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Estudo conduzido por pesquisadores da Embrapa em três áreas abrangendo a Região Sul do País e parte de São Paulo mostra que, caso o cenário de mudanças climáticas projetado se confirme, a produtividade e a capacidade de armazenar carbono em cultivos de eucalipto serão alterados em duas delas. Mesmo assim, elas continuarão aptas ao cultivo; e uma das áreas poderá sofrer pouco impacto na produtividade.
Foi analisada, também, a capacidade de emissão e remoção de carbono em solos cultivados com eucalipto. Entre os locais avaliados, os situados no Paraná e em Santa Catarina são os que apresentam as menores alterações climáticas futuras para produção da espécie. Os estudos foram feitos com apoio da Klabin.
Por ter utilizado os dados do modelo HADGEM2-ES, considerado a projeção de cenário de mudanças climáticas mais atual, esse é o primeiro estudo que consegue trabalhar com uma escala temporal de dez anos, quando trabalhos anteriores conseguiam predizer cenários para intervalos de somente 30 anos. Segundo os pesquisadores Eduardo Assad, da Embrapa Informática Agropecuária, e Josiléia Zanatta, da Embrapa Florestas, que coordenaram os estudos, a intenção é subsidiar o planejamento da silvicultura brasileira e direcionar esforços de pesquisa científica para mitigação e adaptação a possíveis impactos. “O potencial produtivo dos plantios de eucalipto, especialmente no Brasil, é muito superior a outras regiões do globo, com poucas exceções. Por isso, análises das projeções de mudanças climáticas e impacto nas espécies tornam-se ferramentas estratégicas para o setor de base florestal”, pondera Assad.
Os cenários futuros utilizados neste estudo foram gerados pelo HADGEM2-ES, RCP 8.5. O cenário RCP 8.5 é o mais extremo dentre aqueles indicados pelo IPCC. Entretanto, atualmente, considerando o fluxo de emissões de CO2, esse é o cenário mais realista em termos de aquecimento global. Esse modelo foi abastecido com informações das séries temporais e simulou o comportamento
Foram compiladas informações de três regiões com cultivo de eucalipto: Itapetininga (SP), Telêmaco Borba (PR) e Otacílio Costa (SC), por estarem entre aquelas que, além de tradição no cultivo do eucalipto, apresentam dados e séries históricas climáticas consistentes. “O período ideal de um estudo de modelagem climática deve abranger séries com no mínimo 30 anos de dados e que estejam atualizadas até o presente. Trabalhamos com séries climáticas do período de 1980 a 2010”, explica Assad.
Foram, então, analisadas as variáveis meteorológicas que afetam o crescimento, o desenvolvimento e a produtividade do eucalipto, como chuva, temperatura do ar, evapotranspiração e deficiência hídrica. No caso do eucalipto, os principais riscos climáticos avaliados foram quantidade e frequência de seca intensa; temperatura mínima (considerando a ocorrência de geada); temperatura média; evapotranspiração potencial e deficiência hídrica. Com a adoção da metodologia do Zoneamento de Risco Climático (Zarc), as alterações projetadas nessas variáveis foram relacionadas à quantidade de água que supre a demanda da cultura (tecnicamente conhecida como “índice de satisfação de água no solo”), e às características de solo. Com isso, foi possível projetar as possíveis alterações na produtividade e no carbono da floresta (biomassa vegetal), para os períodos futuros, de 2025 a 2035.
O eucalipto é o gênero florestal mais plantado no País, responsável por abastecer com matéria-prima uma gama variada de setores da economia, como papel/papelão/embalagens, celulose, geração de energia para agropecuária e siderurgia, construção civil, movelaria, resinas, bioprodutos, entre outros.
A pesquisa analisou tanto as condições de cultivo quanto o impacto na produtividade, além do potencial e acúmulo de carbono na biomassa florestal e no carbono no solo.
Para as regiões estudadas, as projeções indicam que em Telêmaco Borba e Otacílio Costa haverá aumento da temperatura e da deficiência hídrica, porém com valores de deficiência hídrica inferiores ou próximos de 200 mm/ano, o que não interfere na produtividade do eucalipto. A exceção é a região de Itapetininga onde, ao longo dos anos, as estimativas apontam aumento de deficiência hídrica, o que poderá comprometer a produtividade do eucalipto. Isso faz com que essa região seja classificada como de médio a alto risco climático no futuro.
Outra conclusão do estudo é que a deficiência hídrica não é um fator limitante para a produção do eucalipto, exceto para as regiões limítrofes entre o estado do Paraná e de São Paulo que, nos períodos analisados entre 2021 e 2040, poderá chegar a valores de redução de chuvas superiores a 300 mm/ano.
“Essa classificação aponta um direcionamento para investimentos e de esforços de pesquisa em apoio à eucaliptocultura, que já vemos acontecendo no setor de base florestal, mas que precisam ser cada vez mais estimuladas e coordenadas”, defende José Totti, diretor florestal da Klabin, empresa que colaborou com a pesquisa. “O Brasil é considerado uma das lideranças na silvicultura de eucalipto, com desenvolvimento de tecnologia de ponta e esta deve ser vista como mais uma oportunidade para empresas, universidades e centros de pesquisa seguirem com desenvolvimento de tecnologias para que o país continue tendo destaque mundial. De fato, já há um grande esforço conjunto para diminuir os riscos, tanto no desenvolvimento de novos materiais genéticos como de técnicas silviculturais e manejo ambiental”, completa Erich Schaitza, chefe-geral da Embrapa Florestas. “As mudanças de escala espacial e temporal em futuras análises são fortemente recomendadas”, completa Assad.
Segundo dados da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), o setor de árvores plantadas possui, hoje, 9 milhões de hectares cultivados especialmente com eucalipto e pínus. O setor conta, ainda, com outros 5,9 milhões de hectares destinados para Áreas de Preservação Permanente (APPs), Reserva Legal (RL) e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN).
A área de influência soma mais de mil municípios, gerando 1,3 milhão de postos de trabalho, com um efeito renda que chega a 3,75 milhões de pessoas ocupadas. A receita bruta total somou R$ 97,4 bilhões em 2019.
Como as alterações nos padrões climáticos estudados afetam a produtividade das culturas florestais, acabam também por afetar os estoques de carbono contidos na floresta. Isso também afeta o potencial de remoção de carbono das florestas plantadas.
“Algumas regiões serão mais impactadas que outras, assim como alguns ambientes ou sítios de produção podem ser mais suscetíveis, dependendo das suas características”, explica Josiléia Zanatta. “Também é importante ressaltar que as perdas não devem ser restritas ao carbono armazenado na biomassa vegetal, uma vez que florestas plantadas são transformadas em produtos florestais que podem também ser drenos de carbono por longos períodos, dependendo da manufatura a que se destina”, completa.
A pesquisa apontou que as regiões estudadas vão continuar com elevado potencial de acúmulo de carbono. O cenário de mudança climática projetado vai impactar em menos de 10% na quantidade de carbono sequestrado, dependendo da região. Novamente, a mais afetada será a região de Itapetininga. “Em Telêmaco Borba as perdas serão pequenas e, em Otacílio Costa, não haverá perdas nesse potencial, considerando os dados e as premissas adotadas no estudo”, reforça Zanatta.
Apesar da aparente resiliência que os dados relativos colocam sobre a taxa anual de incremento de carbono na floresta, as perdas acumuladas em termos absolutos (menos de 10%) são significativas e podem chegar na região analisada a mais de oito milhões de toneladas de carbono em 2035, representando perda de 2,5% do carbono armazenado nas florestas, nos estados de SP, SC e PR. Mas, como é uma área com potencial de expansão e, caso mantido o ritmo de crescimento na área plantada, a região deve responder por aproximadamente 320 milhões de toneladas de carbono sequestrado pelas florestas de eucalipto em 2035, demostrando o elevado potencial dessa região em contribuir para a qualidade ambiental e as políticas de controle das mudanças climáticas.
Outra opção para quem investe em plantios florestais é a comercialização de carbono na forma de créditos, uma vez que a região estudada responde por quase 20% da área cultivada com eucalipto no País. “Essa oportunidade de comercialização de créditos de carbono dos plantios florestais deve ser beneficiada também pelos estoques de carbono do solo”, aponta Zanatta. O impacto das florestas plantadas nos estoques de carbono no solo depende muito mais do uso anterior deste solo do que de condições climáticas. “Uma vez que os plantios nessas regiões têm se expandido sobre usos já consolidados como pastagens e agricultura, pode-se esperar um aumento dos estoques de carbono no solo, ampliando os benefícios ambientais das florestas plantadas”, conclui.
As melhores estratégias para proteger os plantios florestais da perda de potencial produtivo e, por consequência, manter a capacidade de mitigação de gases de efeito estufa envolvem ações de pesquisa em duas vertentes principais: seleção e melhoramento genético e adaptação de práticas de manejo visando menor risco de impacto. Nesse contexto, inúmeras ações podem ser realizadas:
- Identificação de variedades mais adaptadas (resistentes/tolerantes) às alterações causadas pelas mudanças climáticas, como aumento da concentração de CO2, ocorrência de seca, resistência aos eventos de calor, entre outros. O uso de marcadores moleculares é uma das ferramentas a ser utilizada;
- Planejamento da paisagem e inserção de plantios em mosaicos de uso da terra visando conservação de água;
- Descoberta e emprego de mecanismos genéticos, moleculares, bioquímicos e fisiológicos que auxiliam os cultivos a se adaptarem a estes estresses;
- Pesquisa sobre genes que conferem resistência e/ou tolerância às alterações climáticas para adaptação, com valor biotecnológico;
- Pesquisas e adaptação das culturas às novas pragas e doenças que podem se tornar problemas fitossanitários com o desequilíbrio climático;
- Práticas silviculturais que possam ser preponderantes para maior resiliência dos cultivos florestais, resultando, principalmente, em maior eficiência no uso dos recursos como água, luz e nutrientes.
Plantios florestais tanto podem sofrer as consequências das mudanças climáticas quanto atuar fortemente no potencial de mitigação de riscos de impactos, uma vez que são importantes mecanismos de sequestro de carbono.
Estudo publicado em 2015 demonstrou que, mundialmente, entre 1991 e 2015, as florestas plantadas foram responsáveis por um sumidouro médio de aproximadamente 1,1 gigatonelada de carbono ao ano. Desde o estabelecimento da convenção de mudanças climáticas em 1992, tem-se observado um rápido e complexo reconhecimento do papel das florestas na política das mudanças climáticas globais, seja pelo compromisso do protocolo de Kyoto, das ações de mitigação nacionalmente apropriadas, mecanismo de REDD+ ou mesmo pelo Acordo de Paris.
Entre as ações que o país tem colocado em prática estão o Plano Nacional de Florestas Plantadas, publicado no fim de 2017, em que uma das metas é expandir a área de plantios florestais em dois milhões de hectares; e o Plano ABC, que incentiva e financia práticas como plantio direto na palha, integração lavoura-pecuária, integração lavoura-pecuária-floresta, integração floresta-pecuária, sistemas agroflorestais, reflorestamento e fixação biológica de nitrogênio. O Plano ABC está em andamento, com discussões sobre sua continuidade e aprimoramento com o Plano ABC+ e deverá se alinhar ao Plano Nacional de Florestas Plantadas e buscar criar condições para aumentar a área de plantios florestais no país. As ações apresentadas pelo Brasil no Acordo de Paris, que é um tratado no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima para reduzir as emissão de gases estufa a partir de 2020, a fim de conter o aquecimento global abaixo de 2ºC, prevê ampliação e recuperação de 12 milhões de hectares de florestas até 2030.
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