Sulfato de amônio ganha destaque no mercado de fertilizantes
Alta nos preços dos fertilizantes e trocas desfavoráveis impulsionam a busca por produtos menos concentrados
A soja brasileira alcançou recorde histórico de exportações em grão e farelo neste ano. O país embarcou 91,3 milhões de toneladas de grão até a terceira semana de setembro. O volume supera o registrado no mesmo período de 2024. O farelo também bateu recorde, com 18,1 milhões de toneladas exportadas. Juntas, as vendas externas de soja, farelo e óleo renderam US$ 2,61 bilhões (R$ 14 bilhões) em setembro.
Apesar do bom desempenho, o produtor ainda segura parte considerável da produção. Restam 46,5 milhões de toneladas da safra para negociar. A comercialização da safra nova está em 19,5%, abaixo da média de 27%. O plantio avança e pode atingir recorde de área, com cerca de 50 milhões de hectares.
Nos Estados Unidos, a colheita da soja chega a 9%, dentro da média para o período. Mas a qualidade da safra caiu. Apenas 61% das lavouras estão em boas ou excelentes condições. No relatório anterior, o índice era 63%. O USDA projetou 117 milhões de toneladas, mas analistas avaliam que o volume pode ser menor.
O dólar perdeu força após a redução dos juros nos EUA. A queda é parte da estratégia americana de favorecer exportações. No Brasil, o dólar mais fraco também sustenta os preços das commodities.
Na Argentina, o governo de Javier Milei anunciou corte temporário nas tarifas de exportação até o fim de outubro. A medida zera alíquotas sobre soja, milho, farelo e óleo. O objetivo é gerar US$ 7 bilhões e fortalecer as contas públicas. A iniciativa impulsiona as vendas argentinas, mas com efeito limitado no mercado global.
O milho também avança nas exportações. O Brasil embarcou 4,7 milhões de toneladas nas três primeiras semanas de setembro. Em 2024, o total de setembro foi de 6,4 milhões. No acumulado do ano, foram 20,5 milhões de toneladas. O faturamento de setembro alcançou R$ 5 bilhões.
Nos EUA, 11% da safra de milho foi colhida. A maturação está um pouco atrasada, mas a qualidade se mantém boa: 66% das lavouras em condições excelentes ou boas. A colheita avança e pode render entre 427 e 430 milhões de toneladas.
No Brasil, o mercado ainda registra lentidão nas vendas. O produtor segura 60 milhões de toneladas, entre milho de verão e safrinha. O setor de etanol começa a reagir. A moagem deve usar cerca de 23 milhões de toneladas em 2025, novo recorde.
O trigo começa a ser colhido no Paraná. A qualidade e produtividade agradam. Ainda assim, o mercado está frágil. O trigo importado pressiona os preços. O Brasil já importou 4,9 milhões de toneladas em 2025, recorde histórico. No Paraná, a tonelada vale entre R$ 1.250 e R$ 1.290. No Rio Grande do Sul, cerca de R$ 1.250. A produção nacional pode chegar a 7,5 milhões de toneladas, mesmo com queda de 20% na área plantada.
O arroz segue em baixa. No Rio Grande do Sul, a saca vale entre R$ 59 e R$ 65. No Tocantins, o preço já caiu para abaixo de R$ 70. O varejo vende o pacote de 5 kg por até R$ 11,99. A área plantada tende a cair. No RS, deve ficar abaixo de 900 mil hectares.
O feijão começa a se recuperar. O feijão carioca nobre já vale entre R$ 270 e R$ 300 a saca. O feijão preto sai por até R$ 170, com expectativa de chegar a R$ 200. A oferta será apertada até 2026, o que deve manter os preços em alta.
O algodão nos EUA teve queda de qualidade. Apenas 47% das lavouras estão em boas ou excelentes condições. No Brasil, a colheita caminha para o fim. O mercado mostra leve recuperação, com posições futuras em Nova York tentando se firmar acima dos 70 centavos.
O sorgo americano tem safra estimada em 10,6 milhões de toneladas. No Brasil, a colheita foi recorde, com mais de 6,1 milhões de toneladas. A próxima safra pode atingir 8 milhões. O sorgo se consolida como opção viável para o produtor.
Por Vlamir Brandalizze - @brandalizzeconsulting
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura