Bayer aposta na força da divisão agrícola para retomar crescimento

Na divisão de produtos farmacêuticos, o ritmo de inovação acelerou

25.04.2025 | 07:22 (UTC -3)
Revista Cultivar

A Bayer iniciou 2025 sob pressão, mas com metas definidas. A empresa aposta em inovação, cortes internos e maior eficiência para superar os desafios acumulados. Durante a assembleia geral anual de acionistas, o CEO Bill Anderson detalhou as medidas adotadas e reafirmou o compromisso com a recuperação da rentabilidade.

A divisão agrícola ganhou protagonismo no plano estratégico. A rentabilidade da Crop Science tornou-se prioridade. A Bayer pretende crescer acima da média do setor, com mais de € 3,5 bilhões em vendas adicionais vindas de inovações.

A meta é alcançar, até 2029, uma margem EBITDA superior a 25%, desconsiderando itens especiais. O plano inclui revisão de portfólio e aproveitamento total do pipeline de produtos. A companhia divulgará detalhes em 13 de maio.

O setor agrícola também está no centro da batalha jurídica nos Estados Unidos. A Bayer enfrenta milhares de processos relacionados ao glifosato. A empresa afirma que o litígio ameaça a continuidade do produto no mercado americano. A defesa inclui ações nos tribunais e articulação política. A meta é reduzir drasticamente os litígios até o fim de 2026.

Para manter margem de manobra diante dos processos, a Bayer busca autorização para um possível aumento de capital de até 35%, com preservação do direito dos acionistas. Segundo Anderson, essa autorização é preventiva. Só será usada caso outras formas de financiamento se mostrem inviáveis.

O dividendo proposto para 2024 permanece no mínimo legal: € 0,11 por ação. A redução do endividamento também está no foco. A dívida líquida caiu para 32,6 bilhões de euros em 2024, mas a companhia pretende seguir cortando esse valor.

A Bayer promoveu reestruturação administrativa. Em dois anos, eliminou cerca de 10 mil cargos e reduziu a hierarquia interna de até 12 para seis ou sete níveis, conforme informações divulgadas. O número de gestores caiu pela metade. Hoje, cada líder supervisiona mais colaboradores. A meta é economizar € 800 milhões em 2025. A economia faz parte de um plano maior, que busca reduzir custos em € 2 bilhões até 2026.

As vendas ajustadas em 2024 alcançaram € 46,6 bilhões, alta de 1%. O lucro por ação foi de € 5,05, queda de 21%. O fluxo de caixa livre chegou a € 3,1 bilhões. Para 2025, a Bayer espera receitas estáveis, mas prevê lucros e caixa menores. A melhora está projetada para começar em 2026.

Na divisão de produtos farmacêuticos, o ritmo de inovação acelerou. Em menos de dois anos, a Bayer avançou ou concluiu mais de 25 ensaios clínicos. Desde novembro de 2023, nove estudos de fase III apresentaram resultados positivos. A empresa lança duas novas moléculas e duas novas indicações em 2024. A intenção é mitigar a perda de receita com o vencimento da patente do Xarelto, prevista para impactar as vendas em até € 1,5 bilhão em 2025. A expectativa é de que a divisão volte a crescer em 2027.

Anderson demonstrou otimismo com as pesquisas em terapias celulares e genéticas, especialmente no tratamento do Parkinson. Disse que nenhuma outra empresa avançou tanto nesse campo. Ainda assim, o mercado para essas terapias continua distante.

* * *

ATUALIZAÇÃO (25-04-2025, às 12h03): os acionistas autorizaram o aumento de capital proposto pelos membros do conselho de administração.

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

acessar grupo whatsapp
Agritechnica 2025