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Projeção realizada no início de março pela INTL FCStone, consultoria de gerenciamento de risco especializada em commodities, sugeria entregas totais de fertilizantes em 2014 entre 32,41 e 34,72 milhões de toneladas. Entretanto, com a inclusão do número referente a fevereiro (entrega de 2,08 milhões de toneladas), o modelo de séries temporais utilizado ajustou a faixa para entre 31,77 e 34,03 milhões de toneladas.
“Por esta razão, embora o valor de fev/14 seja superior ao de fev/13, ele evidencia recuo em relação à jan/14, o que implica ligeira revisão negativa contra a estimativa anterior. O resultado anual, entretanto, continua acima do verificado em 2013, com avanço de 2,2% para HWa e 9,8% para HWm”, explica o analista do mercado de fertilizantes da INTL FCStone, João Marcelo Santucci.
Segundo a consultoria, é preciso analisar com cuidado os dados das projeções, uma vez queas estimativas realizadas por séries temporais não possuem embasamento fundamentalista, apenas replicam padrões verificados no passado.
“Primeiro, ficam desconsideradas as expectativas em relação à expansão/retração da área plantada das principais culturas brasileiras, em especial da safra de grãos, uma vez que ainda é cedo demais para se realizar qualquer tipo de previsão.Focamos, assim, na capacidade de importação do mercado brasileiro, já que, no período entre 2005 e 2013, as importações compuseram cerca de 63,6% de toda a oferta do mercado brasileiro e, desta forma, representaram impacto significativo sobre as entregas, situação que certamente se repetirá em 2014”, afirma o analista.
Adeterioração dospreços no mercado internacional em 2013, que tomou contornos mais nítidos no segundo semestre, culminou em aumento considerável das importações naquele ano mesmo com a disparada do dólar, fato que teve contrapartida no recorde de entregas atingido no ano passado.“Embora 2014 tenha começado com fortalecimento dos preços dos insumos fertilizantes em relação ao final de 2013, os valores em dólares no mercado internacional ainda são inferiores aos verificados no início do ano passado. Caso seja mantida uma trajetória de recuo – como já se observa para os insumos nitrogenados e deve ocorrer, já a partir de abril, para os fosfatados -, o patamar deve estimular novas aquisições mesmo com o dólar mais firme do que o verificado em 2013”, analisa Santucci.
De acordo com o levantamento da INTL FCStone, a tendência de recuo dos preços no mercado internacional já a partir do segundo trimestre de 2014 em relação ao patamar atual alicerça-se sobre expectativa de que os Estados Unidos não devem agregar novo suporte até que as aplicações de outono no país estejam próximas. O prolongamento do inverno no hemisfério norte também se configura como fator baixista, uma vez que, a exemplo do que se passou no ano passado, a pressão para evitar atraso no plantio do milho pode reduzir a janela de aplicação de fertilizantes e, por consequência, a demanda doméstica dos EUA. Isso reorientaria parte dos estoques no mercado interno à exportação, incrementando a disponibilidade mundial.
“Além disso, com a redução dos subsídios indianos (em dólar) à aquisição de fertilizantes importados, a Índia também deve oferecer um suporte menor em 2014 ao mercado internacional do que o fez em 2013. A situação deve materializar-se, sobretudo, para fosfatados e cloreto de potássio, que tiveram os cortes mais severos”, completa Santucci.
Considera-se que haverá redução nas tarifas de exportação praticadas pela China em 2014 durante seu período de abertura da janela de exportações - entre 16 de maio e 15 de outubro para fosfatados, e entre 1 de julho e 31 de outubro para nitrogenados -, o que terá impacto negativo sobre preços internacionais e pode atrair mais importações por parte do Brasil.
“Por fim, apesar de o segundo semestre no mercado de potássio ter sido marcado pelo fim da BPC e o ajustamento dos preços a patamares mais realistas, o primeiro semestre ainda possuía produto precificado sob o cartel com a PotashCorp, fator que não deve se observar em 2014, agregando, também às importações.Conclui-se, desta forma, ao contrário do que se imaginava no início do mês, que as entregas em 2014 fiquem entre as porções intermediária e superior da projeção”, explica o analista do mercado de fertilizantes da consultoria.
As projeções de entregas de fertilizantesda INTL FCStonesão realizadas pelo método de Holt-Winters, particularmente eficaz para estimar valores a partir de séries históricas com tendência sazonal (períodos de alta e baixa bem definidos). O método possui duas variedades de estimação: (i) aditiva (HWa), que implica diferença constante entre valores máximos e mínimos de uma mesma estimação; e (ii) multiplicativa (HWm), que retorna maior diferença entre valores máximos e mínimos quanto maior for o horizonte de estimação. Ambas foram empregadas. Os modelos de séries temporais – como o de Holt-Winters – projetam entregas futuras identificando padrões no comportamento das entregas no passado em intervalos específicos, dando peso maior às observações mais recentes.
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