Mato Grosso enfrenta déficit hídrico histórico

Cenário climático apresenta contrastes significativos, conforme dados da EarthDaily

05.09.2025 | 16:13 (UTC -3)
Janete Galbiati
Foto: Amanda Perobelli/Reuters
Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Às vésperas da liberação oficial do plantio da safra de soja no país, o Mato Grosso, principal estado produtor, registra situação crítica. A umidade do solo encontra-se no nível mais baixo dos últimos 30 anos, com tendência de nova redução nas próximas duas semanas, segundo projeções do modelo europeu ECMWF. A estiagem já se prolonga por várias semanas e deve persistir até pelo menos 17 de setembro, segundo dados apurados pela EarthDaily, empresa especializada no monitoramento de áreas agrícolas com uso de dados de satélite. 

Umidade do solo no Brasil
Umidade do solo no Brasil
Umidade do solo no Mato Grosso
Umidade do solo no Mato Grosso

O calor agrava o cenário: temperaturas acima de 40 °C elevam a evapotranspiração, intensificando a perda de umidade. Esse quadro pode levar muitos produtores a postergar o início da semeadura, mesmo após o término do vazio sanitário em 6 de setembro.

Temperatura Brasil
Temperatura Brasil

Já em boa parte de Goiás e do Sul do país, a umidade do solo é satisfatória, favorecendo o início da semeadura. Nessas regiões, os produtores podem iniciar o plantio com maior segurança, aproveitando as condições hídricas adequadas para garantir melhor germinação e estabelecimento das lavouras.

No Paraná, a situação é mais heterogênea. No Norte Pioneiro, onde o plantio já está autorizado, a umidade do solo permanece abaixo da média e pode atingir o menor nível dos últimos 10 anos nas próximas semanas, o que pode levar produtores a adiar tanto a semeadura da soja quanto a do milho de verão.

Umidade do solo no Paraná
Umidade do solo no Paraná

“Embora a semeadura da soja esteja autorizada a partir da próxima semana em algumas regiões, a persistência do déficit hídrico no solo pode resultar em atraso no início dos trabalhos de campo, já que muitos produtores tendem a aguardar condições mais favoráveis de umidade para garantir uma germinação uniforme”, explica Felippe Reis, analista de cultura da EarthDaily.

Nos últimos dez dias, a maior parte do país registrou precipitação acumulada abaixo da média, confirmando a manutenção do regime seco típico do período. Apenas áreas pontuais do Nordeste, Sudeste e Paraná receberam chuvas acima da média, com acumulados entre 10 mm, no interior paulista, e até 60 mm, no leste paranaense,

Precipitação acumulada Brasil
Precipitação acumulada Brasil
Precipitação acumulada no Mato Grosso
Precipitação acumulada no Mato Grosso

As previsões indicam manutenção do tempo seco na maior parte do país, com exceção do Sul, especialmente do Rio Grande do Sul, e de áreas do Nordeste, onde há expectativa de chuvas. No caso de Mato Grosso, enquanto o modelo americano GFS sinaliza a possibilidade de precipitações ao final da primeira quinzena de setembro, o modelo europeu ECMWF mantém a projeção de estiagem.

  Precipitação acumulada em São Paulo
  Precipitação acumulada em São Paulo

Além disso, tanto o ECMWF quanto o GFS indicam temperaturas acima da média para grande parte do Centro-Oeste, Sudeste e Paraná, condição que deve elevar a evapotranspiração e reduzir ainda mais a umidade do solo nas regiões já afetadas pela seca.

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