Anvisa abre prazo para manifestações sobre Trichoderma hamatum

Empresa Indigo tem pedido de registro de pesticida contendo o fungo para o controle de diversas doenças, como fusariose, podridão-radicular, tombamento e mofo-branco

30.11.2023 | 08:48 (UTC -3)
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A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) abriu prazo de 60 dias para manifestações a respeito da inclusão de Trichoderma hamatum na Relação dos Ingredientes Ativos de Agrotóxicos (IN 103/2021). Manifestações devem ser realizadas por meio do website da autarquia.

Conforme a literatura científica, Trichoderma é um gênero de fungos presente na maioria dos tipos de solos. Suas espécies atacam diversos materiais orgânicos. Através de suas atividades degradativas produzem uma gama de enzimas e metabólitos secundários potencialmente úteis. Algumas espécies foram desenvolvidas como agentes de biocontrole porque possuem propriedades antagônicas aos patógenos de plantas. Além disso, certas espécies são utilizadas como estimuladores do crescimento das plantas (doi:10.1016/B978-0-12-384730-0.00337-2).

Por sua vez, a espécie Trichoderma hamatum também possui atividades: antimicrobiana, antioxidante, e de promoção do crescimento de plantas, entre outras. Além disso, apresenta resistência ao diclorodifeniltricloroetano (DDT) e degradação do DDT por certas enzimas. E produção de enzimas que degradam polissacarídeos (doi: 10.3390/jof9100994).

A Indigo Brazil Agricultura Ltda. pediu registro de pesticida contendo Trichoderma hamatum (Cepa SYM37537). O fungicida Biotrinsic D451 FP deverá ser usado para controle de podridão das raízes (Fusarium verticillioides); podridão vermelha da raiz, fusariose (Fusarium solani); podridão preta das raízes, podridão cinzenta do caule (Macrophomina phaseolina); podridão-radicular (Phytophtora sojae); damping-off, podridão-aquosa, tombamento (Rizoctonia solani); mofo-branco, podridão de sclerotinia (Sclerotinia sclerotiorum); e podridão de diplodia, podridão branca das espigas (Stenocarpella maydis).

A inclusão de Trichoderma hamatum na lista da Instrução Normativa 103/2021 é um dos requisitos para a obtenção do registro e consequente comercialização a agricultores.

Estudos alternativos com Trichoderma hamatum

Embora não seja objeto de pedido de registro, há estudo científico apontando a possibilidade do uso entomopatogênico de Trichoderma hamatum. O fungo obteve sucesso contra Spodoptera littoralis (largata-do-algodão). Há potencial contra outros lepidópteros. Nas palavras dos autores, "conclui-se que T. hamatum apresenta capacidade entomopatogênica contra larvas de S. littoralis por infecção direta por esporos em níveis semelhantes ao fungo comercial Beauveria bassiana, sendo possivelmente sua via de infecção através de aberturas naturais".

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