Normas para produção integrada de folhosas entram em vigor em fevereiro
Objetivo é garantir segurança e qualidade desses alimentos a partir da aplicação das Boas Práticas Agrícolas
Produtores rurais de Itamarandiba, no Vale do Jequitinhonha, estão comemorando aquela que será a maior colheita de abacaxi no município dos últimos 10 anos. A previsão é de que a safra 2020/2021 registre uma produção de mais de mil toneladas da fruta. Um acréscimo de 600 toneladas em relação à safra anterior. A colheita, que começou em dezembro, se estende até março.
Itamarandiba já foi um dos principais produtores de abacaxi de Minas Gerais. Chegou a ter 300 hectares plantados. Mas a grande incidência da fusariose, uma doença causada por fungos, e o interesse pelo plantio de eucalipto fizeram com que o cultivo de abacaxi fosse reduzido drasticamente. Há cerca de sete anos, Itamarandiba contava apenas com dois hectares plantados com a fruta.
Porém, com o controle da fusariose no município e os bons preços no mercado do abacaxi, a tradição no cultivo da fruta está sendo resgatada. Hoje são 16 produtores investindo na atividade, com uma área plantada de 50 hectares.
“Por causa do preço e como é uma cultura rentável, que utiliza a mão de obra familiar, os produtores de Itamarandiba retornaram ao plantio de abacaxi. A dúzia da fruta atualmente está sendo vendida por aproximadamente R$ 45,00, que é um bom preço. Mas, no final do ano passado, chegou a ter um pico de R$ 80,00, durante uma semana”, explica o engenheiro agrônomo da Emater-MG do município, João Batista Araújo.
O abacaxi cultivado em Itamarandiba é o Jupi, uma variedade doce e de massa amarela. O clima de altitude da região favorece a cultura. Quase toda a produção é vendida na Ceasa da região metropolitana de Belo Horizonte. A safra de Itamarandiba é favorecida porque não coincide com o período de colheita de outras regiões do estado.
“A safra daqui é tardia. Enquanto o pico em outras regiões ocorre em setembro e outubro, aqui começa a colher abacaxi no final de dezembro ”, informa o técnico da Emater-MG.
Controle da fusariose
O aumento da área plantada nos últimos anos só foi possível após o combate à fusariose. Para isso, a Emater-MG, vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), orienta os produtores sobre o controle fitossanitário e produção de mudas a partir do seccionamento do caule de plantas sadias. Segundo o técnico da empresa, este método elimina 90% da possibilidade de desenvolvimento da doença.
“São produtores que absorvem muito bem as orientações da Emater, as novidades sobre uso de defensivos e adubação. Contribuímos também com a comercialização, no contato com redes de sacolões de Belo Horizonte para adquirir o produto”, afirma João Batista.
Jacaré
O produtor Pedro Rodrigues viveu o auge da produção de abacaxi em Itamarandiba. Nos anos 90, chegou a ter 30 hectares plantados. Com o surgimento da fusariose abandonou a atividade e foi trabalhar como carreteiro. Atualmente, com a doença controlada, retomou o plantio. Tem uma área de quatro hectares e pretende dobrar o tamanho da lavoura.
Ele passa quatro dias da semana na Ceasa, comercializando a produção própria e também ajudando nas vendas de abacaxi de outros agricultores de Itamarandiba, já que conhece muitos compradores. O seu Pedro conta que o abacaxi Jupi é menor que outras variedades e que, por isso, não tem uma aparência externa que chame atenção. Mas o que conquista a clientela é o sabor diferenciado.
“Fui o primeiro a comercializar na Ceasa. No início, o nosso abacaxi tomou o apelido de ‘jacaré’, porque eles não conheciam o abacaxi e acharam que não era bom. Quando começaram a comprar e viram que o abacaxi era muito bom, a procura aumentou demais. Hoje eles deixam de comprar em outras lojas e compram por um preço mais alto na nossa mão. O nosso abacaxi não tem acidez, é muito doce. Não tem aparência, mas a qualidade é boa demais”, afirma o produtor.
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