Cresce a presença das mulheres na liderança do agronegócio

Mulheres lideram 18,6% das propriedades rurais brasileiras, segundo o IBGE

25.02.2022 | 10:29 (UTC -3)
com informações de Flavia Amarante e de Valéria Benites
Lindanete Borges Mendonça e Thamirez Vasconcelos (foto: Conteúdo Agro)
Lindanete Borges Mendonça e Thamirez Vasconcelos (foto: Conteúdo Agro)

Cada vez mais bem preparadas, as mulheres têm buscado equipar posições de comando no agronegócio brasileiro. Elas se interessam por gestão empresarial e de pessoas e se destacam por terem um perfil agregador e de cooperação, além de entenderem sua responsabilidade com as próximas gerações. A Massey Ferguson celebra o Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, com histórias de mulheres que fazem a revolução no agronegócio.

Não foi fácil para as mulheres da família Baschera Minotto assumirem a gestão da propriedade em Vacaria (RS). “Meu pai faleceu em 1997, e minha mãe assumiu a propriedade. No início era muito difícil. Não havia tanta tecnologia. Ela saída de casa bem cedo e retornava somente à noite”, conta Verônica, que hoje toca a plantação de milho, soja e trigo e a criação de gado ao lado da mãe Marineusa. “Minha mãe é uma referência para mim. Eu me espelho nela em tudo”, diz.

Produtora em Morada Nova (CE), Célia Maria Nogueira também se viu diante de um desafio quando seu marido faleceu. Dois anos depois, ao lado dos filhos, conseguiu aumentar a produção de arroz, feijão e milho. Para dar conta no trabalho no campo, ampliou sua frota, que hoje conta com treze máquinas. “Em alguns momentos achei que não fosse conseguir. Hoje, além de produzir em nossa propriedade, prestamos serviços para fazendas vizinhas”, comemora Célia.

Segundo Censo Agropecuário de 2017, do IBGE, as mulheres lideram 18,6% das propriedades rurais brasileiras. Esse número chega a 34,7% quando somadas as profissionais que administram as fazendas junto a suas famílias. “Estamos criando o nosso espaço no campo”, afirma Pietra Peracchia Nogueira Carbonari, produtora rural em Sidrolândia (MS). Ela e a irmã Paola estão à frente da propriedade  com o pai.

“Lugar de mulher é onde ela quiser”, ressalta Ana Julia Schaf Severo, de São Gabriel (RS). “Sempre quis estar no campo e dar continuidade ao trabalho do meu pai. Ele sempre teve a prática, e eu vim da faculdade de Engenharia Agronômica para somar com a teoria. Minha principal colaboração foi transformar a soja em um grande negócio para a nossa propriedade”, diz. Na última safra, Ana Julia foi a responsável pela operação do maquinário durante toda a colheita.

A jovem Thamirez Vasconcelos recebeu o incentivo da família para dar continuidade ao negócio de produção de soja em Sinop (MT). “Acreditei nesse sonho. A lavoura me abraçou e acolheu com tanto amor, que eu retribuo com dedicação”, conta. “Desde a infância ela dizia que estudaria agronomia para cuidar da fazenda”, destaca o pai Elmo Leitzke.

As mulheres ligadas ao agronegócio precisam equilibrar várias frentes e atuar como proprietária, administradora, mãe e dona de casa. De acordo com um estudo da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), 71% têm múltiplas tarefas e responsabilidades. “As mulheres conseguem fazer várias coisas ao mesmo tempo: ser mãe, atender um pouco a casa e trabalhar”, enfatiza Marina Schaf Severo, produtora em São Gabriel (RS). “Nós podemos fazer qualquer coisa, só depende de nós”, afirma Lindanete Borges Mendonça, produtora rural em Paranatinga (MT). 

Outro caso

Outro caso de sucesso é o da agrônoma Lorraine Venâncio (foto abaixo), que recentemente assumiu a liderança de desenvolvimento de mercado da Nutrien para o estado de Mato Grosso do Sul. Isso com apenas 27 anos de idade e três de empresa. É a terceira promoção obtida.

Nascida em Deodápolis, perto de Dourados, veio de família humilde. Filha de caminhoneira (Silvia Venâncio), começou a cursar agronomia aos 16 anos (UFGD). Em 2019 já tinha título de mestre.

Na Nutrien recebeu a missão ser uma Influenciadora do Conecta Nutrien. O objetivo era atrair, inspirar e influenciar positivamente por meio de uma comunicação corporativa mais humanizada.

Além disso, idealizou do Projeto De Agrônoma para Agrônoma (DAPA), pensado como uma forma de auxiliar mulheres, estudantes e recém-formadas no início de carreira no agronegócio. O objetivo do projeto é apresentar os diversos segmentos da área, através de uma rede de apoio e dos recursos das mídias sociais, colaborar com informações e network para as egressas de universidades. Contando histórias de atuantes de diversas áreas e abordando assuntos que vão desde a elaboração de um currículo, postura em uma entrevista de emprego a assuntos do cotidiano de uma mulher no meio Agro. O projeto já impactou mais de 600 mulheres de todo o país.

Nos últimos anos, conta Lorraine, "percebemos a crescente presença feminina no agro, mas ainda temos um longo caminho a ser percorrido. Fico feliz em fazer parte disso, e em defender a representatividade feminina em cargos de liderança no setor agrícola e nas lavouras. Sinto que de certa maneira eu contribuo na pavimentação desse caminho que será seguido por outras mulheres no futuro".

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