Descompactação do solo com subsoladores e escarificadores

Subsolagem e escarificação são fundamentais para manter produtividade nas lavouras; descompactação com estes implementos também aumenta aeração do solo

09.06.2020 | 20:59 (UTC -3)

A subsolagem e a escarificação são operações fundamentais para manter a produtividade nas lavouras. A descompactação com estes implementos também aumenta a aeração do solo e incorpora restos de cultura.

O solo é o principal suporte da produção agrícola, portanto, todas as práticas realizadas antes da implantação têm significado especial, tudo que venha a melhorar as condições químicas, físicas e biológicas, favorecem o desenvolvimento das culturas, resultando em maiores lucros.

A utilização contínua de máquinas, o pisoteio de animais e as chuvas seguidas de secas favorecem o adensamento do solo, podendo reduzir o desempenho produtivo das atividades agrícolas. Com o passar do tempo o espaço poroso diminui, reduzindo capacidade de aeração e armazenamento hídrico, e neste momento é necessária alguma medida corretiva. Neste momento acontece o preparo do solo; este tem por objetivo melhorar a distribuição física do mesmo, aumentando a capacidade de retenção de água e ar, favorecendo um melhor desenvolvimento radicular.

Recentemente houve uma crescente preocupação dos pesquisadores e agricultores em preservar os recursos naturais, principalmente o solo e a água, para isto o preparo convencional (aração e/ou gradagem) vem sendo substituído por outras operações que desagrega menos o solo e mantém maior quantidade de resíduos vegetais em sua superfície. Assim, apareceram novas tecnologias, como, por exemplo, o preparo reduzido do solo com equipamentos denominados escarificadores. O monitoramento da resistência mecânica à penetração ao longo do perfil do solo é de suma importância, pois permite localizar a camada compactada e, assim, tomar a decisão mais correta sobre qual equipamento utilizar.

Normalmente as máquinas projetadas para revolver o solo pelo método convencional tendem a enterrar os resíduos culturais, ou seja, contra os princípios do sistema conservacionista, neste sentido melhorias têm sido observadas nos últimos anos. Neste sentido, a combinação de sistemas de preparo menos intensivos e a manutenção de resíduos na superfície podem contribuir decisivamente para a sustentabilidade da agricultura. Estudos mostram que com 20% de cobertura vegetal sobre a superfície é suficiente para reduzir as perdas do solo em 50%.

ESCARIFICADORES E SUBSOLADORES

Escarificadores e subsoladores são equipamentos que trabalham a superfície e subsuperfície do solo para promover desagregação de camadas compactadas, a fim de facilitar a penetração de raízes das culturas, da água e do ar, para as camadas mais profundas do solo, sem incorporar a matéria orgânica.

A escarificação é a prática pela qual se rompem camadas adensadas e/ou compactadas formadas no interior do solo, causada pelo tráfego intenso de máquinas, pisoteio animal e operações de preparo do solo, com uso de arados e grades, atuando em menor profundidade (até 30cm).

Alguns autores diferenciam as operações de subsolagem da escarificação por meio da profundidade de trabalho. Para profundidades entre 5cm e 15cm tem-se a escarificação superficial; para valores de 15cm a 30cm, escarificação pesada e para profundidades maiores que 30cm, tem-se a subsolagem (podendo chegar a profundidade de até um metro). É bom salientar que a profundidade não é a única e nem a principal diferença entre subsoladores e escarificadores. Os escarificadores podem ser considerados implementos para o preparo do solo, substituindo o arado e a grade, enquanto que os subsoladores são utilizados para romper camadas compactadas a profundidades maiores.

Devido ao fato de trabalharem a maiores profundidades, os subsoladores são equipamentos que exigem alto consumo energético para sua utilização, provavelmente o maior entre as operações agrícolas, tornando sua operação mais onerosa. Por isso, é preciso ter certeza da necessidade de se fazer a subsolagem, o que pode ser feito observando o perfil do solo no local a ser trabalhado, com uso de penetrômetros ou penetrógrafos ou por meio de análises físicas do solo, como teor de água, densidade e granulometria.

Os escarificadores são implementos agrícolas de hastes robustas e pontiagudas, presas a um chassi de duas ou três barras, que revolvem pouco o solo, sem destruir seus agregados. São equipamentos de uso relativamente recente entre os agricultores, que, entretanto, vêm tendo sucesso junto àqueles que se preocupam em elevar a produtividade, evitando ao mesmo tempo a compactação do solo e a erosão.

Dentre as vantagens dos subsoladores está a facilidade de penetração, e sua limitação é a alta demanda de potência por haste (exige tratores com maior fonte de potência), não devendo ser utilizados em solos com alto teor de água, o que resultará em um elevado consumo horário de combustível.

Subsolador
Subsolador

Escarificador
Escarificador

CONSTITUIÇÃO DOS ESCARIFICADORES E SUBSOLADORES

A barra porta-ferramentas, também denominada de chassi, é o local onde são fixadas as hastes, podendo apresentar formato de quadro ou angular. É importante que as hastes não sejam fixas para que, em função das condições operacionais, o espaçamento entre hastes possa ser variado. A distribuição das hastes (independentemente do tipo de chassi) deve ser feita de maneira que a haste que abre o primeiro sulco não fique na mesma posição transversal que a haste que abrirá o segundo sulco paralelo. Desta forma, há formação de um vão livre entre as hastes, de maneira que não haja acúmulo material, permitindo a ação da ponteira no solo.

A haste constitui-se de uma barra de aço plana, com espessura entre uma e duas polegadas, equipada com molas tensoras ou dispositivos de segurança que se rompem com sobrecarga, sendo fixadas por meio de sistemas deslizantes, permitindo regulagem variável do espaçamento entre as mesmas. As hastes podem ter os seguintes formatos: Reta vertical: faz com o solo um ângulo a 90°; Reta inclinada: faz com o solo um ângulo de 30°, 45° ou 60°; Curva e Parabólica (Figura 1). A exigência da demanda de potência do trator ou por haste diminui na sequência, iniciando-se pela haste reta, reta inclinada, curva e parabólica.

Figura 1 - Tipos de hastes de escarificadores/subsoladores
Figura 1 - Tipos de hastes de escarificadores/subsoladores

A ponteira é o órgão ativo do subsolador e do escarificador, esta se desloca sob a superfície do solo à frente da haste, promovendo o seu rompimento. A largura da ponteira determina a profundidade ideal de trabalho; deve-se trabalhar na profundidade de cinco a sete vezes a largura da ponteira em uso; ao se trabalhar em profundidade maior que a aceitável não haverá um rompimento tridimensional do solo.

As ponteiras podem ser com asa ou sem asa. As ponteiras sem asa variam de quatro a oito centímetros de largura, devem possuir um ângulo de ataque entre 20º e 25°. As ponteiras com asa possuem largura acima de 8 centímetros, possibilitando um trabalho a maiores profundidades, suas principais dimensões são: ângulo de abertura, ângulo de envergadura e largura de envergadura.

A regulagem de profundidade deve ser feita ajustando a altura das rodas de controle, estas podem ser de aço ou pneu. Nos subsoladores montados, que são acoplados ao sistema hidráulico de três pontos, a profundidade de trabalho deve ser regulada apenas pela roda limitadora de profundidade, liberando todo o sistema hidráulico do trator, para evitar possíveis sobrecargas.

Os tipos mais comuns de escarificadores e subsoladores são os de arrasto e montados, porém, existem ainda os vibratórios, em que as hastes oscilam no sentido transversal por meio de um eixo excêntrico motriz montado no chassi e acionado pela TDP. Estes equipamentos reduzem o esforço de tração em mais de 30%, desde que a frequência de vibração da ferramenta coincida com as frequências naturais do solo.

OPERAÇÃO E REGULAGEM

Para realizar uma operação adequada, são necessárias algumas considerações, conforme veremos a seguir.

Profundidade de subsolagem

A profundidade de subsolagem deve ser escolhida em função da localização da camada compactada ou adensada no perfil do solo. Normalmente adota-se como profundidade de subsolagem 5cm a 10cm abaixo da camada compactada, não devendo ultrapassar cinco a sete vezes a largura da ponteira, o que é denominado profundidade crítica. Para profundidades maiores que a crítica, não ocorre aumento significativo de área mobilizada, causando compactação do solo e ainda um aumento significativo da demanda de potência por hastes.

Número de hastes

O número de hastes de um sulcador dependerá da disponibilidade de potência do trator para executar a tração, porém, a eficiência energética e operacional cresce com o aumento do número de hastes.

Ponteira com asas.
Ponteira com asas.

Ponteira sem asa.
Ponteira sem asa.

Espaçamento entre hastes

O espaçamento entre hastes é um parâmetro operacional muito importante, pois influi diretamente na largura de corte total do equipamento (número de hastes multiplicado pelo espaçamento entre hastes) que, por sua vez, é diretamente proporcional à capacidade de campo. Para um subsolador com ponteiras sem asas, o espaçamento entre hastes na faixa de 1 a 1,5 vez a profundidade de trabalho. No subsolador com ponteiras com asas, o espaçamento deve ser de 1,5 a 2 vezes a profundidade de trabalho.

Velocidade de trabalho

Os valores adotados na prática para a operação de subsolagem estão na faixa de 2km/h a 6km/h, porém, depende da unidade motora a ser utilizada. A capacidade de campo é influenciada pelo aumento e diminuição da velocidade.

As operações de subsolagem e escarificação exigem grande esforço na barra de tração, o que, às vezes, torna necessária a adição de peso (lastros) ao trator. Para uma adequada lastragem devem ser observados os limites de carga indicados pelo fabricante para cada medida de pneu e, também, as características do trator. Caso isso não seja observado poderão ocorrer diminuição da capacidade de trabalho do trator, redução da velocidade, aumento do consumo de combustível, aumento da patinagem e o desgaste da banda de rodagem.

Dentre as vantagens dos subsoladores está a facilidade de penetração e uma das limitações é a alta demanda de potência por haste, que exige tratores maiores. No entanto, são capazes de resolver solos altamente compactados.
Dentre as vantagens dos subsoladores está a facilidade de penetração e uma das limitações é a alta demanda de potência por haste, que exige tratores maiores. No entanto, são capazes de resolver solos altamente compactados.

Dentre as vantagens dos subsoladores está a facilidade de penetração e uma das limitações é a alta demanda de potência por haste, que exige tratores maiores. No entanto, são capazes de resolver solos altamente compactados.
Dentre as vantagens dos subsoladores está a facilidade de penetração e uma das limitações é a alta demanda de potência por haste, que exige tratores maiores. No entanto, são capazes de resolver solos altamente compactados.

Vantagens e limitações dos escarificadores

No caso dos escarificadores, as vantagens são: desagrega menos o solo do que o preparo convencional com arado e grade; deixa resíduos de palha na superfície (70%); quebra as camadas compactadas que ocorrem nos solos mecanizados entre 10cm e 25cm de profundidade; aumenta a infiltração e a capacidade de retenção de água no solo; diminui sensivelmente os riscos de erosão pela menor desagregação do solo e pelos resíduos que ficam na superfície, bem como pela maior infiltração de água.

Ressalta-se, ainda, que não existe a formação do chamado pé de arado ou pé de grade, possuindo maior rapidez do trabalho em relação ao arado, economia de combustível, fácil regulagem e desenvolvimento da operação a campo.

Dentre as limitações, pode-se destacar o fato de serem impróprios para áreas com touceiras de gramíneas ou altamente infestadas com plantas daninhas, menos eficientes no controle de plantas daninhas em comparação com o arado e a pouca adequação para áreas novas, cheias de tocos e raízes.

Acessórios para escarificadores e subsoladores

Os subsoladores ou escarificadores podem apresentar alguns acessórios, tais como:

Torpedo: de formato tronco-cônico colocado na parte traseira inferior da haste do subsolador. Forma um túnel (galeria), funcionando como drenos subterrâneos em terrenos de várzeas, os quais podem permanecer de sete a oito anos. O diâmetro varia de 3cm a 20cm.

Disco de corte: indicado para escarificadores e subsoladores com chassi quadrado ou retangular. É posicionado na frente das hastes para evitar embuchamentos em áreas com restos vegetais.

Rolo destorroador: utilizado nos escarificadores, tem a função de destorroar e nivelar o solo, localiza-se atrás das hastes, substitui, em parte, a grade niveladora. 


Tiago de Oliveira Tavares, Murilo Aparecido Voltarelli, Carla Segatto Strini Paixão, Adão Felipe dos Santos, Rouverson Pereira da Silva, Lamma/Unesp Jaboticabal


Artigo publicado na edição 162 da Cultivar Máquinas. 

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