Agroecologia é tema de capacitação para extensionistas da região de Porto Alegre

18.07.2014 | 20:59 (UTC -3)

Aplicar os princípios da Agroecologia nas formas de manejo dos agroecossistemas. Com este o objetivo, a Emater/RS-Ascar realiza a Jornada de Agroecologia, envolvendo todas as regiões do Estado. Nesta semana foi a vez da região administrativa de Porto Alegre, com a participação de 50 pessoas, entre extensionistas e técnicos da Instituição e pesquisadores da Embrapa. O encontro foi realizado de quarta a sexta-feira (16 a 18/07), em Montenegro, no campus da Universidade de Santa Cruz (Unisc), e no Centro de Treinamento de Agricultores (Cetam). Durante a capacitação, são analisados e nivelados conhecimentos e experiências sobre Sustentabilidade, suas relações com a Agroecologia e o trabalho da Extensão Rural.

De acordo com o diretor técnico da Emater/RS, Gervásio Paulus, que participa desta quinta edição da Jornada pelo Estado, na capacitação são fundamentadas as práticas e métodos de base ecológica, especialmente na atuação dos trabalhadores da Instituição, voltada à execução da Chamada Pública de Sustentabilidade e Agroecologia. "Essas capacitações acontecem em todas as regiões e têm permitido que, a partir da realidade regional, se possa avançar e aplicar os princípios da Agroecologia nas formas de manejo dos sistemas produtivos animais e vegetais", explica Paulus, ao anunciar, para agosto, a realização das próximas jornadas, envolvendo os escritórios regionais da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen, Bagé e Pelotas.

Durante a Jornada é feito o diagnóstico produtivo da região e são discutidos e nivelados os conceitos de Agroecologia e Sustentabilidade, realizados trabalhos em grupo sobre os caminhos para a transição agroecológica, abordadas as diversas formas de manejo ecológico de solos, bem como de nutrição, proteção de plantas e trofobiose, e apresentadas e elaboradas receitas de produtos alternativos nutricionais, como caldas bordalesa e sulfocálcica, além de alhol e biofertizantes, e também ocorre visita técnica a uma propriedade agroecológica.

A Jornada encerrou-se nesta sexta-feira (18/07), com muito boa avaliação dos coordenadores, Luiz Fernando Fleck e Cíntia Barenho. “O encontro foi especial, de primeira. Se melhorar, estraga”, afirmou Fleck. Cíntia destacou o ”grupo interessado e participativo, especialmente quanto à execução das chamadas públicas”.

Para o técnico agrícola da Emater/RS-Ascar de Alvorada, Guilherme Cunha Marimon, “o curso foi válido porque a ferramenta de avaliação da propriedade e a prática da oficina de caldas cumpriram com meu objetivo de melhor orientar o agricultor para a transição agroecológica”. Ele também destaca o acesso a vários nomes considerados referências na Agroecologia. “Agora poderemos aprofundar e direcionar os conhecimentos, cumprindo com nosso compromisso enquanto extensionistas”, diz. Já pra Sabrina Milano Vaz, engenheira agrônoma da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, o curso “foi ótimo, pois aproximou as pessoas e nivelou conceitos. É um processo de aprendizagem. O próximo passo é aplicar os conhecimentos”.

VIVÊNCIA APLICADA

Uma visita técnica a uma propriedade considerada exemplo na aplicação da Agroecologia faz parte da programação da Jornada. Na região de Porto Alegre, a propriedade de Antônio Auri Hamersky e Maria Fortes, localizada no Assentamento Itapuí, em Nova Santa Rita, foi escolhida, pois envolve diversificação, rotação de culturas e produção orgânica de alimentos. Durante a visita, os participantes conferiram a horta, de pouco mais de um hectare de área, mas que produz mais de 30 tipos de alimentos, como laranja, cenoura, beterraba, aipim, rabanete, alface, temperos e mais de 4.500 pés de moranguinhos da variedade camarosa, e flores.

O segredo para manter a qualidade dos alimentos e a clientela nas feiras ecológicas de Canoas (nas quartas-feiras à tarde e aos sábados de manhã) é nunca plantar um produto no mesmo lugar. “Assim, percebo que o solo está melhorando cada vez mais”, afirma Hamersky.

“Começamos com dois hectares e agora são 13 hectares de área”, lembra Maria, ao destacar que há dois anos a propriedade conquistou a certificação de produção orgânica pelo Ministério da Agricultura. “Conquistamos a certificação de Organização de Controle Social (OCS) e estamos criando uma Opac (Organismo Participativo de Avaliação de Conformidade)”, antecipa a agricultura, ao anunciar para breve uma agroindústria coletiva da Associação de Produtores Herval. A propriedade possui ainda mais de dois hectares de mata nativa, tudo registrado no plano de manejo, e, através do projeto Verde Sinos, está recuperando a mata ciliar e prevê, como benfeitorias, a instalação de uma composteira e de um sistema de captação da água da chuva.

Para o casal, que mantém sozinho a propriedade, a satisfação e qualidade de vida os fazem permanecer na propriedade. “De cinco anos para cá, participamos de cursos de capacitação junto ao Cetam, em Montenegro, e nossa produção tem melhorado bastante. Não podemos nos queixar”, dizem, orgulhosos.

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