RS Safra 2025/26: condições climáticas favorecem trigo
Tempo seco e luminosidade proporcionaram ambiente favorável ao desenvolvimento das lavouras
A possibilidade de um encontro entre autoridades dos Estados Unidos e da China no fim de outubro trouxe alívio aos mercados agrícolas internacionais. As posições da soja em Chicago subiram até 20 pontos, sustentadas pela expectativa de avanço nas negociações comerciais. O mercado reagiu à notícia divulgada pelo ex-presidente Donald Trump sobre a reunião com os chineses durante encontro na Ásia.
Mesmo sem confirmação oficial da China, o simples fato de não haver desmentido reforçou o otimismo. A eventual retomada das compras chinesas de soja americana poderá elevar ainda mais os preços da oleaginosa e de outros grãos.
Nos EUA, o "shutdown" do governo ameaça a divulgação dos relatórios do USDA. Sem aprovação do orçamento, funcionários não essenciais foram dispensados. A ausência de novos dados afeta o ritmo de negócios no mercado. A colheita da soja avança: cerca de 26% da safra foi colhida, pouco abaixo da média de 27%. A maior parte da produção será colhida em outubro. A previsão do USDA aponta 117 milhões de toneladas.
No Brasil, a comercialização da safra 2024 avança. Já foram vendidas 125,7 milhões de toneladas de soja, 73,3% da safra total. Ainda restam 45,8 milhões de toneladas nas mãos dos produtores. A nova safra tem ritmo lento de vendas: 20% negociados, contra média de 28%. O risco é de pressão sobre os preços na boca da colheita, com muitos produtores forçados a vender.
A expectativa é de que um acordo entre EUA e China leve os embarques de soja americana a ocuparem navios entre novembro e março. Isso pode reduzir a disponibilidade logística para exportações brasileiras entre março e maio. A SECEX deve divulgar exportações recordes em setembro, com 6,8 milhões de toneladas de soja e até US$ 3,8 bilhões em divisas.
O plantio da nova safra no Brasil segue lento por falta de chuvas, especialmente do centro para o norte do país. No Sul, há excesso de chuva, principalmente no Rio Grande do Sul, o que atrapalha os trabalhos.
No milho, a safrinha brasileira colheu 112 milhões de toneladas. Cerca de 65 milhões já foram comercializadas. A soma total das safras aponta 140 milhões de toneladas, com 55 milhões ainda nas mãos dos produtores. A colheita americana também avança dentro da média. O mercado tenta se manter entre R$ 65 e R$ 67 nos portos, mas enfrenta fluxo limitado de exportações.
O trigo reage positivamente às notícias de Chicago e à possibilidade de restrições nas exportações russas. A colheita segue no Sul do Brasil, mas o excesso de chuvas preocupa produtores gaúchos. A projeção da safra é de 7,5 milhões de toneladas, apesar da redução de área plantada.
O algodão registra leve alta, com mercado internacional enfraquecido pela ausência de notícias. A colheita no Brasil está praticamente encerrada.
O sorgo teve safra recorde com mais de 6,1 milhões de toneladas. A procura por sementes para a nova temporada aumenta, com produtores buscando cultivares de alto potencial.
O arroz permanece estagnado. Preços pagos ao produtor no Rio Grande do Sul estão entre R$ 55 e R$ 56. Há dificuldade no plantio por excesso de chuvas. Cerca de 5,9 milhões de toneladas seguem nas mãos dos produtores. O varejo pratica preços entre R$ 15 e R$ 32 para o pacote de 5 kg.
No mercado do feijão, vendedores esperam melhora com o início do mês. O feijão carioca nobre varia entre R$ 245 e R$ 280. Já o feijão preto mostra preços nominais entre R$ 135 e R$ 170. Vendedores projetam cotações de até R$ 200, impulsionados pela redução de oferta.
Por Vlamir Brandalizze - @brandalizzeconsulting
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