Manejo da mancha-de-ramulária em algodão
Controle químico ao aparecimento das primeiras lesões nas folhas mais velhas é uma das estratégias mais utilizadas contra o patógeno
A manutenção adequada de tratores e máquinas agrícolas ajuda a reduzir os custos da mecanização, além de evitar paradas desnecessárias e redução do tempo de vida útil dos equipamentos.
Dentre as medidas mais efetivas para a redução do custo da mecanização agrícola nos diversos sistemas de produção está a manutenção adequada dos tratores. Como sistemas mecânicos complexos, essas máquinas são constituídas por componentes que exigem cuidados específicos, em momentos adequados, para o correto funcionamento.
Manutenção pode ser genericamente denominada como o conjunto de cuidados adotados para o funcionamento contínuo e indeterminado de máquinas, ferramentas, equipamentos e estruturas. Para os tratores, esses cuidados são necessários para evitar, além dos custos diretos, relacionados a quebras e às substituições de peças, os indiretos, que são os custos por conta da indisponibilidade do equipamento no momento em que seu uso é necessário. Um exemplo seria a interrupção do trabalho por um vazamento de óleo, cuja solução geralmente é barata de resolver, porém, se isso tiver de ser feito durante a operação de semeadura, o atraso pode gerar grande impacto na produtividade e no lucro.
Quando se repara um equipamento que apresenta desempenho abaixo do esperado ou que está impossibilitado de operar (quebra), realiza-se a manutenção corretiva. Esse tipo de manutenção pode ser planejada ou não, e o que a caracteriza é a atuação após um fato já ter ocorrido, sendo necessário, portanto, restaurar as condições de funcionamento. A manutenção corretiva não planejada deve ser evitada de todas as formas, dados os impactos sobre o trabalho que deixa de ser realizado no campo. A manutenção preventiva pode ser entendida como a atuação visando reduzir ou evitar a falha ou queda no desempenho do equipamento. Segue um plano previamente elaborado em que há intervalos definidos em cada subsistema das máquinas.
Em unidades de produção com sistemas mecanizados contendo muitas máquinas é comum a prática da manutenção preditiva. Nesta há um acompanhamento sistemático de parâmetros de desempenho e de indicadores que permitem definir o momento das trocas de componentes e de materiais como óleo e filtros. Este tipo de manutenção permite a realização de trocas apenas quando necessário e antes que ocorra qualquer falha, porém, é pouco viável se o número de equipamentos for pequeno, não justificando os investimentos na estrutura necessária.
Os tratores agrícolas requerem manutenções contínuas ao longo da vida útil, definidas pelos fabricantes e apresentadas nos manuais, os denominados planos de manutenção que especificam as ações a serem realizadas desde intervalos diários até milhares de horas de uso. Em função de diferenças no projeto, que podem inclusive ser determinantes na escolha por um ou outro modelo, há alguma oscilação nos intervalos de manutenção para os mesmos sistemas nos tratores agrícolas. Os fabricantes buscam elevar esses intervalos de modo a maximizar o tempo de uso e disponibilidade por meio de projetos e componentes mais avançados. Seguir os procedimentos descritos no manual de instruções é seguir os procedimentos definidos pelo fabricante, evitando, assim, as quebras e os desgastes prematuros.
O desgaste das máquinas está intimamente associado à elevação da temperatura em função da geração do atrito entre seus componentes. A realização da manutenção adequada nos sistemas que impedem a entrada de impurezas nas máquinas eleva expressivamente sua vida útil. No sistema de alimentação de ar a manutenção de filtros limpos, mangueiras e braçadeiras íntegras impede a entrada de poeira no motor, evitando o desgaste prematuro e a perda de potência. De modo complementar, a limpeza e as trocas dos filtros de diesel impedem a entrada de impurezas que causam entupimentos e desgaste no sistema de alimentação e nos componentes internos do motor, além da perda de potência com consequente aumento do consumo de combustível. A lubrificação adequada, por meio da troca de óleo do motor, do sistema hidráulico e da transmissão, é fundamental para impedir o desgaste prematuro de peças que apresentam contato íntimo e estão expostas a cargas e condições extremas. Mas não apenas as trocas de filtros e dos lubrificantes impedem tais problemas, os cuidados como a limpeza do trator são fundamentais para facilitar a detecção de vazamentos, trincas e danos diversos. Durante a lavagem, cuidados devem ser tomados de modo a impedir a entrada de água através dos respiros da transmissão, assim como o acúmulo de água nos componentes eletrônicos. Pouco adianta realizar a troca de óleo e manter o sistema hidráulico sem vazamentos se não forem observadas a qualidade do óleo e a presença de impurezas no óleo dos implementos que são acionados pelo trator. A manutenção dos tratores passa, portanto, pela manutenção de equipamentos que são por eles acionados hidraulicamente. No caso da lubrificação feita com graxa, necessária em muitos equipamentos, deve ser realizada periodicamente conforme intervalo apresentado no manual, sendo fundamental atentar para as condições de uso. Neste aspecto, embora os manuais tragam uma recomendação, em função de condições como: terreno alagado, poeira, palha, temperaturas altas entre outras, pode haver variações. Um exemplo típico é a necessidade de realizar limpeza frequente nos radiadores quando há poeira ou palhiço durante a colheita, impedindo a adequada troca de calor e, com isto, elevando a temperatura do motor e do óleo do sistema hidráulico, o que pode causar danos severos. Outro exemplo é o deslocamento em terrenos alagados, como na produção de arroz.
Embora os rodados usualmente recebam pouca atenção, eles são fundamentais para transferir a potência do trator aos equipamentos tracionados. O reaperto das porcas de fixação deve ser verificado semanalmente, assim como a pressão dos pneus e a presença de cortes ou danos que possam ser reparados antes de se tornarem irrecuperáveis.
Além de permitir a disponibilidade dos tratores, a manutenção também contribui para valorizar o equipamento, que pode ser comercializado ao final da vida útil com maior facilidade. Tal como o uso de peças originais, que apresentam maior durabilidade e asseguram o correto funcionamento sem causar danos a outros componentes.
O sistema de transmissão dos tratores é responsável pela transformação da potência gerada no motor em combinações de velocidade de deslocamento e força para tração. É um sistema no qual há grande diversidade construtiva entre os fabricantes, havendo desde modelos com caixas de mudança totalmente mecânicas e manuais até os hidráulicos totalmente automatizados. Pelo fato de haver um grande número de componentes submetidos a esforços elevados é fundamental assegurar a correta lubrificação neste sistema. No entanto, há ocorrência de erros como a utilização de óleo com baixa qualidade ou especificação inadequada, além de trocas com intervalo muito acima do recomendado pelo fabricante. Além disso, o momento de troca muitas vezes é definido com base em inspeção visual, um erro, dado que as alterações que se processam pelo uso são efetivamente quantificadas apenas por meio de instrumentos específicos. A contaminação do óleo através da entrada de impurezas pelo respiro deve merecer atenção especial. Para a troca do óleo é interessante que a transmissão esteja em temperatura de operação, o que facilita o escoamento e proporciona adequada remoção das impurezas geralmente depositadas ao fundo dos reservatórios e carcaças.
Os motores modernos com controle eletrônico permitem maior precisão na injeção do combustível. Tais motores favorecem uma dosagem e queima mais adequada do diesel na câmara de combustão, empregando um duto único para manutenção do combustível sob elevada pressão, válvulas solenoides, uma gama de sensores e uma central de controle. Os sistemas eletrônicos permitem ainda a adequação do regime de trabalho do motor em função das características de operação, reduzindo o consumo de combustível nas operações mais leves e elevando a potência naquelas em que o esforço é máximo.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), por intermédio do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve). O Proconve MAR – 1 (MAR – Máquinas agrícolas e rodoviárias), estabeleceu requisitos que terão impacto na adoção de motores mais limpos e os motores eletrônicos serão uma das estratégias para atender aos critérios. A legislação entrará em vigor de forma escalonada, de modo que devem estar adequados a partir de 2017 os modelos comercializados com potência acima de 101cv e, a partir de 2019, aqueles abaixo dessa faixa de potência. Para estes novos motores existem soluções como a Recirculação do Gás de Escapamento (EGR), através da qual o gás do escape retorna à câmara de combustão do motor, reduzindo a temperatura de combustão e a formação de óxidos de nitrogênio, sendo então necessárias alterações no sistema de alimentação forçada. A Redução Catalítica Seletiva (SCR) é outra estratégia na qual um reagente líquido (“Arla”, “adblue”) é pulverizado no escape, ocorrendo reação química em um catalisador que neutraliza a geração dos óxidos de nitrogênio. Consumo em torno de três litros para cada 100 litros de diesel. Ambos os sistemas, EGR e SCR, empregam componentes adicionais, e para seu uso é necessária a utilização de combustível com menor teor de enxofre. O uso de combustível inadequado pode causar danos ao motor e alterações para burlar a necessidade do uso do Arla geram perda da garantia. Apesar de a adoção ser gradual e ainda estar um degrau abaixo do Tier4, já presente no exterior, o usuário de máquinas agrícolas deve estar atento à qualidade do combustível e às manutenções adicionais exigidas e especificadas pelo fabricante.
Como boa parte do comportamento destes novos motores está sujeita ao controle eletrônico, a manutenção nem sempre poderá ser realizada na fazenda, dado que o diagnóstico requer ferramentas também eletrônicas. Nesse caso é fundamental contar com a revenda ou um bom prestador de serviços que deve estar preparado para oferecer os serviços de diagnóstico e reparação de forma adequada.
Variação de intervalos entre manutenções para diversos componentes dos tratores
Leandro M. Gimenez, Marcos Milan e Thiago L. Romanelli, Esalq/USP
Artigo publicado na edição 162 da Cultivar Máquinas.
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