Os cuidados que o produtor deve tomar na colheita do tabaco

16.11.2011 | 21:59 (UTC -3)
Eliana Stülp

A colheita do tabaco possui algumas peculiaridades. No Brasil, ela nem sempre é realizada de forma simultânea, variando de acordo com a região. No Rio Grande do Sul, alguns produtores já iniciaram a colheita da safra 2011/2012. Além das recomendações técnicas, é muito importante que os produtores sigam as recomendações fornecidas pelas empresas, no que diz respeito à saúde e segurança. O SindiTabaco (Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco) preparou um roteiro com orientações do vice-presidente de Produção e Qualidade de Tabaco do Sindicato, Claudimir Rodrigues, para este importante momento da safra.

As características que determinam o momento da colheita variam de acordo com o tipo de tabaco. Uma folha de tabaco tipo Burley está no ponto correto de colheita se apresentar folhas com cor tigrada, talo esbranquiçado, pouca presença de "spots" nas últimas folhas. Por outro lado, a identificação de maturidade do tabaco tipo Virginia é feita pelo talo esbranquiçado, perda de pilosidade, folha que quebra fácil no caule e que estalam ao serem quebradas, além da presença de manchas necróticas. Para identificar se as folhas já estão no ponto de colheita, recomenda-se que avalie a lavoura nas primeiras horas da manhã. Isso porque, em períodos de estiagem, as folhas do tabaco mesmo sem estar maduras apresentam a cor amarelada, especialmente nas horas mais quentes do dia. É importante observar que os extremos "imaturo" e "passado de maduro" normalmente não são desejados pelo mercado. Se o tabaco estiver imaturo, a antecipação da colheita vai impactar negativamente na qualidade do tabaco curado. Recomenda-se aguardar o ponto ideal de maturação para a realização da colheita.

Alguns cuidados são fundamentais no momento de colher o tabaco. Nas condições de baixa umidade do ar em função da estiagem, a colheita deve ser feita nas horas mais frescas do dia para evitar a “queima” das folhas no pós-colheita. Isto também ajudará no processo de cura, quando as folhas necessitam de maior umidade para realizar as transformações químicas e físicas para atingir a melhor qualidade. O produtor também deve seguir as recomendações da Campanha Colheita Segura, promovida pelo SindiTabaco, que abrangem os seguintes cuidados:

• Utilizar vestimentas de proteção e luvas específicas para a colheita, evitando o contato direto das folhas com a pele;

• Evitar colher o tabaco quando as folhas estiverem molhadas pela chuva ou orvalho;

• Dar preferência aos horários menos quentes para realizar a colheita.

No transporte da lavoura até os fornos, é importante a proteção das folhas para evitar a queima pelos raios solares e a perda de qualidade do produto.

O tabaco necessita de umidade para realizar as transformações químicas e físicas necessárias para atingir a qualidade. Nas condições de baixa umidade do ar, é importante que haja uma boa vedação nas estufas. Caso persista a umidade interna na estufa inferior à necessária, o produtor poderá adicionar água no seu interior para aumentar umidade relativa do ar. Para aquecer as estufas, a lenha de origem legal tem sido o principal combustível. As indústrias fomentam o reflorestamento com espécies exóticas de rápido crescimento e alto poder calorífico, facilitando assim o acesso do produtor a materiais de alta qualidade.

Após a cura, o tabaco deve permanecer armazenado em um paiol apropriado, livre de qualquer contaminação, para uniformizar a cor, brilho e liberar os aromas. O produtor precisa garantir a armazenagem do produto em um ambiente livre de umidade. As folhas curadas absorvem rapidamente a umidade disponível no ambiente e em situações de excesso, pode ocorrer a formação de mofo, o que interfere negativamente na qualidade do produto. O paiol deve ser construído com boas vedações e estar limpo para receber o tabaco. Recomenda-se ainda que o paiol seja utilizado exclusivamente para o tabaco.

Campanhas de conscientização e pesquisas sobre novas tecnologias para a produção de tabacos mais limpos e íntegros são atividades constantes das empresas do setor, como forma de manter o produto brasileiro como o mais limpo do mundo, assegurando, assim, a competitividade no mercado internacional.Os cuidados para evitar material estranho ao tabaco começam já na colheita. É necessário que o produtor tenha o cuidado de não trazer para a estufa fragmentos de inços que podem ter se desenvolvido entre as plantas de tabaco. O processo de classificação do tabaco permite que o produtor identifique e elimine possíveis materiais estranhos. O SindiTabaco, por meio de suas empresas associadas, desenvolveu o Programa Tabaco Limpo que visa conscientizar os agricultores de que eliminação de materiais estranhos e odores atípicos garantem a qualidade do produto, sinônimo de bom negócio para todos os envolvidos no processo. Este programa complementa as ações já desenvolvidas pelas indústrias do setor de forma individual junto aos seus produtores integrados.

Mais informações poderão ser obtidas no site da entidade em

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