Projeto facilita benefício a agricultor que perder safra
Após aprovação no Plenário do Senado, proposta segue para sanção
Pesquisas recentes realizadas pela Epagri, pelo Instituto Federal Catarinense (IFC) e pelo Instituto Federal do Sul de Minas apontam que o litoral de Santa Catarina possui condições adequadas para o cultivo de Coffea arabica, no contexto da agricultura familiar, com alto valor agregado econômico e ambiental.
Um dos resultados desse estudo foi a publicação, pela Epagri/Ciram, de um mapa de áreas potencialmente aptas ao cultivo de café arábica, considerando o clima e as condições ambientais do litoral catarinense.
Segundo a pesquisadora da Epagri Valeria Pohlmann, a instituição está submetendo à Fapesc um projeto que permitirá análises de risco climático para o cultivo do café no Estado. “Será possível recomendar oficialmente áreas aptas e não recomendadas para a cultura em Santa Catarina”, afirma.
Além disso, está prevista a instalação de um experimento em Tubarão para avaliar diferentes cultivares em sistemas de produção diversos: pleno sol e sombreado agroflorestal. O objetivo é analisar produtividade e adaptação das plantas, considerando a diversidade de estratégias da agricultura familiar.
Em agosto, a Epagri promoveu um Curso sobre Produção de Café voltado a 22 técnicos da empresa, realizado no Centro de Treinamento em Tubarão. O objetivo foi aprofundar conhecimentos sobre cultivo sombreado e consorciado, práticas de colheita e pós-colheita, e manejo conservacionista do solo.
Durante a capacitação, os participantes visitaram uma propriedade familiar em Treze de Maio, aplicando técnicas de poda e manejo em pomar sombreado por árvores nativas, com foco em sanidade, produtividade e longevidade do cafezal. O curso foi ministrado pelos professores do IFC Araquari, Fabrício Moreira Sobreira e Fernando Prates Bisso, com coordenação do extensionista da Epagri, Diego Adilio da Silva.
Para Fábio Zambonim, pesquisador da Epagri, essas ações são fundamentais para atualizar o conhecimento técnico e resgatar a cafeicultura catarinense, unindo tradição, ciência e sustentabilidade econômica e ambiental.
A produção de café em Santa Catarina começou no final do século XVIII, destacando-se pela qualidade, embora em volumes menores que os do Sudeste. Na década de 1960, políticas nacionais de erradicação reduziram a produção comercial, migrando a atividade para subsistência.
Levantamento do IBGE em 2017 indicou que pequenos cultivos persistem em 15 municípios do litoral, evidenciando a adaptabilidade da cultura ao clima e relevo locais. Cultivado preferencialmente sob sombra de espécies da Mata Atlântica, o café arábica do litoral se desenvolve bem, enquanto a colheita seletiva garante frutos maduros e qualidade diferenciada, adequada ao contexto familiar.
O cultivo de cafés especiais no litoral de SC apresenta forte potencial econômico, especialmente quando associado a turismo rural, venda direta ao consumidor e pequenas torrefações gourmet. Segundo os pesquisadores, a iniciativa agrega valor à produção familiar, resgata práticas tradicionais e contribui para a conservação ambiental.
“A demanda por informações técnicas sobre café sombreado cresce na região. A expectativa é que a produção de cafés especiais se torne uma realidade econômica para os agricultores familiares catarinenses”, ressalta Valeria.
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