pesquisa Café - A partir de 1997, com a criação do Consórcio Pesquisa Café, as pesquisas do Iapar se intensificaram. O diretor técnico-científico do Iapar, Armando Androcioli Filho, salienta a importância do Consórcio para outros avanços que a instituição obteve ao longo das últimos anos. “O Consórcio contribuiu significativamente para que conseguíssemos, por exemplo, aumentar a produtividade média no estado de sete para 24 sacas beneficiadas por hectare”, elenca o diretor. Ainda de acordo com ele, outro fator fundamental foi a melhoria da qualidade do café paranaense e da transferência de tecnologia. “Com o Consórcio, pudemos implementar a metodologia do Treino e Visita, que atualmente é referência no País”, finaliza.
Conheça algumas tecnologias e serviços desenvolvidos com apoio do Consórcio:
Genoma Café - O Instituto teve papel importante no sequenciamento do genoma do café e atualmente vem trabalhando em parceria com o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento - Cirad, da França, Universidade de Campinas - Unicamp e Embrapa Café para a criação de variedades de boa qualidade de bebida e resistentes à seca. O projeto do Genoma Café desenvolveu, numa primeira fase, o sequenciamento do genoma café, resultando na construção de um banco de dados com mais de 200 mil sequências de DNA. Isso permitiu a identificação de mais de 30 mil genes, responsáveis pelos diversos mecanismos fisiológicos de crescimento e desenvolvimento do cafeeiro. Esses estudos vão permitir diminuição no custo de produção, mais sustentabilidade e produtividade para as lavouras e melhoria da qualidade da bebida.
Cultivares - O Iapar desenvolveu 13 cultivares de café, boa parte delas com apoio e recursos do Consórcio. Dessas cultivares, seis foram lançadas e comercializadas: Iapar 59, IPR 98, IPR 99, IPR 100, IPR 103 e IPR 107. As cultivares Iapar, IPR 98 e IPR 107 são umas das poucas no mundo que têm resistência de longa duração (cerca de 30 anos) a uma super-raça de ferrugem originada na Índia. Os testes foram feitos pelo Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro - CIFC, em Portugal. Sete delas ainda não foram lançadas. São elas: IPR 97, IPR 101, IPR 102, IPR 104, IPR 105, IPR 106 e IPR 108.
Alerta Geadas – A tecnologia está em uso desde 1995, mas com a criação do Consórcio houve maior aporte de investimento e divulgação para todo o Brasil. No Paraná, permite proteção das lavouras novas, de 6 meses a 2 anos. Quando há previsão de geada, um alerta é disparado para os produtores cadastrados no projeto. Com a previsão da geada os produtores são orientados a fazer o chamado “enterrio” da planta, que devem ficar cobertas por, no máximo, 20 dias, protegidas contra as geadas de moderadas a fortes. O Alerta Geada também dispara o aviso, no começo de todo inverno com o primeiro resfriamento, para outra técnica, a “chegada de terra”, que consiste em amontoar a terra na base das plantas para protegê-las do frio. A última geada registrada no estado foi em 2000, nesse ano, o alerta foi atendido por 100% dos produtores de café da região. R$ 21 milhões em prejuízos aos produtores de café no Paraná foram evitados com o Alerta Geada.
Programa Treino e Visita (http://www.sapc.embrapa.br/index.php/ultimas-noticias/metodo-treino-a-visita-de-transferencia-de-tecnologias-fortalece-cafeicultura-do-parana) – É um projeto que inova o processo de transferência de tecnologia desde 1997. O projeto consiste em ações promovidas junto a produtores de café que recebem capacitações sobre as tecnologias que interessam para sua produção. As tecnologias, resultados de pesquisa, são repassadas por pesquisadores para especialistas de extensão técnica na região. Estes, por sua vez, repassam as tecnologias para um grupo de agrônomos que são encarregados de transmiti-las para os produtores. Essa rede integrada capilariza as tecnologias, fazendo com que elas cheguem ao campo e também permitem que, no caminho inverso, captando as demandas dos produtores. Entre os resultados pode-se destacar cerca de cinco novas tecnologias transferidas por ano de acordo com as necessidades dos produtores. Em 16 anos, por volta de 70 tecnologias foram transferidas para até 1.500 produtores por ano.
Produção no PR – O Paraná tem hoje pouco mais de 82 mil hectares de cafezais. São aproximadamente 12.000 propriedades, a maioria (80%) de produção familiar, com menos de 50 hectares. A previsão para a safra 2013 é de 1,7 milhões de sacas, aproximadamente. E, graças ao trabalho do Iapar, os cafeicultores paranaenses conseguem uma bebida de reconhecida qualidade, que vem conquistando prêmios em diversos concursos nacionais.
Mestrado – A conquista mais recente do Iapar é a entrada na área acadêmica com a implantação do Mestrado em Agricultura Conservacionista. As aulas tiveram início em março de 2013 e, naturalmente, a cafeicultura está contemplada em linhas de pesquisas sobre controle de pragas e doenças, manejo do solo, melhoramento genético e outros temas ligados à produção ambientalmente sustentável.
A implantação do mestrado é, na verdade, a formalização de um trabalho já amadurecido no dia a dia. Há muitos anos os pesquisadores acolhem estagiários de iniciação científica e pós-graduandos de mestrado e doutorado interessados em desenvolver seus trabalhos de dissertação nos campos experimentais e laboratórios da instituição.
Avanços da cafeicultura no Brasil – Segundo o Informe Estatístico do Café - Dcaf/Mapa - a produção e a produtividade do café, em 1997, quando da criação do Consórcio Pesquisa Café, era de 2,4 milhões de hectares de área cultivada, com produção de 18,9 milhões de sacas de 60kg e produtividade de 8,0 sacas/hectare. Passados 16 anos, em 2013, de acordo com o segundo levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento – Conab (maio/2013), com praticamente a mesma área cultivada – 2,3 milhões de hectares - o País deverá produzir 48, 5 milhões de sacas, com uma produtividade de 23,8 sacas/ha.
Consórcio Pesquisa Café – Criado em 1997, congrega instituições de pesquisa, ensino e extensão localizadas nas principais regiões produtoras do País. Seu modelo de gestão incentiva a interação das instituições e a otimização de recursos humanos, físicos, financeiros e materiais. Foi criado por dez instituições: Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola - EBDA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - Epamig, Instituto Agronômico - IAC, Instituto Agronômico do Paraná - Iapar, Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - Incaper, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento -Mapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro - Pesagro-Rio, Universidade Federal de Lavras - Ufla e Universidade Federal de Viçosa - UFV.
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