Projeto facilita benefício a agricultor que perder safra
Após aprovação no Plenário do Senado, proposta segue para sanção
Equipe de entomologistas da Universidade de Melbourne, na Austrália, investigou os efeitos comportamentais de uma infecção bacteriana em Myzus persicae (pulgão-verde). A pesquisa teve como foco o impacto do endossimbionte Candidatus Rickettsiella viridis, conhecido por causar alterações fisiológicas no inseto, como a coloração verde escura e a redução da fecundidade. O estudo explorou se essas mudanças também influenciariam o comportamento dos pulgões frente à predação por joaninhas (Hippodamia variegata).
Os cientistas compararam dois grupos de pulgões: um infectado com Rickettsiella (linha RCL+) e outro não infectado (linha RCL-), ambos geneticamente idênticos. Os testes em plantas inteiras de Brassica rapa var. chinensis analisaram preferências de micro-habitat, produtividade em cada lado e reações à presença de joaninhas predadoras.
A infecção com Rickettsiella não alterou a produtividade reprodutiva nem a preferência média por superfícies foliares. No entanto, pulgões infectados mostraram comportamentos mais consistentes ao longo do tempo. A linha RCL+ variou menos na escolha da superfície da folha, enquanto a linha RCL- apresentou flutuações maiores, possivelmente ligadas a uma maior mobilidade ou sensibilidade a estímulos ambientais.
Em condições com presença de predadores, os pulgões infectados passaram a ocupar mais frequentemente a face superior da folha, comportamento não observado nos não infectados.
Apesar disso, os experimentos de escolha não indicaram preferência das joaninhas por nenhum dos grupos, sugerindo que a infecção não afeta a atratividade dos pulgões para os predadores. Também não houve diferenças na taxa de predação entre os grupos.
O experimento com populações mistas confirmou a ausência de seleção por parte das joaninhas. A distribuição de pulgões verdes (infectados) e amarelos (não infectados) permaneceu próxima de 50% após a intervenção dos predadores. Além disso, a escolha das superfícies foliares por ambos os grupos não indicou separação de nicho ecológico.
A pesquisa mostra que a introdução de endossimbiontes pode gerar mudanças comportamentais discretas nos hospedeiros, sem comprometer a eficiência de agentes de controle biológico como as joaninhas.
O uso combinado de Rickettsiella e predadores naturais pode representar uma estratégia viável no manejo integrado de pulgões, especialmente considerando a crescente resistência aos inseticidas químicos.
Não foram observados ganhos reprodutivos associados à escolha de superfície foliar. Em dez dias de observação com gaiolas de clipe, o número de ninfas produzidas por fêmea adulta foi semelhante entre as linhas RCL+ e RCL-, tanto na face superior quanto inferior das folhas. Isso indica que o valor nutricional das duas superfícies pode ser equivalente para essa espécie de pulgão.
As diferenças de variância observadas nos dados de escolha de superfície sugerem que o endossimbionte modula a consistência comportamental. Em gráficos individuais, a linha RCL+ apresentou padrões de ocupação mais estáveis. Essa estabilidade pode resultar em vantagens ou desvantagens contextuais, a depender de fatores ambientais como chuvas, temperatura e radiação UV.
A confirmação da infecção foi feita por testes de PCR quantitativo (qPCR) e por análise da coloração corporal. Pulgões infectados exibiram coloração verde escura, enquanto os não infectados mantiveram o tom amarelo característico da espécie. Essa diferença permitiu distinguir facilmente os grupos nos testes comportamentais.
O estudo destaca a importância de considerar variáveis comportamentais, e não apenas reprodutivas, ao avaliar o uso de microrganismos como agentes de controle. Embora Rickettsiella não tenha aumentado a vulnerabilidade dos pulgões a predadores, também não reduziu sua eficiência. Isso favorece o uso integrado em programas de manejo biológico.
Outras informações em doi.org/10.1093/aesa/saaf034
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura