CTC aponta Colletotrichum falcatum como causa da murcha da cana

Doença pode reduzir em até 50% a produtividade e afetar a qualidade da matéria-prima

24.09.2025 | 14:09 (UTC -3)
Revista Cultivar, a partir de informações de Alessandra Carvalho

O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) anunciou na última terça-feira (23/9) uma descoberta inédita para a canavicultura: a Síndrome da Murcha da Cana-de-açúcar, até então considerada uma doença de origem multifatorial, foi comprovada como resultado da ação de Colletotrichum falcatum.

A comprovação foi obtida por meio do Postulado de Koch, método científico que estabelece a relação de causa e efeito entre um microrganismo e determinada doença. A conclusão representa um avanço importante para a ciência e para o setor sucroenergético, pois abre caminho para estratégias de manejo mais eficazes e para o desenvolvimento de variedades resistentes.

“Esse estudo comprova aquilo que já vínhamos investigando, de que a murcha da cana tem um agente causal específico. Essa constatação representa um avanço significativo para toda a cadeia produtiva e permite direcionar esforços em busca de soluções para esse desafio do setor”, destacou Luciana Castellani, gerente executiva de Melhoramento Genético do CTC.

Prejuízos causados

Os prejuízos provocados pela doença não são pequenos. Relatos apontam para perdas de até 50% na produtividade (TCH – toneladas por hectare), além de impactos qualitativos na matéria-prima, como a redução no teor de Açúcar Teórico Recuperável (ATR) e alterações no índice de Brix, que mede a concentração de açúcares na cana.

Para a professora e pesquisadora Lilian Amorim, da Esalq/USP, que integra o fórum científico sobre a Murcha da Cana, a identificação do agente causal é um marco.

“Só conhecendo a causa é possível avançar em pesquisas, desenvolver estratégias de manejo mais assertivas e dar segurança aos produtores para controlar a doença. Essa descoberta abre caminhos concretos para soluções que irão fortalecer a produtividade e a sustentabilidade da canavicultura”, afirmou.

O anúncio foi realizado durante o lançamento do movimento Esfera, em Piracicaba, iniciativa que reúne especialistas, produtores e pesquisadores para discutir desafios agronômicos e promover a integração de toda a cadeia produtiva da cana-de-açúcar.

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