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O número de manchas solares, fenômeno cíclico da atividade solar, pode interferir na dinâmica populacional de Helicoverpa armigera. É o que revela pesquisa conduzida por cientistas em três regiões da província de Xinjiang, na China.
Os pesquisadores analisaram registros de manchas solares de 1989 a 2018. E os compararam com dados climáticos e números diários de captura da praga em Maigaiti, Bachu e Shawan.
O Sol passa por ciclos de cerca de 11 anos, durante os quais o número de manchas solares oscila. A pesquisa investigou se essas oscilações impactam o clima local — em especial a temperatura média anual — e, por consequência, o desenvolvimento da lagarta Helicoverpa armigera.
As temperaturas médias anuais aumentaram nas três regiões ao longo do período estudado. Maigaiti apresentou alta de 0,052 °C por ano. Shawan, 0,043 °C. Em ambas, o aumento da temperatura se correlacionou com o crescimento populacional da lagarta.
Porém, a ligação direta entre manchas solares e temperatura foi fraca. Apenas em Shawan houve correlação estatisticamente significativa, com dois anos de defasagem. Isso sugere que a atividade solar pode anteceder variações climáticas, mas com influência indireta e regionalizada.
A análise detectou correlação entre a atividade solar e o número de lagartas capturadas. Em Maigaiti e Shawan, os números caíram conforme aumentava a quantidade de manchas solares. Em Bachu, ocorreu o contrário: mais manchas solares coincidiram com maiores capturas.
Essas diferenças podem ser atribuídas a variações climáticas e geográficas. Shawan, ao norte, apresenta clima mais frio e terreno montanhoso. Maigaiti e Bachu, ao sul, ficam em áreas mais planas da bacia do Tarim, com clima mais quente e seco. A resposta da praga às condições ambientais varia conforme a localidade.
O ciclo populacional de Helicoverpa armigera não acompanhou o ciclo solar. Durante os anos observados, houve momentos em que a população da praga cresceu enquanto a atividade solar diminuía — e vice-versa.
Por exemplo, entre 2000 e 2009, as manchas solares caíram, mas as capturas da lagarta permaneceram elevadas. Isso indica que outros fatores — como temperatura, umidade ou oferta de plantas hospedeiras — influenciam com mais peso a dinâmica populacional do inseto.
A maioria das capturas ocorreu em dias de baixa atividade solar. Em Maigaiti e Shawan, cerca de 75% e 87% das lagartas, respectivamente, foram coletadas em dias com menos de 100 manchas solares. Bachu, mais próxima de áreas montanhosas, mostrou padrão diferente: quase metade das capturas ocorreram durante picos de atividade solar.
A taxa de captura relativa (RC) também caiu em Maigaiti e Shawan quando as manchas solares ultrapassaram 100. Isso reforça que, nessas regiões, a praga é mais ativa durante períodos de baixa atividade solar.
A análise estatística detectou mudanças bruscas tanto na temperatura quanto na população da lagarta, sempre ocorrendo depois das alterações nas manchas solares. Em Maigaiti, por exemplo, a mudança solar significativa aconteceu em 1991. A alteração na população da praga só veio anos depois.
Esses dados sugerem um efeito indireto e retardado da atividade solar sobre o clima e sobre a praga. Os autores destacam que esse atraso precisa ser considerado em modelos de previsão populacional.
Apesar dos resultados, a pesquisa não conclui que a atividade solar cause diretamente as oscilações populacionais da praga.
Outras informações em doi.org/10.3390/insects16080846
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