Controle de percevejos em soja
Manejo deve acompanhar evolução do cultivo, principalmente considerar o aumento das populações da praga, dificuldades de controle, danos que produzem e alto valor da soja
A utilização de cultivares adequadas à região em que ocorrerá o plantio de trigo é o primeiro passo para que o produtor possa obter sucesso em sua lavoura. Contudo é preciso considerar sempre a forte dependência do manejo adotado pelo produtor e das condições ambientais durante o ciclo.
O trigo (Triticum aestivum L.) é o segundo cereal mais produzido no mundo, com uma produção mundial de 729.5 milhões de toneladas na safra 2015 (FAO, 2016). E para que a produção de grão de trigo atinja patamares elevados nas mais diversas regiões do mundo é necessário que as cultivares se adaptem às condições tecnológicas das propriedades, com isso, faz-se necessário que as cultivares sejam avaliadas em todos os ambientes. Além disso, deve-se considerar que o consumo brasileiro de trigo está estagnado em 10,5 milhões de toneladas. No entanto, a produção nacional nunca ultrapassou 6 milhões de toneladas. Evidenciando o problema de um país essencialmente agrícola, como o Brasil, dependente da importação de aproximadamente 50% do volume utilizado do cereal no território brasileiro (CONAB, 2016).
Dentre os principais motivos mencionados para essa baixa produção nacional, cita-se a restrita área de cultivo desse cereal em âmbito nacional, que segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab, 2016) concentrou-se em 90% na região Sul do País na safra 2015. Essa concentração de produção deve-se ao fato dessa cultura caracterizar-se como um das únicas com rentabilidade econômica no período de inverno para essa região. No entanto a expansão dessa cultura para o Brasil central vem sendo objeto de vários estudos desde à década de 70 (TOMASINI, 1982; AMORIN et al., 2006; TRINDADE et al., 2006), e vários destes encontraram resultados satisfatórios. Todavia o lento incremento de área da cultura no centro-oeste brasileiro deve-se à fatores culturais por parte dos produtores, e principalmente pela menor rentabilidade do trigo quando comparada a outras culturas potencialmente concorrentes para a região central no Brasil. Entretanto, além da área restrita, a baixa produtividade das lavouras nacionais intensificam o problema da pequena produção interna. Ressalta-se que as lavouras tritícolas brasileiras obtiveram na safra 2015 uma produtividade média 2206 kg/ha (CONAB, 2016) valor muito inferior à média das lavouras europeias no mesmo ano safra, 5170 kg/ha (MARS, 2016), o que evidencia a baixa eficiência do triticultura no Brasil. Dentre os fatores que proporcionam um aumento de eficiência e competitividade da triticultura nacional, Embrapa (2011) destaca algumas práticas de manejo cruciais para a obtenção do sucesso com a lavoura. Começa pelo cumprimento dos períodos de semeadura indicados pelo zoneamento agrícola, seguido por investimentos em fertilidade e por uma qualidade de semeadura, considerando aspectos como espaçamento, profundidade e densidade. Além disso, deve-se realizar um minucioso manejo de plantas invasoras, doenças, pragas e adubação nitrogenada de cobertura. Salienta-se que para um sucesso nos manejos, é de extrema importância a escolha correta da cultivar de exploração, afim de expressar a máxima produção frente aos manejos adotados e observando as peculiaridades edafoclimaticas de cada região.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa/2016) o Brasil dispõe de 244 cultivares de trigo, adaptadas às mais diversas condições climáticas, e com os mais distintos propósitos de cultivo. O que torna obscura a decisão da escolha da cultivar mais adequada. Mediante isso, faz-se necessário a realização de experimentos com amplitude de condições ambientais e com várias cultivares (CARGNIN et al., 2006), a fim de identificar o melhor genótipo para cada condição em particular.
Partindo da inferência de que um dos principais pilares para o sucesso da produção de trigo é a escolha certa da cultivar. Buscou-se com o presente texto realizar uma explanação seguida por discussão, a respeito de diferentes cultivares de trigo e alguns de seus componentes de produtividade para a região Central do estado do Rio Grande do Sul, afim de auxiliar os produtores na decisão da escolha da cultivar para a safra sequente.
O experimento foi realizado na área experimental do departamento de Fitotecnia do Centro de Ciências Rurais, localizada no campus da Universidade Federal de Santa Maria. Neste, utilizou-se 15 cultivares de trigo, sendo todas semeadas no dia 03 de julho de 2015. A semeadura ocorreu sob condições ideais de umidade no solo, utilizando uma semeadora adubadora previamente regulada para distribuir 300 sementes por m-² a 340 sementes por m-², com espaçamento de 0,2 metros, e 300 kg/ ha de fertilizante da fórmula comercial 05-20-20, conforme necessidade prevista pela análise de solo. Seguido a isso, realizou-se a adubação nitrogenada em cobertura, dividida em duas parcelas totalizando 110 kg /ha. As variáveis analisadas foram número de plantas por m-2, número de espigas por m-2, massa de mil grãos, massa de hectolitro e produtividade. Analisando os dados de número de plantas por m-² e espigas por m-² (Gráfico 1), observa-se que para a característica número de plantas por m-², destacam-se como superiores as cultivares Mestre (344 plantas m-²) e TEC 6219 (343 plantas m-²) em relação à demais cultivares.. No que diz respeito ao número de espigas por m-², observou-se (Gráfico 1) que a cultivar TEC 6219 (389 plantas m-²) sobressaiu-se às outras. Esse fato deve-se principalmente ao grande número de plantas por m-² dessa cultivar. A cultivar Ametista (389 plantas m-²) foi a única a ter um número de espigas menor que o número de plantas. Isso deve-se, possivelmente, à morte de algumas plantas por fatores bióticos ou abióticos, ou então, algumas plantas não produziram espigas por algum estresse causado à elas. Todavia, salienta-se que o número de espigas por m-² é uma característica ditada principalmente pelo afilhamento do trigo. Este, no entanto, é fundamental para que se obtenha a uniformização das áreas em que houve problemas de semeadura ou germinação/emergência das plantas. Segundo VALÉRIO (2009), o afilhamento é uma característica responsiva à um conjunto de fatores, englobando genética, disponibilidade de luz e água, densidade de semeadura, nutrição entre outros.
O gráfico 2 apresenta os valores referentes à produtividade e massa de hectolitro (MH) (kg/hl). A massa de hectolitro caracteriza-se como uma medida indireta do rendimento farináceo no momento da moagem. Esse valor representa a quantidade de reservas em relação às camadas envolventes, juntamente com a acomodação do amido e proteínas nas células do endosperma. Assim, utiliza-se essa medida pela sua rapidez e simplicidade de determinação, respondendo como uma avaliação indireta da qualidade dos grãos (MUNDSTOCK, 1999). No Brasil, o trigo é comercializado utilizando-se como valor de referência, MH igual a 78 kg/hl. No entanto, características varietais, grãos mal formados e impurezas no lote determinam um baixo valor de MH. Outro fator adverso à MH são chuvas no momento da colheita, o que segundo (MUNDSTOCK,1999) baixam a MH progressivamente e substancialmente em um curto espaço de tempo.
Observa-se (Gráfico 2) que mesmo a cultivar BRS 327 (72 kg/ hl), que obteve maior valor de MH, não alcançou o valor básico considerado, 78 kg/ hl , o que evidencia o grave problema de elevadas e sequentes precipitações pluviométricas no momento da colheita, na primeira quinzena de outubro de 2015.
Analisando os valores de produtividade, observou-se que a cultivar BRS 327 (3056 kg/ ha) obteve resultado superior às demais. Essa cultivar também fez parte do grupo de cultivares com produtividade superior no Ensaio Estadual de Cultivares de Trigo no ano 2014 referente à região central do Rio Grande do Sul (AIRES et al., 2015). Todavia, destaca-se que a produtividade é uma característica quantitativa com forte controle genético, acarretando em uma alta dependência do manejo adotado pelo produtor e das condições ambientais durante o ciclo.
No entanto, ao comparar-se a média de produtividade do experimento com a média do Rio Grande do Sul na mesma safra, observa-se uma superioridade do experimento de 47% (CONAB, 2016).
No que diz respeito à variável massa de 1000 grãos, pode-se observar (Gráfico 3) que as cultivares Sintonia (35,5 g), Prisma (35,3 g) e BRS 327 (34,45 g), sobressaíram-se às demais. Todavia, salienta-se que esse componente sofre forte influência pela fotossíntese que a planta realiza através dos seus órgãos verdes. Assim, enfatiza-se a importância da sanidade da planta desde o início de seu desenvolvimento. Além disso, destaca-se que essa variável tem elevado grau de importância para a indústria, que a utiliza para fins de classificação do grão, com o propósito de homogeneizar os lotes e garantir a menor perda pelas máquinas. (GUTKOSKI et al., 2007).
Por fim, ressalta-se que um ambiente propício conjuntamente à um bom manejo cultural e fitossanitário proporciona as condições ideais para a máxima expressão da cultivar. No entanto, para isto, é de extrema importância a escolha correta da cultivar de exploração para cada região. A partir dos dados apresentados, infere-se que as cultivares, dentre as testadas, mais aptas ao cultivo para região central do Rio Grande do Sul, são BRS 327, Quartzo, Toruk, Iguaçu e Parrudo, por apresentarem maior produtividade de grãos e terem obtido uma massa de hectolitro satisfatória, levando em conta as adversidades climáticas no momento da colheita. Contudo é preciso sempre ter em mente o forte controle genético que é imposto à produtividade, acarretando a esta uma alta dependência do manejo adotado pelo produtor e das condições ambientais durante o ciclo.
Luiz Fernando Teleken Grando , Luiza Kohler Durlo, Alex TagliaPietra Schonell, Thomas Newton Martin, UFSM
Artigo publicado na edição 205 da Cultivar Grandes Culturas.
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