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Com o objetivo de reciclar o conhecimento de atores da cadeia produtiva da soja, a Embrapa Clima Temperado, de Pelotas/RS, estará promovendo entre os dias 29 e 31 julho, o Seminário Técnico de Soja (no primeiro dia), e na sequência, a 40ª Reunião de Pesquisa de Soja da Região Sul. Durante o evento será entregue uma publicação sobre o histórico de resultados de adaptação, manejo e êxito da cultura nas várzeas e coxilhas obtidas na região Sudeste do Rio Grande do Sul.
Segundo o chefe-geral, Clenio Pillon, este histórico vai representar um dos exemplos do que significa o trabalho da Embrapa Clima Temperado e de entidades parceiras para o crescimento econômico e social da região onde está inserida. "Demonstra ainda, desde os idos de 1952 e ao longo dos últimos 60 anos, da importância da Agricultura para a Metade Sul do Estado", ressaltou.
O pesquisador Francisco de Jesus Vernetti Júnior vai coordenar o painel Manejo da soja na Região Sul do Rio Grande do Sul. Segundo ele, as pesquisas com soja foram iniciadas nas áreas experimentais do IAS (1948), com introdução e observações de comportamento de cultivares, épocas e densidades de semeadura, inoculação de sementes e adubação do solo, levantamento de pragas e doenças. Finalmente, já como Instituto de Pesquisa Agropecuária do Sul (Ipeas) e a seguir, como Estação Experimental de Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, foi dado o andamento a amplo programa de pesquisa, incluindo o desenvolvimento de cultivares e produção de sementes.
Sobre o Manejo da Cultura
Para Francisco de Jesus Vernetti Júnior muitos fatores contribuíram para que a soja se estabelecesse como uma importante cultura, destacando-se principalmente a semelhança do ecossistema do sul do Brasil com aquele predominante no sul dos EUA, o qual favoreceu o êxito na transferência e adoção de variedades e outras tecnologias de produção. "Tudo começou com o programa oficial de incentivo à triticultura nacional, meados de 50, onde a cultura da soja foi igualmente incentivada por ser, tanto do ponto de vista técnico (leguminosa sucedendo gramínea) quanto do econômico (melhor aproveitamento da terra, das máquinas/implementos, da infraestrutura e da mão-de-obra) a melhor alternativa", contou.
O programa de pesquisa compreendeu diversas fases, cuja duração variou em função do tempo decorrido, dos resultados obtidos anualmente e dos recursos alocados a cada ano para a realização das pesquisas.
As pesquisas na região foram realizadas, ao longo de décadas, em áreas de arroz e nas coxilhas de vários municípios, como Pelotas, Arroio Grande, Jaguarão, Piratini, Canguçu, São Lourenço do Sul e Camaquã, principalmente.
O pesquisador chama a atenção que há uma enorme disponibilidade de cultivares/variedades no mercado, e nem todas são conhecidas e/ou experimentadas na região em que estão sendo ofertadas. "Muitas vezes não conhecemos o comportamento do material, então, é difícil fazer uma recomendação no escuro", alerta.
Ao longo desse tempo de mais de 50 anos de desenvolvimento de pesquisa na cultura da soja, houve também avanços nas recomendações de manejo. A Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, assim como o Núcleo Regional Sul, vem atualizando informações para que os agricultores tenham melhores alternativas para conduzir suas lavouras, através dos resultados obtidos em experiências realizadas por diversas instituições de pesquisa, incluindo, a Embrapa. Entre essas recomendações, o pesquisador Francisco Vernetti Júnior, deu algumas dicas:
- Em várzeas, o cuidado com a drenagem e a descompactação do solo, são práticas de manejo extremamente importantes;
- Uso de cultivares de diferentes Grupos de Maturação (GM). O uso de cultivares de distintos GMs amplia os período críticos da cultura (floração e formação/enchimento de grãos) proporcionando uma maior chance de ocorrência de condições climáticas favoráveis nestas fases da cultura;
- No sistema de plantio direto, utilizar dessecantes na época adequada. Aplicações atrasadas podem representar perdas diárias, numa área de 100ha, por exemplo, de 15 até 29scs/dia:
- utilizar o Manejo Integrado de Pragas (MIP);
- Em coxilhas, o uso do plantio direto, disponibiliza maiores volumes de água, o que pode resultar num diferencial de sucesso e insucesso na cultura;
Homenagem à Pesquisa em Soja
Uma sessão de homenagens está programada para acontecer no dia 29 de julho. Um grupo de pesquisadores, na sua maioria já aposentados, de diversas localidades e instituições, participarão de um momento de reconhecimento pela sua contribuição ao desenvolvimento da cultura da soja e consequentemente do sucesso da Agricultura. Os homenageados pela comissão organizadora do evento são: Beatriz Ferreira e Milton Kaster, da Embrapa Soja, de Londrina/PR; Emídio Bonato e Paulo Bertagnolli, da Embrapa Trigo, de Passo Fundo/RS; Francisco Vernetti, Flanklin Gastal e Neli Brancão, da Estação Experimental Terras Baixas, Embrapa Clima Temperado, de Pelotas/RS; José Antonio Costa, da UFGRS, Porto Alegre/RS e Sergio de Assis Librelotto Rubin, da Fepagro, Júlio de Castilhos/RS. Também será prestada uma menção institucional à importância do trabalho desenvolvido pelo Laboratório Leivas Leite, de Pelotas/RS. O destaque será recebido pelo representante do Laboratório, Pedro Antonio Leivas Leite.
Curiosidades
Nos livros antigos de Medicina, a soja foi incluída na segunda classe de drogas para o bom funcionamento do coração, fígado, rins, estômago e intestinos, bem como estímulo para os pulmões e promotora da eliminação de impurezas da pele. Ela é mencionada nos registros médicos da China, do Egito e da Mesopotâmia, que datam de 1500 a.C. ou antes. Relata-se também o uso de fungos e fermentados à base de sojacomo antibióticos primitivos para tratar feridas e reduzir o inchaço (ILLINOIS, 2011).
A expansão brasileira
No Brasil, foram iniciados estudos, primeiramente, em São Paulo, a partir de 1887. A partir da década de 1970, é que houve um crescimento da produção da cultura no país. De 1970 a 1979 a sojicultura se expandiu na região tradicional (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo), devido a fatores como condições edafoclimáticas favoráveis, boa infraestrutura (sistema viário, portuário, comunicações), o estabelecimento de uma articulada rede de pesquisa de soja, através da Embrapa Soja, e o surgimento do cooperativismo. A partir da década de 1980, a soja expandiu-se para os estados de Goiás, oeste de Minas Gerais, Bahia, sul do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. No início dos anos 2000, iniciou a ocupação de lavouras de soja nas áreas da Amazônia Legal (região Norte, Mato Grosso e oeste do Maranhão).
Dados econômicos e sociais da cultura
+ Econômicos: 1970 - produção brasileira de 1,5 milhões de toneladas;
safra 2013/2014 - produção brasileira superior a 86 milhões de toneladas;
+ Sociais: 1990 a 2000 - variação expressiva do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH);
2000 - municípios como MT, RS, BA e PA chegaram a 0,752, sendo que as cidades que não tinham a soja como setor econômico apresentaram uma média de 0,678;
+ A geração de renda e emprego proporcionada direta ou indiretamente pela soja contribuiu para diminuir as desigualdades. O benefício da soja não é só econômico, uma vez que reflete também na qualidade de vida da população.
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