Insuficiência de chuvas pode comprometer produtividade da soja no RS

Maturação das lavouras apresenta-se de maneira desuniforme; colheita teve prosseguimento e alcançou 4% da área cultivada

24.03.2023 | 13:57 (UTC -3)
Taline Schneider
Foto: Vanessa Almeida de Moraes
Foto: Vanessa Almeida de Moraes

Mais uma vez houve insuficiência de chuvas na maior parte do Estado do Rio Grande do Sul, entre 13 e 19/03, o que, nesta reta final de produção, pode comprometer o enchimento de grãos e consequentemente a produtividade. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado pela Emater/RS-Ascar nesta quinta-feira (23/03), no aspecto visual houve um rápido aumento na coloração amarelada das lavouras, indicando os estágios finais de ciclo.

Entretanto, a maturação das lavouras apresenta-se de maneira desuniforme, sendo observadas, em uma mesma planta, vagens secas, prestes a abrir e a perder os grãos por debulha natural, bem como vagens completamente verdes com grãos ainda em pleno crescimento. Em parte das lavouras em maturação é observada a retenção foliar, com elevado número de folhas secas aderidas a planta, dando aspecto de maturação forçada devido à baixa umidade nos solos.

A colheita teve prosseguimento e alcançou 4% da área cultivada. No entanto, a maior parte da cultura encontra-se em enchimento de grãos (52%) e em maturação 30%. Outros 12% estão em fase de floração. As lavouras colhidas ainda apresentam resultados entre 300 e 3.000 kg/ha, mantendo a grande amplitude da safra.

A área cultivada de soja no Estado é de 6.513.891 hectares. A produtividade está estimada em 2.175 kg/ha, representando um decréscimo de 30,52% na estimativa inicial.

Milho

Houve prosseguimento na colheita, mas em ritmo mais lento no período, pois a atenção dos produtores e parte da logística estavam envolvidas com a mesma operação na cultura de soja. O índice alcançou 74%, e estão em maturação 10% dos cultivos. Outros 8% estão em enchimento de grãos; 5% em floração e somente 3% ainda em germinação e desenvolvimento vegetativo.

Os resultados permaneceram variáveis, conforme a irregularidade na distribuição de chuvas durante os meses de verão, mas, de forma geral, são satisfatórios apenas no Quadrante Nordeste do Estado.
A área cultivada de milho no Estado é de 810.380 hectares. A produtividade está estimada em 4.440 kg/ha, representando redução de 39,49% em relação à projeção inicial.

Arroz

A colheita avançou 15% no período, alcançando 34% da área cultivada. A celeridade no avanço foi proporcionada pelo período seco ou com chuvas pontuais e breves em algumas regiões. As lavouras em maturação representam 50%, 14% em enchimento de grãos e em florescimento 2%.

De modo geral, em relação à média das últimas cinco safras, há um pequeno atraso nas fases, que pode ser decorrente de alguns atrasos na implantação e da ocorrência de frio no início do desenvolvimento vegetativo.

As produtividades são satisfatórias, com exceção das lavouras em que a irrigação foi insuficiente ao longo do ciclo de cultivo. A área cultivada é de estimada em 889.549 hectares. A produtividade estimada é de 7.744 kg/ha, representando uma redução de 5,86% na projeção inicial.

Feijão

A área cultivada em 1ª safra é de 31.449 hectares. A estimativa de produtividade é de 1.576 kg/ha, o que representa um decréscimo de 7,36% em relação à estimativa inicial.

A área destinada ao cultivo é de 20.127 hectares. A estimativa de produtividade é de 1.376 kg/ha.

Olerícolas

Na região de Soledade, após ocorrência de chuvas irregulares, observa-se a retomada da produção de algumas culturas mais rústicas que permaneceram vegetando, apesar das condições climáticas muito desfavoráveis. Os produtores relatam a colheita de vagem e tomate cereja, que, embora em pouca quantidade, proporcionam aumento da variedade da alimentação das famílias.

Nas culturas mais tenras e com maior exigência de água, como alfaces e rúculas, os produtores esperam a diminuição da temperatura do ambiente e a maior umidade do solo para iniciar o cultivo. Os olericultores iniciam o preparo das áreas destinadas ao plantio por meio da adubação orgânica, da escarificação ou revolvimento manual e construção de canteiros.

Por causa das altas temperaturas e da falta de umidade, ainda não é possível fazer a semeadura ou o transplante de mudas, principalmente para aqueles que não têm água para irrigar.

Frutícolas

Na região de Ijuí, a colheita de nozes foi iniciada, embora a área de cultivo seja pouco representativa. Os produtores realizam a comercialização diretamente nas padarias e confeitarias.

Com relação à cultura do morangueiro, segue a poda e limpeza das plantações de segundo ano e nas de primeiro ano apresentam bom pegamento com mudas provenientes da Espanha, já emitindo folhas novas. A cultura do pessegueiro apresenta queda acentuada de folhas devido à estiagem.

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