Comissão de Saúde dos EUA questiona pesticidas e preocupa produtores

Relatório sobre glifosato e atrazina não tem base científica clara, diz associação de produtores de milho

12.08.2025 | 08:40 (UTC -3)
Revista Cultivar
Lesly McNitt; Dusty Weis; e Becky Langer
Lesly McNitt; Dusty Weis; e Becky Langer

Relatório da Comissão Make America Healthy Again (MAHA), criada por ordem executiva do presidente Donald Trump e liderada por Robert F. Kennedy Jr., atual secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, causa forte reação entre os produtores de milho. O documento sugere que pesticidas amplamente utilizados, como glifosato e atrazina, podem estar ligados a problemas de saúde. A alegação não se apoia em evidências científicas robustas, segundo especialistas do setor agrícola.

A Associação Nacional dos Produtores de Milho (National Corn Growers Association - NCGA) considera o conteúdo do relatório alarmante. Representantes da entidade alertam que as informações divulgadas podem comprometer o uso de ferramentas essenciais para o manejo de pragas e doenças nas lavouras.

“A forma como os pesticidas foram abordados no relatório é problemática. Ignoraram décadas de pesquisa e regulamentações rigorosas da EPA, FDA e USDA”, afirmou Lesly McNitt, vice-presidente de Políticas Públicas da NCGA.

O relatório preliminar da comissão, publicado em maio, tem cerca de 70 páginas. O foco principal é a saúde infantil. Entre os temas abordados estão dieta, vacinas e fatores ambientais. No trecho dedicado aos pesticidas, o texto sugere riscos à saúde que, segundo a NCGA, não encontram respaldo em estudos técnicos.

Becky Langer, diretora de Insumos e Inovação da NCGA, explica que tanto o glifosato quanto a atrazina estão entre os pesticidas mais testados e reavaliados do mundo. A EPA exige revisões periódicas e estabelece limites de exposição com margem de segurança 100 vezes inferior ao nível em que se observa qualquer efeito adverso.

O uso desses produtos, segundo Langer, não apenas garante a produtividade, como também contribui para práticas sustentáveis, como o plantio direto e o uso de culturas de cobertura.

“Esses herbicidas ajudam a preservar a umidade do solo, evitar erosão e estimular a atividade biológica. Além disso, reduzem custos com combustível e maquinário”, explicou.

A NCGA estima que a eliminação dessas substâncias poderia reduzir a produtividade do milho em até 70%. Isso traria impacto direto à segurança alimentar global.

“Já enfrentamos insegurança alimentar nos Estados Unidos e no mundo. Retirar dos produtores ferramentas eficazes compromete ainda mais o abastecimento”, destacou McNitt.

O próximo relatório da comissão MAHA, previsto para agosto, deverá apresentar recomendações de políticas públicas. A NCGA intensificou a articulação com o Congresso e com o governo federal para garantir a participação ativa dos agricultores nas discussões.

“Queremos que os formuladores de políticas conversem com os produtores. O que está em jogo é a capacidade de continuar alimentando o país com responsabilidade e segurança”, afirmou McNitt.

A NCGA também incentiva ações de base. Produtores estão sendo orientados a compartilhar suas experiências, entrar em contato com parlamentares e reforçar a importância dos pesticidas para a viabilidade econômica e ambiental das lavouras.

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