Umidade dificulta implantação das culturas de verão no RS

30.10.2008 | 21:59 (UTC -3)

Nos últimos dias, no Rio Grande do Sul, o plantio das culturas de verão avançou de forma mais lenta devido às chuvas e ao excesso de umidade. Segundo o Informativo Conjuntural, documento elaborado pela Emater/RS-Ascar, somente na parte sudoeste do Estado, na faixa que vai de Bagé a Santa Vitória do Palmar, é que a semeadura do arroz evoluiu de maneira satisfatória tendo em vista o menor volume de chuva. Na parte centro-leste e no oeste, o plantio ficou praticamente paralisado durante a semana, com algumas lavouras localizadas nessas regiões sofreram com as enxurradas, havendo a necessidade, em muitas delas, de reconstrução de taipas e canais.

No momento, a safra 08/09 alcança 43% da área já semeadas. Devido ao grande número de dias com pouca insolação, a germinação em lavouras recém semeadas ocorre de maneira mais lenta, deixando vários espaços em aberto e favorecendo a instalação de invasoras.

O plantio da lavoura do feijão alcançou os 75% da área prevista, avançando 4% em relação à semana passada, basicamente nas áreas estabelecidas na metade Sul do RS. As fortes e incessantes chuvas da semana paralisaram a semeadura no resto das regiões localizadas do Centro ao Norte. O desenvolvimento da cultura nessas áreas, nesse período, é lento e, em decorrência das precipitações que ocorreram em algumas lavouras pontuais, houve perdas de plantas localizadas perto de rios, sangas e açudes e que deverão ser replantadas. Mesmo que a cultura, de uma maneira geral, esteja com uma boa evolução de crescimento, a alta umidade atual propicia o aparecimento de doenças na lavoura, deixando os produtores em alerta quanto à necessidade de controle fitossanitário.

Nas regiões produtoras de milho localizadas mais ao norte do Estado, a área destinada a cultura está praticamente concluída, apresentando um bom desenvolvimento vegetativo. Entretanto, algumas lavouras implantadas no final de setembro apresentam porte abaixo do normal devido ao frio no início do mês de outubro e ao excesso de chuvas dos últimos dias, que causaram lixiviação de nutrientes e erosão laminar, levando a perdas significativas do nitrogênio aplicado em cobertura. Alguns agricultores que prepararam as áreas através de escarificação e gradagem, para controle de invasoras, também tiveram problemas com erosão laminar e em sulcos nestas áreas. Apesar desses imprevistos, a atual safra se encontra adiantada em relação aos anos anteriores.

Na soja, o excesso de umidade praticamente paralisou o plantio durante estes últimos dias. O avanço ficou limitado a apenas dois pontos em relação à semana anterior, com o Estado semeando 6% da área prevista para esta safra. A germinação também vem sofrendo pequeno atraso devido à falta de luminosidade e temperaturas mais elevadas. Lavouras não trabalhadas em plantio direto tiveram problemas com a erosão, com conseqüente perda de nutrientes e sementes, havendo necessidade de replantio em alguns talhões.

Nas lavouras de trigo que se encontram em plena colheita, e em fase final de formações de grãos e amadurecimento, as intensas chuvas deixaram pesadas marcas, com visível queda na qualidade e no rendimento. Essa situação recai sobre 79% das lavouras nessas condições, espalhadas em todas as regiões produtoras. A quantificação dos prejuízos em termos de rendimento só será possível daqui alguns dias, quando começarem a chegar as informações sobre a situação das culturas relativas à primeira quinzena de novembro. O que já pode ser notado, segundo os técnicos da Emater/RS-Ascar, é a queda no peso específico do grão retirado nestes dias. Nas lavouras colhidas antes das chuvas o produto apresentava um PH ao redor de 78, com alguns casos de 80. Colheitas feitas em lavouras que amadureceram em condições de excesso de umidade têm apresentado PH ao redor de 72, quando não menor. Outro fato a destacar é o aumento na incidência de doenças fúngicas típicas de final de ciclo, que acabam por, também, deteriorar a qualidade do produto e diminuindo o preço final. Com esta situação, alguns produtores já solicitaram vistoria para Proagro (seguro), uma vez que a receita será insuficiente para cobrir o custeio da lavoura.

As condições meteorológicas deste último período também não foram favoráveis aos hortigranjeiros em geral, prejudicando pomares lavouras e canteiros com olerícolas e frutas. As hortaliças sofreram muito com alagamentos e perdas de solo em algumas regiões, mas ainda sem contabilização de grandes prejuízos. O abastecimento de hortigranjeiros é normal no Estado e, se existirem reflexos, eles deverão se manifestar nos próximos períodos.

Raquel Aguiar

Emater/RS-Ascar

51 2125-3105

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