Estudo revela que nutrição ajuda abelhas a resistir a pesticidas e vírus

Pesquisa mostra que dieta adequada aumenta a resiliência das abelhas frente à combinação de múltiplos estressores presentes no ambiente agrícola

24.09.2024 | 08:11 (UTC -3)
Revista Cultivar

Pesquisadores da Universidade de Illinois Urbana-Champaign investigaram como a combinação de três fatores – nutrição, infecções virais e exposição a pesticidas – afeta a saúde das abelhas. A pesquisa revelou que a boa nutrição aumenta a resiliência das abelhas frente a esses desafios. Embora múltiplos estressores geralmente reduzam a sobrevivência, esse impacto depende muito do contexto.

O estudo, liderado pelo estudante de pós-graduação Edward Hsieh e pelo professor Adam Dolezal, buscou entender a interação entre dieta, níveis realistas de pesticidas e infecções virais em abelhas. Experimentos anteriores geralmente focavam em dois fatores ao mesmo tempo, como nutrição e pesticidas, ou pesticidas e infecções virais. Conforme os cientistas, essa nova pesquisa é pioneira ao explorar a interação dos três estressores simultaneamente.

Os pesquisadores utilizaram abelhas melíferas em experimentos que simularam diferentes exposições encontradas no ambiente agrícola. Para isso, as abelhas foram alimentadas com pólen artificial ou natural e expostas a diferentes pesticidas, como o organofosforado clorpirifós, o piretroide lambda-cialotrina e o neonicotinóide tiametoxam. Além disso, parte das abelhas foi infectada com o vírus da paralisia aguda israelense, conhecido por contribuir para o colapso de colônias em várias regiões do mundo.

Os resultados mostraram que a nutrição tem um papel crucial na resposta das abelhas aos pesticidas e vírus. Quando alimentadas com pólen artificial, as abelhas infectadas apresentaram maior mortalidade, especialmente quando também expostas a pesticidas. No entanto, quando alimentadas com pólen natural, a mortalidade diminuiu, mesmo em situações de exposição a pesticidas e vírus.

Essa diferença de resultado sugere que as abelhas têm uma capacidade inata de lidar com o estresse, desde que possuam uma nutrição adequada. Segundo Dolezal, essa resposta pode indicar um fenômeno hormético, no qual uma pequena dose de estresse (como pesticidas em níveis baixos) pode preparar o organismo para lidar com estressores maiores, como infecções virais.

No entanto, Dolezal alerta que essa descoberta não deve ser interpretada como uma licença para a exposição indiscriminada de abelhas a pesticidas. Os diferentes pesticidas atuam de formas variadas e possuem diferentes alvos moleculares. Portanto, o impacto depende do tipo de produto químico utilizado.

O estudo também traz alívio para agricultores que adotam práticas de preservação de habitats, como a restauração de áreas de pradarias próximas a campos agrícolas. Embora as abelhas sejam atraídas para essas áreas, o fornecimento de uma nutrição de alta qualidade por meio do pólen disponível parece aumentar sua resiliência frente a outros estressores, como os pesticidas.

Mais informações podem ser obtidas em doi.org/10.1016/j.scitotenv.2024.175125

Representação da linha do tempo de sobrevivência do bioensaio em gaiola. 35 abelhas com menos de 24 horas foram inseridas em gaiolas de cubo de acrílico e receberam 600 μl de uma solução de inoculação contendo IAPV ou sacarose não adulterada. 12 horas após a inserção, uma bola de proteína dosada com acetona ou pesticida é inserida na gaiola e posteriormente renovada a cada 24 horas. Solução de sacarose a 30% é fornecida ad lib por meio de um alimentador por gravidade. 3 abelhas vivas por gaiola são amostradas entre 24 e 36 horas após a inoculação. A mortalidade é registrada a cada 12 horas durante os primeiros 3 dias e, posteriormente, a cada 24 horas até o término de cada experimento em 7 dias
Representação da linha do tempo de sobrevivência do bioensaio em gaiola. 35 abelhas com menos de 24 horas foram inseridas em gaiolas de cubo de acrílico e receberam 600 μl de uma solução de inoculação contendo IAPV ou sacarose não adulterada. 12 horas após a inserção, uma bola de proteína dosada com acetona ou pesticida é inserida na gaiola e posteriormente renovada a cada 24 horas. Solução de sacarose a 30% é fornecida ad lib por meio de um alimentador por gravidade. 3 abelhas vivas por gaiola são amostradas entre 24 e 36 horas após a inoculação. A mortalidade é registrada a cada 12 horas durante os primeiros 3 dias e, posteriormente, a cada 24 horas até o término de cada experimento em 7 dias

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