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Os preços do café registraram forte valorização em agosto, com altas de 40% para o arábica na Bolsa de Nova York e de 50% para o robusta em Londres. Segundo o Radar Agro, relatório da Consultoria Agro do Itaú BBA, o movimento foi impulsionado por choques de oferta, incertezas comerciais e condições climáticas adversas no Brasil.
Um dos fatores determinantes foi a decisão dos Estados Unidos de ampliar tarifas de importação sobre o Brasil, de 10% para 50%. O café não foi incluído na lista de exceções, o que trouxe instabilidade ao comércio entre o maior exportador e o maior consumidor mundial da bebida. Desde então, importadores norte-americanos têm adiado compras ou limitado aquisições ao mínimo necessário, ao mesmo tempo em que buscam alternativas em outros fornecedores.
Além das questões tarifárias, episódios de geadas atingiram o Cerrado Mineiro nos dias 10 e 11 de agosto, causando perdas estimadas em 400 mil sacas — cerca de 5,5% da produção potencial da região, de acordo com a Expocaccer.
A colheita de 2025/26 confirmou menor rendimento do arábica em relação à safra anterior. O Itaú BBA estima agora a produção em 38,7 milhões de sacas de arábica, número 11,5% abaixo do ciclo anterior e 2,2 milhões inferior à estimativa oficial do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que projeta 40,9 milhões.
Para o robusta, a projeção foi mantida em 24,1 milhões de sacas, resultando em uma safra total brasileira de 62,8 milhões de sacas, contra 65 milhões calculados pelo USDA. Com esse ajuste, o superávit global deve cair para cerca de 7 milhões de sacas, em um momento em que a produção dos demais países ainda não está totalmente definida.
No início do novo ciclo, as exportações brasileiras avançam de forma mais lenta, coincidindo com a entressafra do Vietnã, principal fornecedor de robusta. A combinação de estoques baixos nos países consumidores e a aproximação do inverno no Hemisfério Norte tende a manter a pressão altista sobre os preços.
O relatório destaca ainda que a disparada das cotações em Nova York não foi acompanhada por aumento expressivo das posições compradas de fundos não comerciais, indicando que o mercado físico, e não apenas o financeiro, tem sustentado a alta.
Para os próximos meses, a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos segue incerta, já que não há expectativa de que o café seja incluído na lista de exceções tarifárias. Nesse cenário, os custos adicionais devem ser repassados ao consumidor, enquanto os produtores brasileiros podem enfrentar diferenciais menos favoráveis em relação a Nova York.
Ainda assim, o Itaú BBA recomenda que produtores adotem estratégias de proteção de margens, como operações de hedge via NDF ou opções. Um exemplo é o Collar de Café NY, que garante uma banda de preços sem desembolso inicial, permitindo proteção contra quedas e participação limitada em eventuais altas.
Apesar das perdas registradas, as perspectivas para a safra 2026/27 permanecem positivas, caso se confirmem as projeções de clima favorável e boas chuvas. O momento, segundo o relatório, é estratégico para produtores que buscam garantir margens atrativas para o próximo ciclo.
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