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Apesar da entrada em vigor de tarifas de 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o mercado da soja no Brasil segue sustentado por prêmios elevados e forte demanda externa, enquanto a colheita do milho avança com ritmo firme, mas enfrenta desafios nas exportações devido à competitividade dos EUA e preços pouco atraentes para os produtores. É o que aponta a Análise do Especialista Grão Direto desta semana. Confira:
Início do tarifaço: taxas de 50% contra o Brasil entraram em vigor nesta semana. Com isso, parte dos produtos brasileiros vai pagar a mais alta taxa do mundo para entrar nos EUA.
Exportações e prêmios continuaram sustentando: mesmo com a queda em Chicago, a boa procura lá fora e os prêmios ainda altos nos portos seguraram os preços da soja aqui no Brasil.
Safra dos EUA: projeções continuaram otimistas para a safra norte-americana e uma demanda internacional ainda fraca, provocada, principalmente, pela ausência da China.
Em Chicago, o contrato de soja para agosto de 2025 encerrou a US$ 9,67 por bushel, uma leve alta de 0,52% na semana. Já o contrato para março de 2026 recuou, fechando a US$ 10,22 por bushel, uma desvalorização de 0,10%. O dólar caiu 1,98%, encerrando a semana cotado a R$ 5,44. A tendência predominante no mercado físico foi de estabilidade, principalmente por conta dos prêmios portuários que continuam altos.
Exportações seguem firmes: a programação de embarques nos portos brasileiros da soja para agosto aponta o maior volume registrado nos últimos cinco anos, indicando uma demanda aquecida pelo grão sul-americano, de acordo com a Anec. Até o fim de julho, o Brasil já havia exportado 77,23 milhões de toneladas, e ainda precisa embarcar mais 24,87 milhões até dezembro para alcançar a meta anual de 102,1 milhões de toneladas. Com 19 semanas restantes, isso representa um desafio logístico, exigindo média de 1,31 milhão de toneladas por semana: um ritmo elevado, mas ainda factível, especialmente diante da preferência chinesa pela soja brasileira, enquanto a safra americana ainda não entrou no radar de compras.
Apesar do bom desempenho da soja, o milho começa a ganhar espaço neste período do ano. Com a colheita avançando e os terminais portuários iniciando a migração para a operação do cereal, cresce a participação do milho nos embarques, ao passo que a janela de escoamento da oleaginosa começa a se fechar gradualmente.
Prêmios brasileiros em alta: apesar da pressão das quedas em Chicago e da valorização do real frente ao dólar, os prêmios elevados continuam sendo um dos principais pilares de sustentação do mercado da soja. Esse cenário tem favorecido o avanço dos negócios, principalmente com a soja da safra passada, que teve uma semana bastante aquecida.
A falta de avanços nas tratativas comerciais entre Estados Unidos e China segue dando protagonismo à soja sul-americana no mercado internacional, mantendo sua atratividade e impulsionando a demanda global. No entanto, esse ritmo pode perder força nas próximas semanas, já que é praticamente certo que a China volte a comprar a oleaginosa dos EUA, com a aproximação da nova safra americana.
Relatório de Oferta e Demanda: no próximo dia 12, o USDA divulgará uma nova atualização dos dados globais de oferta e demanda, e o mercado espera um aumento nos estoques finais da nova safra, reflexo de uma possível desaceleração nas exportações dos Estados Unidos. A produtividade também deve ser revisada para cima, elevando a produção total graças às boas condições climáticas que vêm favorecendo o desenvolvimento das lavouras.
Essa expectativa de maior oferta e estoques em recuperação deve pressionar os preços, especialmente na Bolsa de Chicago. A demanda externa mais fraca, com destaque para a redução nas compras chinesas, poderá ampliar esse movimento.
Cenário macroeconômico: as apostas de corte de juros nos Estados Unidos em setembro ganharam força após dados mais fracos do mercado de trabalho, mesmo persistindo incertezas até a divulgação de novos indicadores econômicos. Enquanto isso, integrantes do Banco Central do Brasil reafirmam que não hesitarão em manter os juros do país nos patamares mais altos por mais tempo, ou até mesmo elevá-los, caso não haja convicção de que a inflação esteja convergindo de forma sustentável para a meta.
Além disso, o ambiente geopolítico instável e as guerras tarifárias, que seguem no radar do mercado, devem adicionar uma dose extra de volatilidade à moeda americana, mas com menos surpresas. A combinação desses fatores mantém o Brasil em uma posição favorável para continuar atraindo capital estrangeiro, o que, consequentemente, pode seguir pressionando o dólar. As cotações de Chicago seguirão pressionadas pela boa evolução das lavouras nos EUA, pelas projeções do Relatório de Oferta e Demanda e pela ausência da China nas compras. No Brasil, os prêmios podem continuar dando suporte aos preços, podendo oferecer janelas de oportunidade caso haja algum movimento positivo em Chicago.
Colheita seguiu avançando: com o clima colaborando, a colheita seguiu firme durante a semana e já passou dos 80% no Brasil, segundo a Conab. Os destaques ficam com Piauí, Tocantins e Mato Grosso, que já ultrapassaram os 90% de colheita.
Produtores retraídos: mesmo com o avanço significativo da colheita, as vendas seguem em ritmo lento. O principal motivo é a falta de atratividade nos preços, que ainda estão abaixo do que os produtores consideram viável no cenário atual.
Exportações dos EUA: as vendas da nova safra atingiram o nível mais alto desde outubro de 2024, consolidando os Estados Unidos como o fornecedor mais competitivo neste momento. Em contraste, Brasil e Argentina perderam espaço, com menor competitividade nas negociações recentes.
Em Chicago, o contrato de milho para setembro de 2025 encerrou a US$ 3,83 por bushel, com queda de 1,79% na semana. Na B3, o contrato com vencimento em setembro de 2025 caiu 2,72%, fechando a R$ 65,14 por saca. No mercado físico, os preços apresentaram comportamento misto, com algumas praças registrando alta e outras queda, enquanto os agentes aguardam fundamentos mais claros para direcionar as negociações.
As exportações seguem desafiadoras: até o fim de julho, o Brasil havia embarcado 8,42 milhões de toneladas, enquanto a meta para o ano é de 43 milhões. Ainda restam 34,58 milhões de toneladas a serem enviadas ao exterior nas 19 semanas restantes até o final do ano, o que exigiria um ritmo médio de 1,82 milhão de toneladas por semana. A recuperação do ritmo exportador depende do bom andamento da colheita da segunda safra, que vem progredindo sem grandes problemas, da liberação dos portos, que estão gradualmente sendo direcionados à movimentação do milho, e da competitividade do grão brasileiro frente ao milho dos Estados Unidos, que ainda segue mais atrativo.
Relatório de oferta demanda: no dia 12, o USDA divulgará uma nova atualização dos dados globais de oferta e demanda. A expectativa do mercado é por uma revisão para cima na produtividade do milho da safra 2025/26 nos Estados Unidos, o que indicaria uma colheita maior e mais eficiente do que a registrada no ciclo anterior, além de estoques finais mais elevados. Para o Brasil e a Argentina, não são esperadas mudanças relevantes neste relatório. Caso essa projeção de produtividade seja novamente ampliada, a pressão sobre os preços pode aumentar — no entanto, o consumo interno aquecido nos EUA pode funcionar como um fator de contenção, evitando quedas mais expressivas nas cotações.
Cenário climático: nos próximos 15 dias, o padrão de chuvas no Brasil deve se manter com maior concentração nas regiões Norte e Sul, enquanto o restante do país apresenta volumes baixos e bem distribuídos. Nos Estados Unidos, o cenário climático segue favorável ao desenvolvimento das lavouras, com um período úmido e chuvas abrangendo grande parte do território. A região centro-oeste de Iowa, incluindo partes de Illinois e Missouri, pode receber volumes expressivos, com risco pontual de alagamentos, a depender da intensidade das precipitações. No geral, o clima permanece dentro da média histórica, sem indicar extremos relevantes no curto prazo.
A demanda pelo milho brasileiro deve continuar pressionada pela maior competitividade do cereal norte-americano. No entanto, historicamente, o segundo semestre é marcado por um aquecimento nas exportações, o que pode impulsionar a demanda e, consequentemente, influenciar positivamente os preços no mercado interno.
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