Crédito mais caro pressiona produtores de soja em Mato Grosso
Relatório do Imea aponta maior participação do sistema financeiro e redução no uso de recursos públicos
Transformar pulverizadores autopropelidos em distribuidores de fertilizantes e corretivos deixou de ser uma alternativa experimental para se tornar uma estratégia sólida dentro das fazendas brasileiras, e poucas empresas seguem com tanta consistência quanto a Piccin Equipamentos, de São Carlos. A fabricante, que há anos investe em projetos de adaptação de máquinas, afirma que a conversão pode reduzir em até 80% o custo em comparação à compra de um distribuidor novo. Mais que economia, trata-se de uma mudança de mentalidade: aproveitar o que já existe, ampliar a capacidade operacional e adotar práticas sustentáveis.
Segundo o engenheiro agrônomo e head de marketing da Piccin, Marco Gobesso, o processo se baseia em uma lógica simples e eficiente: “A adaptação utiliza aproximadamente 70% da estrutura já existente, como chassi, cabine e motor, dando nova função a um equipamento que o agricultor já possui”. Em um setor em que o maquinário pesa no orçamento e a renovação da frota costuma exigir altos investimentos, essa equação chama a atenção de produtores de todos os portes.
Além do impacto financeiro, há ganhos ambientais e agronômicos. Ao reaproveitar máquinas em vez de descartá-las ou desvalorizá-las na troca por novos modelos, o produtor pratica o que especialistas chamam de economia circular. O resultado é uma operação mais eficiente e com menor desperdício. A lógica também se estende ao manejo da lavoura: como a máquina convertida mantém o mesmo rastro já utilizado como pulverizador, o amassamento de plantas diminui, o que pode refletir diretamente na produtividade. Para Gobesso, somando fatores como preservação da estrutura do solo, redução do desperdício e capacidade de aplicação em estágios mais avançados da cultura, o retorno do investimento ocorre entre uma e três safras.
Do ponto de vista técnico, a conversão exige análise criteriosa. A integridade estrutural do pulverizador, especialmente chassi e componentes de suporte, é o primeiro ponto de verificação. O sistema hidráulico e o de transmissão também precisam ser compatíveis com o novo conjunto distribuidor. Ainda assim, o especialista da Piccin afirma ter projetos validados para “a maioria dos pulverizadores disponíveis no mercado”, o que inclui diferentes marcas e capacidades. Em alguns casos, a única modificação além da retirada do tanque e das barras é o reposicionamento do motor, sem perda de potência.
Os distribuidores autopropelidos desenvolvidos pela marca são oferecidos em caixas de 3 m³ a 6 m³, dimensionadas para garantir estabilidade, durabilidade e equilíbrio da máquina mesmo em terrenos irregulares. A instalação requer mão de obra treinada, já que etapas como alinhamento, fixação da caixa e calibração do sistema de distribuição exigem precisão milimétrica. O conjunto final permite trabalhar com aplicações em pó (até 18 metros) e granulares (até 36 metros), alcançando rendimentos que podem chegar a 400 hectares por dia, dependendo do modelo do autopropelido convertido.
A compatibilidade com agricultura de precisão, mapas de prescrição, dosagens variáveis e sistemas eletrônicos de controle mantém a máquina competitiva diante de distribuidores modernos. “A caixa adubadora do autopropelido tem a mesma tecnologia de taxa variável encontrada em distribuidores de arrasto ou de caminhão”, reforça Gobesso, destacando que a conversão não significa perda tecnológica.
No mercado, outro fator incentiva a conversão: pulverizadores usados tendem a perder valor rapidamente. Concessionárias pagam, em média, 60% do valor real na troca. Quando convertido em distribuidor, o equipamento volta a ter relevância comercial e utilidade plena. “O que chama atenção é o custo-benefício: o produtor passa a contar com uma máquina que trabalha o ano inteiro, com menos desperdício e mais eficiência”, resume o profissional da empresa.
Os ganhos operacionais, embora ainda careçam de estudos acadêmicos amplos, já aparecem nos relatos de campo coletados pela empresa. “É o custo-benefício da transformação que mais chama atenção: mais uso, menos desperdício e uma máquina que trabalha o ano inteiro”, afirma o head da Piccin.
Mesmo com a ausência de estudos acadêmicos abrangentes e documentados sobre resultados de longo prazo, a procura crescente indica que a prática se consolida como tendência. Em um cenário de custos elevados, busca por sustentabilidade e necessidade de maior produtividade, a transformação de pulverizadores em distribuidores se impõe como solução.
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura