Mercado Agrícola - 14.out.2025

Guerra comercial entre EUA e China pressiona commodities

14.10.2025 | 16:34 (UTC -3)
Vlamir Brandalizze - @brandalizzeconsulting

A guerra comercial entre Estados Unidos e China voltou a abalar os mercados agrícolas internacionais. O presidente Donald Trump anunciou tarifa de 100% sobre produtos chineses a partir de novembro. Pequim respondeu com retaliações. A tensão derrubou cotações em Chicago. Soja e petróleo recuaram. O barril do petróleo caiu para US$ 58.

Sem orçamento aprovado, o governo dos EUA segue em shutdown. Órgãos como o USDA estão parados. Não houve divulgação do relatório de oferta e demanda. Dados recentes sobre a safra americana vieram de fontes privadas. A soja está com 94% das lavouras em maturação e 56% colhida. No milho, 92% das lavouras maturaram e 42% já foram colhidas.

No Brasil, o plantio da soja atinge 20%. No Mato Grosso, chega a 30%, mas depende de chuvas para avançar. Regiões como Campo Novo e Sapezal enfrentam atrasos. O norte do estado recebeu mais chuva, mas o oeste e o sul ainda têm precipitações irregulares. A expectativa é de melhora climática nos próximos dias.

As exportações de soja continuam em ritmo forte. Em oito dias úteis de outubro, o país embarcou 2,16 milhões de toneladas, quase metade do total do mês passado. A Secex projeta até 6 milhões de toneladas neste mês. No acumulado do ano, já são 96,1 milhões de toneladas, novo recorde. O complexo soja embarcou 117,1 milhões de toneladas, incluindo 19,5 milhões de farelo e 1,5 milhão de óleo.

As exportações renderam US$ 1,3 bilhão em outubro, somando R$ 7,1 bilhões. A soja segue como principal produto da pauta brasileira. As cotações nos portos variam entre R$ 138 e R$ 142. Já foram negociadas 127,5 milhões de toneladas, o que representa 74,3% da safra. A média histórica é 80%. Na safra nova, apenas 21% foram negociados.

Os prêmios voltaram para níveis perto de 200 pontos. Vendedores pedem acima disso. A China segue agressiva nas compras. O mercado se sustenta acima de US$ 10 por bushel, com posições de julho/26 acima de US$ 10,50.

Situação do milho

No milho, o plantio da primeira safra alcança 75% com chuvas regulares no Sul e normalização no Sudeste. As exportações também seguem firmes. Em outubro, já somam 2,6 milhões de toneladas. No acumulado do ano, são 25,9 milhões, perto do recorde do ano passado (26 milhões). O faturamento em outubro chegou a US$ 550 milhões (R$ 3 bilhões).

A demanda pelo milho aumenta com o setor de ração, etanol e exportações. Nos portos, os preços vão de R$ 65 a R$ 67. O mercado interno pode reagir positivamente.

Situação do sorgo

O sorgo ganha espaço. Setores de ração e etanol retomam a procura nos estados do Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. A última safra fechou com 6,1 milhões de toneladas. Produtores já buscam sementes para a safrinha de fevereiro.

Situação do trigo

O trigo segue pressionado. O mercado de Chicago recuou US$ 5,40 na posição julho/26. Há excesso de oferta do Leste Europeu, sobretudo da Rússia, que antecipa exportações temendo novas sanções. A Ucrânia também vende grandes volumes.

No Brasil, não houve exportações no início de outubro. O acumulado do ano soma 1,55 milhão de toneladas, abaixo das 2,48 milhões do ano passado. As importações aumentaram. Já são 5,44 milhões de toneladas em 2025, recorde histórico. O trigo barato favorece os moinhos.

Situação do arroz

O arroz enfrenta mercado fraco. O plantio no Rio Grande do Sul passa de 20%. Pode chegar a 30% até o fim da semana. Houve melhora nas condições climáticas. Os preços variam de R$ 20,53 a R$ 55,00 na Fronteira Oeste. A indústria evita formar estoques. O arroz para parboilização vale até R$ 50,00.

No varejo, a maioria das marcas custa entre R$ 12,00 e R$ 25,00. Marcas nobres chegam a R$ 31,00. A demanda segue normal, mesmo com arroz barato. Produtores sinalizam redução na área plantada. O Rio Grande do Sul pode diminuir para 920 mil hectares. Nos demais estados, quase não há plantio.

Situação do feijão

O feijão também está em fase de reposição. As empacotadoras usam estoques comprados em setembro e outubro. O feijão carioca nobre varia entre R$ 240 e R$ 260. Em Goiás, há indicações de R$ 225. Em São Paulo, chega a R$ 270.

O feijão comercial segue entre R$ 210 e R$ 230, com leve alta. O feijão preto vai de R$ 140 a R$ 170. A demanda deve crescer nos próximos dias com reposições no varejo.

Por Vlamir Brandalizze - @brandalizzeconsulting

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