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Vacas produzem mais leite quando ouvem música com tempo lento. Pode ou não ser clássica. Leitões crescem melhor e brincam mais com músicas calmas. O bem-estar de cães, elefantes e galinhas segue padrões semelhantes.
E as plantas?
Pesquisadores desenvolveram abordagem para a polinização artificial de tomates utilizando frequências sonoras. O método, que não exige contato físico com a planta, mostrou-se eficaz na promoção da autopolinização e aumento do tamanho dos frutos.
A equipe testou frequências variando de 50 Hz a 10.000 Hz em quatro cultivares comerciais com resultados positivos em termos de número de sementes, peso e volume dos frutos. O uso de um alto-falante tipo subwoofer mostrou-se tão eficaz quanto os métodos tradicionais com contato físico, como hastes vibratórias e braços mecânicos.
A ideia surgiu da observação do comportamento das abelhas mamangavas, que emitem vibrações entre 100 e 400 Hz para liberar o pólen das flores com anteras poricidas, como no tomate. O estudo demonstrou que vibrações sonoras isoladas -- sem contato físico com a flor -- também conseguem liberar pólen, ao provocar o “destrancamento” dos tricomas que mantêm as anteras unidas.
Microscopia eletrônica revelou que as vibrações sonoras separam esses tricomas interligados, que funcionam como zíperes entre as anteras do cone floral. Ao se desprenderem, permitem a liberação do pólen, essencial para a autopolinização.
Os pesquisadores testaram as respostas de quatro cultivares comerciais: Endeavour, Sweetelle, Paulanca e Managua.
Nos testes com a cultivar Endeavour, todas as formas de vibração aumentaram o número de sementes por fruto em até 110% em relação ao controle sem polinização. O peso dos frutos aumentou em até 188% com o uso de frequência de 10.000 Hz. A espessura do mesocarpo também aumentou, mesmo sem variação no número de sementes.
A cultivar Sweetelle apresentou comportamento semelhante, embora o aumento de peso com alta frequência tenha sido menos acentuado. Paulanca e Managua também responderam positivamente, com aumento médio de 100% no peso dos frutos.
O estudo observou um padrão de resposta de “lei de potência” nas células vegetais: enquanto frequências mais baixas provocam maior deslocamento, as mais altas induzem aceleração constante. A frequência de 10.000 Hz resultou no maior aumento no tamanho e peso dos frutos, especialmente na cultivar Endeavour.
Apesar disso, o número de sementes permaneceu estável independentemente da frequência. Isso sugere que a eficácia da polinização independe da amplitude, mas a resposta celular à frequência sonora pode modular o crescimento do fruto.
A tecnologia se mostra especialmente promissora em ambientes protegidos, como estufas, onde o uso de abelhas é limitado ou proibido por questões sanitárias. Na Austrália, por exemplo, a introdução de mamangavas é proibida por riscos à biodiversidade.
A substituição da polinização manual por sonicação automatizada pode reduzir custos com mão de obra, garantir maior uniformidade e aumentar a produtividade. Além disso, evita o risco de contaminação cruzada comum em métodos de contato.
Os pesquisadores sugerem que frequências sonoras podem alterar processos celulares ligados ao crescimento de frutos, talvez por modulação epigenética ou hormonal. O uso de sonicação como estímulo mecânico de precisão representa um novo caminho para aumentar produtividade de forma sustentável.
Estudos envolvendo efeitos sonoros foram realizados também com outras plantas. De uma forma geral, com bons resultados.
Em milho, frequências baixas (ex.: 300 Hz) aumentam germinação e biomassa. Em arroz, frequências entre 500 e 1000 Hz aceleram germinação e crescimento. Em soja, frequências altas (entre 3 e 9 kHz) aumentam nodulação e teor de proteína.
As plantas reagem a vibrações. Todavia, não há prova sólida de que elas "ouvem" ou "gostam" de música, ao contrário dos animais.
Outras informações em doi.org/10.1093/hr/uhaf053
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