Doenças da soja em expansão
Apesar da grande evolução do melhoramento de soja no Brasil, a monocultura e a adoção de práticas de manejo inadequadas têm favorecido o surgimento de novas doenças
Com o plantio de culturas de inverno é necessário preparar e regular as semeadoras levando em conta a importância da densidade de semeadura, que é fundamental para o bom desenvolvimento das plantas.
Um aspecto fundamental para a maximização da produtividade diz respeito ao número de plantas a serem utilizadas e a sua distribuição na área. Essa definição da população de plantas tem sido estudada pela pesquisa, e é dependente da interação entre a cultivar utilizada e das condições de cultivo que provavelmente ocorrerão, como, por exemplo, fertilidade do solo, condições de precipitação, temperatura ambiente, local e época de semeadura, entre outros fatores.
No caso das culturas de grãos finos, ou as chamadas culturas de inverno do Sul do País, a densidade de semeadura também é fator decisivo, pois esta pode propiciar melhor equilíbrio dos componentes de rendimento, resultando em melhor produtividade. A densidade de semeadura de grãos finos tem grande influência na capacidade de perfilhamento das cultivares.
Na instalação de uma lavoura de grãos finos, deve-se determinar a quantidade econômica de semente a ser utilizada, a fim de se promover a diminuição dos custos de produção, propiciar melhor desenvolvimento fisiológico da planta e maximizar sua produção.
Há diferenças na capacidade de perfilhamento entre genótipos, conforme a densidade de semeadura, sendo observada maior competitividade intraplanta e interplanta, quando ocorre baixa e elevada densidade de semeadura, respectivamente. O efeito da competição entre plantas é determinante na produção de perfilhos e implica diretamente na produtividade de grãos e seus componentes. As cultivares com alto potencial de perfilhamento apresentam capacidade superior na manutenção da elevada produtividade de grãos, quando cultivadas em baixa densidade de semeadura.
No caso específico destas culturas, existe uma tendência em se utilizar densidades baseadas mais no conhecimento empírico, consagrado pela tradição de plantio da cultura, do que com o rigor técnico que exige a recomendação. Portanto, para se fazer uma recomendação da quantidade de semente de trigo ou de outros grãos pequenos, deve-se considerar critérios intrínsecos à semente, como o peso de mil sementes, vigor e/ou poder germinativo, e extrínseco, como sistema de plantio, número de sementes aptas por metro quadrado (estande de planta/m²) a ser atingido, espaçamento, fertilidade do solo, necessidade hídrica e elementos climáticos predominantes no local ou região de plantio.
Recomendações feitas sem critério técnico podem acarretar em estandes mal dimensionados, com diminuição do potencial produtivo da cultura, desperdício de sementes e, como consequência, aumentos nos custos de produção com prejuízo na rentabilidade da atividade agrícola do produtor.
Os componentes do rendimento da cultura do trigo: número de grãos por espiga, massa média de grãos e número de espigas por unidade de área são altamente dependentes da contribuição do número de afilhos férteis por unidade de área, para a expressão do rendimento de grão final. Em condições favoráveis para a cultura do trigo, há uma produção uniforme na população de colmos, com o surgimento de afilhos regularmente espaçados, enquanto em condições de estresse, são observados diferentes padrões de afilhamento, resultando em menor aproveitamento de nutrientes, com queda na produtividade da lavoura.
O efeito da competição entre plantas é determinante na produção de afilhos, com implicações diretas no rendimento de grãos e seus componentes. Neste contexto, genótipos de trigo com reduzido potencial de afilhamento são mais dependentes da densidade de semeadura. Desta forma, a identificação do número ideal de indivíduos por unidade de área, bem como qual densidade é mais estável e responsiva à melhoria da qualidade do ambiente, pode determinar o máximo rendimento de grãos, com o balanço ideal dos componentes do rendimento, sem o risco de ter excesso ou falta de plantas.
Os mecanismos de rotor acanalado são os mais utilizados nas semeadoras de grãos finos. A principal variação existente está na configuração dos canais do rotor, que podem ser retos ou helicoidais. O rotor acanalado helicoidal proporciona vazão de sementes mais uniforme devido ao fato de as sementes serem distribuídas gradativamente pela helicoide e, não em punhados, como no caso do rotor reto.
O mecanismo dosador (um para cada linha) está posicionado no fundo do reservatório de sementes e é acionado por um ou dois eixos (lado direito e lado esquerdo) que atravessam toda a largura do reservatório. A quantidade de sementes a ser distribuída é determinada pelo tamanho da seção do rotor que fica exposta à massa de sementes no reservatório e também pela velocidade de rotação empregada no eixo acionador do rotor.
A profundidade de semeadura é um dos fatores que mais influenciam a emergência e o desenvolvimento das culturas.
Em se tratando de Plantio Direto, controlar a uniformidade da profundidade de colocação das sementes se torna um pouco mais difícil, devido à presença da camada da palha na superfície do solo, que resulta em irregularidades no microrrelevo. Isto se agrava, principalmente, quando a palha não está distribuída de maneira uniforme na superfície do solo.
A determinação profundidade de deposição das sementes no sulco está condicionada aos fatores solo (umidade e características físicas e químicas), sementes, clima e manejo das culturas de cobertura. A semente deve ser depositada em uma profundidade que possibilite um bom contato com a umidade do solo.
A uniformidade no desenvolvimento fenológico das plantas na lavoura é um dos requisitos importantes para otimizar a eficiência do arranjo de plantas no aproveitamento dos recursos do meio. Estandes com emergência uniforme favorecem a formação de plantas homogêneas quanto a sua arquitetura. Plantas com emergência tardia apresentam pequena capacidade de recuperação, contribuindo pouco para a produtividade final da lavoura.
Maiores profundidades de colocação das sementes podem causar dificuldades de emergência das plantas devido ao maior consumo energético das reservas das sementes. Profundidades inferiores a 2cm podem determinar dificuldades na germinação e emergência em situações de baixo teor de umidade no solo e, também, devido ao menor contato da semente com o solo. A profundidade de semeadura é um dos fatores que mais influenciam na uniformidade de emergência das plântulas. Variações na profundidade de semeadura ocasionam diferenças na época de emergência das plântulas. Sementes depositadas mais profundamente possuem geralmente emergência mais lenta do que aquelas colocadas mais próximas da superfície, sob condições favoráveis de umidade no solo.
Na semeadura de grãos finos a profundidade de semeadura deve ficar entre 2cm e 5cm.
Nas semeadoras, existem dois sistemas para determinar a profundidade de colocação das sementes: rodas limitadoras de profundidade, utilizadas em máquinas múltiplas, e aros limitadores de profundidade, geralmente utilizados nas semeadoras de grãos finos.
A ocorrência de plantas dominadas, devido ao atraso na emergência das plântulas provocado por diferenças na profundidade de deposição das sementes, tem relação direta com a qualidade da operação de plantio. Nesse sentido, todos os fatores que influenciam um plantio de qualidade devem receber o máximo de atenção, pois é nessa operação que se determina o número de plantas viáveis que será obtido na colheita.
As semeadoras utilizadas na implantação das culturas de grãos finos possuem um sulcador único para a semente e para o fertilizante, portanto, a deposição das sementes ocorre junto com o fertilizante. Neste caso, o efeito salino dos fertilizantes sobre as sementes é minimizado, uma vez que a concentração do produto nos sulcos de semeadura é baixa em função do menor espaçamento entre linhas de semeadura, ou seja, a dosagem de fertilizante desejada será distribuída em um número maior de linhas. Sendo assim, as linhas distribuem pequena quantidade de adubo, que na maioria das vezes não afetará as sementes.
Predominantemente as dosagens de sementes destas culturas são estabelecidas em kg/ha, portanto, a semeadora deverá distribuir um volume de sementes. Em vista disso, de forma empírica, tem se generalizado a informação de que estas culturas podem ser semeadas em qualquer velocidade que assim mesmo se obterão estandes de plantas satisfatórios. Na verdade, sem uma análise criteriosa da lavoura, em função da necessidade de um elevado número de plantas/m², é possível que, visualmente, obtenham-se estandes adequados, porém, é sabido que altas velocidades de deslocamento na semeadura de grãos finos também afetam a distribuição das sementes, prejudicando a formação da lavoura e a obtenção das populações recomendadas.
No caso das culturas de grãos finos (trigo, arroz, cevada, aveia), as velocidades recomendadas variam entre 6km/h – 8km/h. Quando a semeadora for submetida a altas velocidades de deslocamento durante a operação de plantio, ocorrerá diminuição expressiva na população final de plantas.
Volume de solo mobilizado representa a quantidade de solo que é revolvida após a passagem da semeadora-adubadora, sendo que valores elevados podem proporcionar problemas de perda de solo quando da ocorrência de precipitação após a operação de semeadura, principalmente em áreas declivosas, além de comprometer a continuidade de características físicas desejáveis do solo agrícola sob semeadura direta. O teor de umidade do solo também é um fator que tem influência significativa na mobilização de solo, quando da realização da semeadura.
Outros autores não constataram diferença significativa entre os tratamentos para o rendimento de grãos da cultura do trigo, bem como para os seus componentes de rendimento, peso hectolítrico, nº grãos/espigueta e nº espiguetas/espiga. Alguns autores constataram que o incremento de velocidade de 4,3km/h para 13,5km/h, provocou uma diferença absoluta na produtividade de 607kg/ha. Já os resultados em relação ao percentual de restos culturais presentes sobre a superfície do solo após a semeadura mostram que houve redução significativa no percentual do solo coberto por restos culturais em função do aumento na velocidade de semeadura.
A semeadura é uma operação delicada que não permite erros, e a atenção durante a operação é de extrema importância, pois erros cometidos durante a semeadura são irreversíveis e poderão inviabilizar a produção. O sucesso de uma cultura depende de uma boa semeadura, por isso, atenção especial deve ser dada a esta operação.
A pesquisa recomenda oficialmente as seguintes densidades de semeadura de trigo no Brasil, em função da região produtora:
A densidade de semeadura indicada é de 250 sementes viáveis/m² para cultivares semitardias e tardias e de 300 a 330 sementes viáveis/m² para cultivares médias e precoces. Para cultivares tardias, quando semeadas para duplo propósito (pastejo e colheita de grãos ou somente pastejo), a densidade indicada é de 330 a 400 sementes viáveis/m².
As densidades variam de 60 a 80 sementes por metro ou de 200 a 400 sementes viáveis/m², em função de ciclo, porte das cultivares e, algumas vezes, dos tipos de clima e solo.
A densidade indicada para trigo de sequeiro é de 350 a 450 sementes aptas/m². Em solos de boa fertilidade, sem alumínio trocável, deve-se utilizar 400 sementes aptas/m².
Para o trigo irrigado, a densidade indicada é de 270 a 350 sementes aptas/m².
No caso do triticale, a densidade de semeadura indicada é de 350 a 400 sementes viáveis/m², já para a cevada recomendam-se de 225 a 250 sementes viáveis/m².
Eduardo Copetti, Semeato
Artigo publicado na edição 162 da Cultivar Máquinas.
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